A Língua de Eulália. Autor: Marcos Bagno. Editora: Contexto. Ano: 2014 – Minha classificação: ★★★★ |
SOBRE O LIVRO
Vera, Sílvia e Emília são professoras do curso primário no mesmo colégio de São Paulo. Vera tem 21 anos e estuda Letras, Sílvia tem 21 anos e estuda Psicologia, e Emília tem 19 anos e estuda Pedagogia. As três amigas decidem passar as férias na fazenda de Irene, tia de Vera. Irene é professora de língua portuguesa e linguística, é aposentada mas continua fazendo estudos e pesquisas sobre a língua e escrevendo artigos. Ela mora em Atibaia acompanhada de sua amiga Eulália, dá aulas de alfabetização para adultos em uma escolinha construída dentro de sua residência, tendo sido Eulália sua primeira aluna. Eulália foi sua empregada a alguns anos atrás e criaram uma amizade forte. Quando Eulália se divorciou começou a morar com Irene, tendo dois filhos já grandes e casados.
Com a chegada de Vera, Sílvia e Emília no aeroporto de Atibaia, Ângelo, filho de Eulália, foi quem buscou as meninas na rodoviária, logo contando sobre como a tia Irene é uma pessoa maravilhosa e sobre sua escolinha para os pobres. Assim que a sobrinha e as amigas chegam na fazenda, conhecem Eulália, e comentam depois com Irene como o jeito de Eulália falar é engraçado e errado. Irene, sem entender o porquê de tais comentários, repreende e explica que o modo de Eulália falar não é nada engraçado ou errado, mas é apenas uma variedade não padrão. Sem entenderem nada, as meninas perguntam o que são essas variedades, e logo são introduzidas ao mundo das línguas dos brasileiros.
Á noite, Irene se reúne com elas ao redor da lareira, para conversarem melhor sobre essas variedades que existem dentro do português. Depois de um pouco de conversa, Irene revela que está escrevendo um livro sobre essas variedades que tem dentro do português, na qual ela chama de PNP (português não padrão). Vera, Sílvia e Emília ficam animadas com a ideia do livro e curiosas para saberem mais sobre o PNP. Decidem pedir “aulas” para Irene sobre o que ela escreveu em seu livro, para saberem mais sobre esse preconceito linguístico que encontramos com tanta frequência no nosso dia-a-dia, que foi encontrado até entre as três.
Então começam as aulas, todo dia à noite, lá na escolinha feita e dirigida por Irene. Aprendem a história da norma-padrão, o mito da unidade linguística, rotacismo, assimilação, arcaísmo, mais sobre o PNP e o PP, que o preconceito é um problema social e não linguístico, e muitas outras coisas. Aprendem através de quadros, exemplos, músicas e poemas. Além das aulas, visitaram a família de Ângelo e jantaram com eles, e também almoçaram em um restaurante italiano.
No dia de irem embora, Vera, Sílvia e Emília agradecem e se emocionam com Irene, que conta que recebeu uma proposta de uma editora e que seu livro será lançado em breve. Curiosas, perguntam qual será o nome, e Irene diz que será uma homenagem para Eulália, e se chamará “A Língua de Eulália”.
MINHA OPINIÃO
A obra nos faz refletir sobre o preconceito linguístico, que é tão visto atualmente. Nos ensina, assim como ensinou as personagens, que o que pensamos que é certo, pode também ser o errado. E que quando julgamos uma pessoa por causa de sua maneira de falar, não estamos sendo coerentes. Elas não estão erradas, às vezes estando mais certas do que nós. Nos mostrando que precisamos de conhecimento antes de julgar o próximo, e que nosso ato de julgar algo como “feio”, “errado”, “abominável”, faz com que os “feios” e “abomináveis” sejam nós.
O livro tem uma indicação livre. É indicado especialmente para qualquer estudante de licenciatura e para qualquer pessoa que queira saber um pouco mais sobre a nossa língua. Tem uma leitura leve, rápida e engraçada. Além de entreter o leitor, também o ensina e modifica sua maneira de pensar sobre o jeito “errado” e “feio” nas falas de outras pessoas.