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Exposição Eu Leitor: sobre ser leitor

Para quem ainda não sabe, está ocorrendo a Exposição Eu Leitor na Biblioteca Nacional de Brasília, com início em julho e término no dia 23 de setembro. A exposição aborda os sentimentos e a interação que há entre um livro e o leitor: todas as sensações de leitura, conhecimento e descobrimento; a relação entre a história das páginas e quem a lê; o reconhecimento do que leu e a importância daquilo a partir de então; o momento em que nós, leitores, nos aventuramos pela primeira vez em uma obra que se torna futuramente favorita e essencial para nossa formação, tanto como leitores como também como pessoas.

seis núcleos para serem visitados e sentidos: um mapa com visão histórica sobre a história da escrita e do livro; o gesto, que mescla textos com atividades interativas explorando os movimentos corporais; o rumor, onde ouve-se um trecho de um texto escrito por Samuel Beckett enquanto sentado em uma cadeira vislumbra-se um altar com peças de vidro e luzes; a escuta, uma sala composta por uma mesa e quadros que remetem a obra Alice no País das Maravilhas, tendo também a contagem de histórias para ouvir e se maravilhar; constelação, um local repleto de luzes com nomes de escritoras e escritores que transformaram a Literatura; e alexandria, um lugar confortável onde se pode deitar em uma rede e ler um livro dos quais são dispostos em uma parede.


Em cada um desses ambientes há uma experiência nova e diferente, pois trazem diversas representações da Literatura. Através disso é exposto a nossa relação com os livros. Como sentimos a história, como nos vemos nos personagens, como nos colocamos dentro das paisagens e como aquilo que lemos fica guardado dentro de cada um de nós. Para sempre.

Para falar com mais propriedade sobre a exposição e não entregar as melhores coisas, decidi que a partir desse post irei dividir com vocês a minha experiência pessoal sendo uma leitora. Não vou lhes encher com fotos, pois acredito que é necessário sentir e enxergar cada área da exposição com os próprios sentidos. Colocarei apenas as minhas preferidas (mas terão também outras preferidas lá no instagram). Os cantos que achei mais aconchegantes e acolhedores. Que me senti em casa.
Reprodução: Biblioteca Pessoal

Para mim, o que significa ser um leitor?
Desde que me descobri e redescobri os meus ideais, pensamentos e convicções, me forço a dizer (e a pensar) que para ser um leitor você apenas precisa gostar do ato de ler e se sentir conectado com aquilo que está lendo. Não importa se você lê gibis, infanto-juvenis ou romances eróticos, qualquer leitura é válida e lhe acrescentará algo, seja diversão ou profundidade. Gosto de pensar que para ser leitor não há regras ou um caminho imposto para seguir. Você apenas deve se deixar levar pelas histórias e aproveitar cada momento.


Eu, por exemplo, quando era criança lia gibis da Turma da Mônica, mas não era algo que eu precisava, necessitava ou sempre estava com um na mão. Lia periodicamente e quando dava vontade, quando não havia mais nada para fazer. O meu amor pela Literatura veio só então quando eu li pela primeira vez o livro Fallen, da autora Lauren Kate. Eu acompanhava os próximos lançamentos e os lia. E por mais que eu demorasse mais de um mês me dedicando somente aquela leitura, foi o momento que percebi que aquilo me trazia alegria. Era onde eu queria estar.


Desde então as leituras aumentaram, a pilha de livros desejados também, e eu me vejo como uma nova pessoa. Uma sonhadora, talvez. Descobri o meu gênero preferido, os autores e autoras que me inspiram e as histórias que mais me chamam atenção. E é esse conjunto interno que me transformou nessa mulher que hoje sou: fã de clássicos de horror, admiradora de histórias românticas, apreciadora de personagens femininas verdadeiras e bem construídas, e apoiadora de textos escritos por mulheres. O feminismo cravado em mim, a ânsia por cenas repugnantes e a força em desbravar o território da Literatura Brasileira, uma mescla do meu verdadeiro eu.


Há muitas coisas e pessoas que penso em agradecer quando percebo no que me tornei. Mas tenho propriedade em dizer que a Literatura está entre os pontos mais fortes. Quando adentro nas histórias percebo o que quero ser e o que não devo ser; entendo o que é mais forte em mim e o que pode ser mais fraco, mas ainda assim utilizado com sabedoria e destreza; vejo o melhor de cada pessoa/personagem e aprendo a respeitá-las, admirá-las e apoiá-las. Aprendo o que são as diferenças e como integrá-las da melhor maneira possível no meu cotidiano e de todos ao meu redor. Quando adentro nessas histórias eu sou apenas eu e cada vez mais me descubro, me preencho, me sinto leve.


Ser um leitor, para mim, é ser tudo isso que citei acima, mas, claro, da maneira de cada um, com diferenças e peculiaridades, com seus próprios trejeitos e particularidades. Ser um leitor é se divertir, sonhar, se encantar com os livros. Se perder, se encontrar, se amar. Desbravar novos caminhos, encontrar novas aventuras. Ser leitor é ler o que você gosta e não se importar com a opinião alheia. É amar a Literatura.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

O livro da minha vida:
Quando me perguntam qual é o meu livro favorito sempre fico em dúvida em qual responder, já que tenho alguns, como Precisamos Falar Sobre o Kevin (Lionel Shriver), Outros Jeitos de Usar a Boca (Rupi Kaur), Desespero (Stephen King), O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë), Hibisco Roxo (Chimamanda Ngozi Adichie), entre outros títulos. Mas se me perguntarem qual é o livro da minha vida muito provavelmente eu direi dois: O Morro dos Ventos Uivantes e Desespero. E vou dizer logo o porque.


Começando por Desespero do autor Stephen King, a primeira obra de terror que li, me abriu o caminho para descobrir o meu gênero preferido. Terror é uma das minhas grandes paixões e não é atoa que eu a tenha descoberto através dos olhos do Mestre, o meu autor preferido. Desespero me mostrou um caminho sem volta e me trouxe sensações bem mais profundas do que apenas medo. Envolvendo uma temática religiosa através de um dos personagens, fez com que eu abrisse a mente e voltasse a crenças antigas, as quais há muito havia deixado para trás. Ainda me lembro dos sentimentos que tive durante a leitura, como agonia, desespero e até alívio. Sem essa obra talvez hoje eu não houvesse encontrado o meu amor por terror, e por conta disso eu serei eternamente grata ao Stephen King e suas histórias que sempre me surpreendem.


O Morro dos Ventos Uivantes também se tornou uma surpresa para mim. No começo estava com medo de lê-lo, já que é um clássico e a minha edição da obra é bastante antiga. Mas por curiosidade decidi tentar, e hoje sinto que isso foi uma das melhores coisas que fiz para as minhas leituras e minha vida de leitora. O romance me cativou por ser tão cru, cruel e obsessivo. Por retratar personagens femininas tão verdadeiras e como nós. E por mostrar o quanto um amor pode ser destrutivo. Emily Brontë escreveu apenas uma obra e mesmo assim é a minha autora preferida. Ela não me apresentou apenas uma história de amor e uma leitura para me divertir, mas me fez questionar assuntos muito mais profundos do que os expostos. Se hoje eu apoio escritoras independentes e me esforço para saber cada vez mais sobre a luta das mulheres, principalmente das autoras dos séculos anteriores, é porque a Emily me abriu essa porta da curiosidade e da vontade de apoiar. Um dos meus maiores orgulhos literários é ter feito um TCC baseado nessa obra e na luta da autora para que a sua história visse o mundo afora. Me inspiro e me espelho muito nela.


Dito isso, aproveito para encaixar aqui outro ponto da Exposição Eu Leitor: o livro da minha vida. Toda quinta-feira às 19h e sábado às 17h acontece um encontro com alguém que falará sobre o livro da sua vida. Aquele livro que o marcou, o emocionou e o fez ser quem é. Há escritores, críticos, tradutores e cineastas abertos a dividir com o público um pouco sobre o seu amor pela Literatura e sobre um livro em especial. É necessário fazer a inscrição por e-mail e se adiantar, pois as vagas são limitadas e os debates enriquecedores.

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8 thoughts on “Exposição Eu Leitor: sobre ser leitor”

  1. Que incrível seria uma exposição dessas aqui em Fortaleza! Adorei saber que você vai passar a compartilhar mais da sua leitura aqui. É ótimo ter outras pessoas com quem conversar sobre o que você lê. Ultimamente, o meu "ler" tá mais compartilhado do que nunca… Resolvi me desfazer de livro que, mesmo queridos, merecem der lidos por outras pessoas. Acho que numa ocasião dessas do "livro da vida", eu acabaria distribuindo um desses meus favoritos pra todos hahaha

    1. Te entendo! Eu também tenho isso de desapegar de alguns livros, menos os favoritos que mantenho na estante e pretendo reler em futuros próximos. Sempre quando penso em dar um livro de presente logo penso em um dos meus favoritos, acredito que isso seja uma ótima forma de mostrar afeta e importância, aliás você está presenteando com algo que lhe mudou a vida e que poderá surgir o mesmo efeito em tal pessoa. Enfim, espero que você tenha uma oportunidade de presenciar e sentir a exposição, pois vale total a pena!

  2. Já estou querendo entrar em um avião agora só para ver essa sala de Alice no País das Maravilhas (AAAAAH).
    A exposição num todo parece incrível, queria que trouxessem pra São Paulo.

    Assim como você minha história com leitura também começa com Turma da Mônica, mas a paixão mesmo só veio anos mais tarde quando usei a leitura como terapia depois de um término de relacionamento bem conturbado. Acho que podemos dizer que a leitura salva. 😉

    1. Aproveita que ainda tem esse mês de setembro! ♥ Que incrível saber disso! Que a leitura conseguiu lhe trazer de volta para o mundo e, quem sabe, até te mostrar uma maneira nova de viver. Acredito que os livros fazem isso e são o melhor remédio para muitos problemas. Espero que hoje você esteja bem e desbravando dezenas de histórias por aí (e criando a sua própria, claro)!

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