Ano passado eu li um conto da Lia Cavaliera e me apaixonei pelo o seu modo de contar histórias de terror. Como muitos já devem saber, terror é o meu gênero preferido e é exatamente por isso que sempre estou à procura de autoras, sejam nacionais ou de fora, para compor a minha lista de leituras.

Encontrar as obras da Lia foi um grande achado, tanto por ser uma mulher escrevendo terror como também por ser nacional. No ano passado eu também apoiei um projeto que a autora fez no Catarse e não vejo a hora para ter o livro em mãos e poder desfrutar de uma história mais longa dela.

Por enquanto temos dois contos disponibilizados de maneira independente na Amazon, e assim já indico que vocês os confiram e os divulguem para que mais pessoas possam conhecer o trabalho da Lia. Agora, sem mais delongas, vamos a resenha desse segundo conto que li da autora.

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O coração que deseja…
pode ter aquilo que quer?

Aiyra tem apenas 12 anos quando é encontrada sozinha na beira de uma estrada à noite. Assustada e com medo, logo a garota é levada pelos desconhecidos até um local seguro, deixando-a aos cuidados de três policiais e um enfermeiro.

Porém o que mais agoniza dentro do coração de Aiyra é não saber onde a sua mãe está. E por isso ela implora para os policiais e para o enfermeiro irem naquele mesmo instante ao local onde ela foi encontrada para procurarem pela sua mãe. Assim eles confiam na palavra da menina e vão, no meio de um breu, atrás da mulher desaparecida, sem saber em nenhum momento o que realmente aconteceu com Aiyra.

Com uma narração em 3° pessoa, o conto gera um mistério sobre o que aconteceu com Aiyra e sua mãe desaparecida; o que realmente acarretou para que a garota fosse encontrada sozinha no meio do escuro. E isso por si só já é o bastante para instigar o leitor e deixá-lo curioso pelo desfecho que, particularmente, me surpreendeu bastante.

“É nosso dever livrar o mundo dos maus.”

Dê uma chance para a história de Aiyra!

Gostei do conto e como a autora brincou com a surpresa da revelação final, já que como eu não havia lido a sinopse não esperava por nada que aconteceu. O suspense que se mantém durante toda a narração nos deixa apreensivo e nos surpreende quando a história vai por um rumo inesperado e fascinante, o qual explora um tema que não leio com frequência.

Inclusive, ao meu ver, o final ficou em aberto, dando brechas à várias teorias que podem surgir para cada leitor. Falando a minha opinião brevemente sem dar nenhum spoiler, eu acredito que a Aiyra não conseguiu o que desejava, pois se tornou aquilo que deveria combater: uma pessoa malvada. Se você já leu esse conto, por favor, deixe nos comentários qual é a sua visão sobre o desfecho de Aiyra.

Porém, por mais que eu quisesse ter sentido mais uma atmosfera de terror e medo, acredito que é um bom conto para aqueles que têm medo de ler coisas assustadoras, mas que querem arriscar no gênero. Até porque a história não se baseia em medos ou anseios, mas, sim, no desejo latente de Aiyra conseguir o que quer após ter uma infância sofrida e desgostosa. Sendo assim um terror mais leve dos habituais que geralmente leio.

Eu gosto muito da escrita da Lia e em como ela deixa a narrativa tão fluida e rápida de se ler, então por si só já foi uma ótima experiência ler esse conto. Minha única ressalva é que realmente eu esperei por mais terror, mas, mesmo assim, no geral foi uma leitura que me agradou e que me deixou curiosa por mais.

A autora é um dos nomes de terror nacional contemporâneo que tenho o prazer de acompanhar e admirar, e por isso, com toda certeza, lerei os seus próximos trabalhos. Por isso, se você gosta de uma leitura rápida, mas com um enredo completo e fechado, O Coração Que Deseja é recomendadíssimo para você.

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