Publicado pelo O Grifo Editora, “Notívagas” é o primeiro livro da Juliana Cunha. É uma coletânea que reúne 14 contos de terror, beirando o grotesco, a loucura, o desespero, o estranho e o sobrenatural.
Com uma escrita potente e única, a autora passa por diversos temas que envolvem uma gravidez absurda; o pecado contrapondo-se a religião; morte e sexualidade; céu e inferno; crenças e cultos; obscuridade, vingança e revolução.
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Título: Notívagas
Autora: Juliana Cunha
Quantidade de páginas: 160
O Grifo Editora
Gênero: Ficção / Contos / Terror
Ano: 2022
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Compre: O Grifo
Minha classificação: ★★★★,5 (4,5/5)
* Livro cedido pela editora
Os terrores sobrenaturais por trás de ser mulher
Iniciando por A Devoradora, um conto de body horror, que mostra a transformação da personagem ao constatar que está grávida mesmo ainda sendo virgem, a autora deixa claro qual é a intenção de seu primeiro livro. E digo que Juliana Cunha acertou em cheio abrindo a coletânea com esse conto, pois nele já há sua escrita forte, sem rodeios, e sua forma explícita de descrever o terror da violação de nossos corpos.
Temos nessa coletânea de contos um terror corporal, visual e que causa arrepios. Temos o grotesco, o repugnante, o nojento. Mas também temos o poder exalando de cada mulher, o controle – e descontrole – de seu destino e a libertação como uma forma de salvação. Temos o cruel, o cru, mas também o belo, e o resultado de todas essas mesclas é um lindo e bizarro livro de terror.
Em uma edição bonita, caprichada e cheia de detalhes, a obra surpreende com sua coragem de escancarar os maiores terrores, sobrenaturais ou não, vividos por mulheres. O exemplar também acompanha um folheto que serve como uma visita guiada, dividido por fotos e mini sinopses acerca de cada conto, o que faz total diferença na imersão e experiência do leitor.
TW: bulimia, violência e abuso sexual e psicológico, assassinato e bullying.
“Estava esquecida em um lugar entre o céu e o inferno, onde ninguém me via.”
Notívagas beira a loucura, mas de uma forma até mesmo crível e real (para nós mulheres)
Juliana Cunha tem uma escrita única, peculiar e característica, o que contribuiu para que eu adorasse ainda mais suas histórias. Logo no primeiro conto, A Devoradora, fui fisgada de uma maneira singular, a qual me fez querer ler os demais contos urgentemente, com certa necessidade de consumir tudo logo. Eu só queria passar rapidamente por todos aqueles sofrimentos vividos pelas protagonistas, sentir na pele cada dor, cada trauma, cada monstruosidade.
Por conta disso, “Notívagas” se fez para mim como um vício. Eu estava em uma ressaca literária há mais de um mês, mas a obra fez com que eu a lesse em duas manhãs (quando eu não estava lendo, eu estava pensando no livro). Há um horror visceral, encrustado na carne, perfeito para quem gosta de sair da zona de conforto e clama por histórias diferentes.
O livro pode até parecer curto, com uma leitura rápida, mas o impacto que ele causa em nossas mentes é profundo e prolongado. Não tem como você lê-lo e não pensar nele dias depois; não tem como não se lembrar do sofrimento de tais personagens e das descrições detalhadas de cenas angustiantes.
Não o recomendo para pessoas fáceis de serem impressionadas, ou seja, para aqueles fáceis de se corromper e fáceis de se incomodar. Mas para os leitores mais experientes e aptos a novas experiências deixo aqui o meu apelo para que leia imediatamente essa obra.
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Eu gostaria de te dizer que tenho estômago para ler esse livro de contos, até fiquei interessada quando vi a capa do mesmo, porém ainda sou muito sensível com esse tipo de conteúdo.
Já li alguns que me deixaram de certo modo emocionada, então não consigo imergir de uma forma proveitosa na leitura desse gênero.
Ainda assim fiquei bem curiosa com a proposta da obra e seus contos!