Literatura

#Clarice-se: Amor (JANEIRO)

Reprodução: Google



Conto Amor
Autora: Clarice Lispector
Minha classificação: ★★★ (4/5)
O conto
Em Amor teremos a história de Ana: esposa, mãe e dona de casa. Uma mulher que tem uma vida monótona e sem surpresas ou expectativas por um futuro diferente. Um dia quando está dentro de um bonde olhando pela janela acaba avistando um homem velho e cego mascando chiclete, e isto lhe desperta um olhar novo perante ao mundo à sua volta e a sua vida. A partir daí Ana irá devagar entre suposições, entrará no meio de devaneios e perceberá o rumo pelo qual suas ações percorrem.

O narrador irá retratar a rotina repetitiva da personagem e a mudança que ocorre em seu pensamento quando ela percebe o rumo que a sua vida está tomando. A narração é em terceira pessoa e feita por um narrador onisciente, ou seja, um narrador que está por “dentro” da história e que conhece os sentimentos e pensamentos dos personagens, e é por isso que o psicológico de Ana é tão bem explorado pelo nosso contador de histórias, com tantas descrições e detalhes. 


Ana é uma mulher, porém descrita não dessa forma, e sim como “esposa, mãe e dona de casa”. A personagem dedica-se exclusivamente em ser essas três coisas, esforçando-se em ser uma boa mãe para os seus filhos, dando a devida atenção que o marido merece receber da esposa e deixando a casa sempre limpa como uma dona de casa deve fazer. Porém, quando não está realizando nenhuma dessas três tarefas ela se encontra na hora perigosa do dia, e será esse perigo que iremos presenciar a partir da cena do bonde, o perigo de não se sentir útil e/ou não sentir que está fazendo o certo com a sua vida.

Minha opinião
Sendo contos não irei me estender nas resenhas para não entregar algum detalhe importante e estragar a experiência de vocês, apenas citarei a essência principal da história e um resumo breve para despertar a curiosidade e estimular a leitura.

Agora vamos a minha opinião sobre o conto lido em janeiro: eu gostei muito. Foi um ótimo conto para começar o projeto e tive uma boa experiência durante a leitura. Tendo lido apenas um romance da Clarice, ainda não estou completamente familiarizada com a escrita da autora, mas neste conto já percebemos as características da sua escrita e do seu gosto por explorar o psicológico de suas personagens. 


Seu jeito de contar estórias é maravilhoso! Você se sente na pele da personagem e muitas vezes até amigável com a situação da mesma. Senti que a Ana é como a Macabéia (personagem do romance A Hora da Estrela, resenha aqui) e que ambas têm muito em comum. Mesmo que talvez não tenha sido proposital ou que a própria autora não tenha percebido a semelhança entre estas mulheres, acredito que há uma conexão ainda maior entre as personagens de Clarice, mas só descobrirei depois de ler mais obras dela.


Por ser um conto que retrata a mulher, principalmente a da época em que foi escrito, percebemos o quanto Clarice está ultrapassando barreiras e dizendo o que pensa, sem se importar com as críticas e a posição feminina na sociedade naquela década, em um século onde a mulher “perfeita” tinha que ser mãe, esposa e dona de casa. Nada mais. Expor uma personagem que pensa por si e duvida das decisões que tomou foi um passo importante e arriscado tomado pela autora, e que por isso, conquista milhares de fãs até atualmente.


Para quem teve dificuldades em entender alguns aspectos do conto ou até mesmo a maior parte, já que se trata de um enredo um pouco confuso, deixo aqui como dica o vídeo de análise do youtuber Ulisses, onde ele analisa o conto e o íntimo da personagem. Eu assisti, e através das palavras dele vi além do que li nas palavras da Clarice.


Como apresentei no post sobre o Projeto Clarice-se e como eu faço todos os meses com o 12 Meses de Poeeu irei trazer uma resenha dedicada a cada conto lido mensalmente no desafio. E claro, não percam a oportunidade de participar desse projeto conosco, vamos espalhar mais Clarice e literatura brasileira por aí!

Participe do grupo!

4 thoughts on “#Clarice-se: Amor (JANEIRO)”

  1. Adoro Clarice Lispector. É a minha autora preferida da década de 45, principalmente, por ter sido uma mulher de opinião forte para aquela época. ótima resenha!

    Até mais!
    Karolini Barbara
    womenrocker.blogspot.com

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