Literatura

#Clarice-se: A Criada (OUTUBRO)

Reprodução: Google
A Criada
Autora: Clarice Lispector
Minha classificação:  (3/5)
O conto
Eremita é uma jovem simples: aos 19 anos de idade trabalha como criada na casa dos outros e aprisiona a sua inteligência para ninguém ter conhecimento. É uma garota que tem pensamentos, opiniões e sabedoria, mas que não utiliza-as para nada. É gentil, honesta e profunda, mas não se posiciona para nada. É uma pessoa vazia que se entrega apenas para a vastidão


A narração é em 3º pessoa, sendo assim uma visão “de fora” sobre Eremita, uma personagem simples, mas que quando analisada mais a fundo traz grandes reflexões pessoais e sobre a vida. É uma personagem que causa desconforto e, ao mesmo tempo, identificação, fazendo com que o leitor saia da zona de conforto e encare a si mesmo. Tudo exposto de uma maneira simbólica e característica da Clarice.

“Mas serviria mesmo? Pois se alguém prestasse atenção veria que ela lavava roupa – ao sol; que enxugava o chão – molhado pela chuva; que estendia lençóis – ao vento. Ela se arranjava para servir muito mais remotamente, e a outros deuses. Sempre com a inteireza de espírito que trouxera da floresta. Sem um pensamento: apenas corpo se movimentando calmo, rosto pleno de uma suave esperança que ninguém dá e ninguém tira.”


Minha opinião
Ao meu ver, é um conto simples de ser lido, mas que pode passar muitas sensações para cada leitor. Acredito que a interpretação possa variar principalmente entre as mulheres. Eu vi na Eremita alguém que não consegue, ou não quer, mostrar todo o seu potencial ao mundo, seja por medo, insegurança ou qualquer outra coisa. Alguém que está conformado com o que tem e que não quer mudanças em sua vida, ou pelo menos não quer correr atrás para que haja uma. Vi uma mulher que se esconde atrás de um avental para não se “expor”, não se mostrar como é. Não expor sua inteligência, sua vivência de mundo e seus ideais. Ela apenas vive em prol do que já está acontecendo ao seu redor, sem dar um passo para mudar.


Quantas vezes já deixamos de falar algo por medo do que os outros poderiam pensar? Quantas vezes já engolimos desaforos porque não queríamos nos expor ou causar ainda mais intrigas? Quantas vezes deixamos de expressar nossa opinião para não sermos atacadas ou, até mesmo, violentadas verbalmente? Quantas vezes nós não fomos mais Eremita e menos nós? Quantas vezes fomos deixadas ser aprisionadas em uma casca que não é nossa? Deixemos de ser Eremita e sejamos apenas nós, quem queremos ser, quem devemos ser, quem somos.


Você pode encontrar o conto A Criada no livro Todos os Contos – Clarice Lispector, da editora Rocco, e também na edição de Felicidade Clandestina, da mesma editora. Espero vocês no grupo Clarice-se para participar conosco dos debates e interpretações dos escritos da autora. Vamos conhecer mais a fundo essa autora que tanto influenciou (e continua influenciando) a Literatura Brasileira e os novos autores nacionais.

Participe do grupo!

14 thoughts on “#Clarice-se: A Criada (OUTUBRO)”

  1. Oi tudo bem?
    Aquele momento da vergonha onde eu nunca li nada da autora hahaha! Parece ser um conto bem simples e gostosinho de ser lido mas que ao mesmo tempo nos inspira, quando finalmente der uma chance as obras da Clarice irei ler esse sim!

    Beijos

    1. Sim! É um conto simples e rápido, mas que pode te trazer muita identificação. Eu aconselho a começar por esses menores que não necessitam de mais conhecimento da escrita da autora. Fica mais fácil. Espero que leia logo e que goste tanto quanto eu.

  2. Oi. Eu li muito a Clarice na faculdade, a autora que mais estudamos do ponto de vista da Teoria Literária junto com Nelson Rodrigues. Eu já li tudo que ela escreveu, e sempre fico mais encantada com os possíveis significados de suas palavras, que, ao meu ver, exige em demasia do leitor, o legal da Clarice é que a interpretação também muda com a experiência de vida, etc. P livro em questão, tenho, mas ainda não resenhei no blog. Estou pensando em fazer isso para 2018.

    1. Esse livro é lindo, né? Estou apaixonada por ele e me segurando para não ler todos os contos de uma vez só, hahaha. Infelizmente eu quase não vi sobre a Clarice na faculdade, as pinceladas sobre os autores foram superficiais e "por cima", não explorando mais a fundo seus textos. Senti falta disso, pois era o que eu mais esperava do curso que escolhi. O jeito é ler e tentar interpretar sozinha, né? Mesmo que não seja exatamente o que a autora quis passar.

  3. Que massa! Eu não sabia do grupo, para começar, vou participar com certeza. Segunda coisa, ainda não comprei o livro, mas já li muito, muito de Clarice e amo de paixão! Parabéns pela postagem, pela divulgação e partiu leitura! Beijos!

    Carolina Gama

  4. Oi, tudo bem?
    Eu não sabia do grupo ainda, mas achei a proposta interessante.
    Confesso que ainda não senti curiosidade para conhecer a obra da Clarice, mas acho que é uma questão de momento. Sei da importância dela para a literatura e pretendo um dia ler pelo menos algum conto dela.
    De qualquer forma, adorei a sua resenha e, se algum dia resolver ler algo dela, vou levar sua dica em consideração.
    Beijos!

  5. eu sou louca pra ter essa edição de Clarice,ela é maravilhosa… esse conto me parece ser muito bom, e as reflexões que ele levanta são importantes… que projeto lindo, até o momento não sabia dele…
    bjs 😀

  6. Olá, Thainá! Sou uma apaixonada pela obra de Clarice. Parabéns por essa sua iniciativa. Clarice é um ícone muito significativo. Temos que divulgá-la, sim! Ah, talvez você goste do livro “Espelhos”, de minha autoria, pela Editora Pasavento. Abraço. Vilma Fidalgo Del Ry.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *