Resenha: “O palhaço no milharal” – Adam Cesare

É sempre engraçado quando a gente escolhe um livro de forma despretensiosa, só para ler o primeiro capítulo por curiosidade, e ele acaba se tornando uma das melhores leituras do ano, mesmo que eu tenha o lido lá em fevereiro. O palhaço no milharal foi desses livros que chegou de mansinho, mas me arrebatou de uma vez, causando surto atrás de surto durante a leitura.

Inclusive, depois que descobri que já tem o segundo publicado lá fora, não consigo pensar em como ainda não temos essa continuação aqui. Indo além, ainda não aceito que não tenha mais livros do autor publicados em português, porque eu preciso conhecer todas as suas narrativas a partir de agora!

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Quem está por trás da máscara de palhaço?

Quinn Maybrook acaba de se mudar para Kettle Springs com seu pai. Ele é médico e os dois precisam recomeçar a vida em um novo lugar. Porém, nessa cidade pequena que tem como mascote um palhaço, houve um acidente envolvendo os adolescentes dali um ano atrás.

Sem querer, Quinn se envolve em uma situação na escola nova junto com esses jovens problemáticos que gostam de fazer pegadinhas e colocar no Youtube, o que a faz se aproximar deles. Consequentemente, também a faz sair com eles e a estar um dia em uma festa no meio do milharal com todos os jovens da cidade. Ela só não esperava que naquela noite seria obrigada a lutar pela sua própria vida, pois a diversão se tornou uma guerra por sobrevivência.

Nesse momento, surgem muitas dúvidas: em quem é possível confiar e quem são aquelas pessoas com máscaras de palhaço que estão massacrando todos na festa? Assim como Quinn (e junto com ela), nos encontramos em uma cidade nova, cercada por desconhecidos. Todos são suspeitos e tudo é possível nessa carnificina.

Além do terror e do gore, perfeitamente mesclados a escrita descritiva, O palhaço no milharal entrega dramas cotidianos adolescentes e traumas causados pelo luto. Há também um conflito entre as gerações, já que a comunidade (e nem a gente) não aguenta mais os atos sem consequência do grupo adolescente.

O palhaço no milharal traz sua criticidade com doses grandes de sangue

Que surtoooo! Só consigo definir esse livro assim, pois foi gritaria da metade para o final. E tenho que dar os devidos créditos a fluidez da narração. A escrita do autor é muito boa, imersiva e descritiva, o que fez com que eu sentisse cada cena na minha própria pele. Ao mesmo tempo, as coisas vão acontecendo muito rápido, então depois do primeiro assassinato eu praticamente devorei o livro.

Cada tempo de sobra que eu tinha, eu pegava o livro para ler, mesmo que estivesse acompanhada. Terminei aos gritos com todas as surpresas que o autor me presenteou e nada do que imaginei se concretizou. Outra coisa ótima desse livro: nada é previsível. Os acontecimentos vão deslanchando de uma forma que não imaginamos, com diversas reviravoltas que me deixavam de queixo caído e sem saber qual seria o próximo passo dos personagens.

Confesso que não sou muito fã (e nem consumidora) de histórias com adolescentes, mas essa me cativou. Porque os dramas banais da adolescência não são exatamente o foco, mesmo que, de forma indireta, sejam. A crítica também é excelente, principalmente por colocar a nossa geração em conflito com a anterior, afinal é sempre difícil para um aceitar a realidade e as novidades do outro, né?

Por isso, eu gostei bastante da história, pois fazia um tempo que eu não surtava tanto assim. Para os fãs de histórias de terror clássicas, como as slasher dos anos 80, e que adoram um sangue espirrando das páginas, esse livro é mais do que uma recomendação, quase se torna obrigatório.

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