Literatura

Resenha: “Relicário da Maldade” – Jefferson Sarmento

Recebi o livro Relicário da Maldade no finalzinho do ano passado, mas até agora não havia tido coragem para pegá-lo para ler. Não digo coragem no quesito de medo, até porque é bem difícil um livro de terror me deixar receosa e com vontade de dormir com as luzes acesas. Mas digo coragem no sentido de que ainda não me sentia preparada para embarcar nessa história que, aliás, tinha tudo para me agradar.

E acredito que esperei o tempo certo porque quando o peguei para ler foi uma surpresa muito agradável. E claro, não foi diferente do que eu já esperava, pois tive uma ótima experiência de leitura e me senti conectada aos personagens, louca para viver junto com eles todas as travessuras e encrencas que já estavam previstas por seus atos.

Antes de iniciar propriamente a resenha, não posso deixar de comentar sobre essa capa excelente e belíssima, que combina perfeitamente com a trama da história. Nós conseguimos ver essa semelhança logo no primeiro capítulo, o que me deixou ainda mais fascinada com o livro.

Título: Relicário da Maldade
Autor: Jefferson Sarmento
Quantidade de páginas: 271
Editora Transversal
Gênero:
 Ficção / Terror
Ano: 2019
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Compre: Amazon | Transversal
Minha classificação: ★★★★★ (5/5)
* Livro cedido pelo autor

E se a sua curiosidade libertasse um mal terrível a ponto de colocar toda a Cidade em risco?

Dona Augusta Dummont morreu. A falecida era uma idosa respeitada e admirada por toda a Cidade. Desde que morreu, uma chuva incensante persiste em cair todos os dias no local, demostrando como a população permanece em luto após essa grande tragédia e perda.

Alguns dias após ao enterro, três garotos pré-adolescentes, Nelson, Júlio e Daniel, decidem adentrar na casa da falecida e descobrir o que há no porão da casa abandonada, já que ter um porão na Cidade é algo único e raro. Dentro do cômodo os amigos encontram uma porta secreta que guarda um relicário bonito e antigo, o qual contém várias fotos antigas dentro de si; fotos essas que remetem aos cidadãos da Cidade.

Para a surpresa dos garotos, algo terrível irá acontecer quando, curiosos, decidem tirar as fotos do baú para analisar mais de perto os rostos familiares. É claro que eles não sabem – afinal, como poderiam saber? -, mas o relicário é na verdade um objeto que guarda toda a maldade do povo que habita a Cidade, sendo assim um grande risco caso volte para a realidade. Porém será que eles conseguirão reverter o problema que acabaram de soltar ao ar livre?

A história se passa durante os anos 80, e por isso traz muitas referências e inspirações de obras e filmes de terror da época, dando ao leitor um gostinho dos clássicos preferidos e resultando, para alguns, em um poço de uma ótima nostalgia.


“O que posso te dizer é que as pessoas escondem as perversidades mais impossíveis por trás das nossas máscaras de convívio, doutora.”

A letra pode até parecer ser pequena, mas isso não impede a fluidez da leitura. A diagramação está bonita, com um mapa da Cidade no início do livro e um índice.

Muito terror nos anos 80!

Gostei muito do livro! Logo no primeiro capítulo já me senti apreensiva com o que ia acontecer e fiquei intrigada em como seria o desenrolar das travessuras dos protagonistas, e isso foi ótimo, pois me manteve tensa e curiosa desde o princípio.

Exatamente por isso a leitura fluiu muito bem, pois a cada capítulo eu ficava com mais vontade de saber o que aconteceria no próximo, sem querer largar a leitura por nenhum segundo. A surpresa por causa dos acontecimentos era inevitável, me fazendo ficar em choque com as futuras revelações.

Ter um terror ambientado nos anos 80 é um presente para qualquer fã do gênero, e isso não poderia ter sido diferente para mim. Eu adorei as referências, adorei o fato de os protagonistas serem pré-adolescentes (sem se tornarem chatos ou com atitudes burras) e também adorei todo o desenrolar da história. E assim como os clássicos, a narração do livro também traz cenas fortes e explícitas, com bastante descrição e gore, o que particularmente me agrada.

Quando estava nas últimas páginas eu sentia que tudo ainda podia continuar dando errado, já que a história toda é uma sucessão de coisas dando errado e transformando-se em grandes catástrofes, mas gostei muito como o autor contornou a situação e fez tudo se encaixar perfeitamente.

Outro ponto positivo por trás do livro é ter a própria Cidade como um personagem, um protagonista. O autor descreve e dá atenção a vários cidadãos importantes e essenciais para a trama, sem deixar que isso fique repetitivo ou enjoativo. Muito pelo contrário, pois essa parte da narração nos deixa curiosos para saber ainda mais sobre outros habitantes do lugar e também sobre seus segredos, já que não é apenas o baú que reserva uma gama de mistério.

Porém, mesmo tendo gostado bastante do livro e me divertido com a leitura, uma passagem em específico me incomodou demais, quando o narrador ao se referenciar as feministas utiliza um exemplo que, ao meu ver, foi desnecessária e desconfortável, mas que tentei deixar de lado para não julgar ou perder o envolvimento com a leitura.

Apesar desse detalhe, a leitura fluiu muito bem e me deixou querendo mais dessa Cidade e seus segredos. Sei que para alguns, assim como para mim, é difícil relevar certas coisas, mas peço que não deixem de dar uma chance para o livro por conta do que ressaltei acima, pois o livro traz um tema bastante pertinente e que gera debates frutíferos, como, por exemplo, o que aconteceria se você tirasse todo o mal de dentro de uma pessoa? E melhor ainda: uma pessoa pode viver sendo 100% boa? Isso faz bem para ela mesma? Uma leitura que vale a pena, principalmente se você já é fã de terror e das obras clássicas oitentistas.


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6 thoughts on “Resenha: “Relicário da Maldade” – Jefferson Sarmento”

  1. Oiii flor!! Tudo bem??
    Terror não é muito o meu estilo de leitura mas com todas essas pitadas de mistério fiquei super curiosa e interessada em conhecer mais sobre essa história! A capa realmente é muito linda!! Parabéns pela resenha e obrigada pela dica! 🙂

    1. Eu amo essa capa e o que ela representa para a história, pois basicamente está tudo ali! Uma pena que não goste do gênero, mas se gosta de um mistério arrisque mesmo assim. É uma obra que, com toda a certeza, deveria ser mais conhecida pelos leitores.

  2. Com certeza, eu seria o personagem curioso que despertaria tudo que existe de ruim hahahahah
    Gostei da premissa, achei a capa linda e não conhecia o livro.
    Sua resenha despertou o meu interesse pela leitura

    1. Eu até que sou curiosa, mas não a ponto de mexer em algo que me dá calafrios, então só estaria ali observando, hahahaha. É uma ótima pedida se você gosta do gênero e estilo. 😀

  3. Você tem toda razão, essa capa é maravilhosa e só por isso eu já iria querer comprar. Adorei a premissa porque parece a minha cara se meter em enrascada pela curiosidade. Amei a resenha e me sinto mais do que disposta a conhecer essa história melhor.

    1. Oi, Camila!
      Que legal saber que você se interessou pelo livro, espero que dê mesmo uma oportunidade a leitura. Tenho certeza que você irá se identificar com os personagens e ainda sentir muitos calafrios junto com eles.

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