Conheci a HQ Dente de Leite por conta do Prêmio Geek de Literatura, organizado pela Amazon, Omelete e Pipoca & Nanquim. A obra ganhou na categoria quadrinhos e assim que eu vi sendo anunciada pelo Pipoca & Nanquim logo fiquei animada, isso muito por conta dessa capa maravilhosa que faz todo o sentido após termos contato com a história.
Comecei a ler essa HQ despretensiosamente, sem conhecer os autores, sem saber nada da história. Acredito que, às vezes, essa é a melhor maneira de se ter contato com determinadas histórias, pois assim ficamos abertos às surpresas, nos deixamos ser intimidados e não esperamos nada por isso. Apenas desejamos aproveitar a leitura ao máximo e o que vier a mais será lucro.
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Título: Dente de Leite
Roteirista: Patrick Martins
Ilustrador: Igor Frederico
Quantidade de páginas: 192
Publicação Independente
Gênero: Ficção / HQ, comics, mangá / Suspense e Mistério / Horror
Ano: 2021
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Minha classificação: ★★★★,5 (4,5/5)
O desespero da solidão e a maternidade forçada
Através da rotina de uma senhora, conhecemos suas angústias, medos, arrependimentos, perdas e falsas escolhas. Falsas escolhas porque ela apenas seguiu, sem vontade ou desejo próprios, o que a sociedade impõem para a vida das mulheres: a maternidade.
Percebe-se então que ela nunca teve uma decisão só sua. Ela engravidou, casou e teve dois filhos: Lourenço, que morreu ainda bebê, e Ricardo, o mais velho. Aqui, a maternidade é crua, solitária, não sendo desejada, mas, no futuro, causando uma espécie de desespero ao ter medo da solidão, da perda e do abandono, tendo o apego ao extremo.
A HQ Dente de Leite é profunda, angustiante e chocante. Levanta questões importantes e nos faz questionar: até onde nós iríamos para não ficarmos sozinhos no mundo? E o quanto de sofrimento nós aguentamos, simplesmente por acharmos que merecemos tal violência?
TW: por tratar de assuntos sérios e até mais pesados, haverá cenas descritivas – e visuais, claro – que envolvem violência física e suicídio.
Dente de Leite expõe as mazelas da maternidade e como isso transforma uma mulher por dentro
Aqui, com Dente de Leite, eu tive aquela grata experiência de me surpreender com o enredo. Admito que o primeiro capítulo me pareceu um pouco monótono, sem entender muito para onde a história queria ir, mas depois disso eu o li de uma vez só, sedenta por informações, sedenta pela vida da senhora.
E gente, que final! Eu me senti enganada, me senti chocada, fiquei até sem ar quando entendi a magnitude de tudo aquilo, de todos os atos, de todas as ações, de toda uma vida. Eu me vi enganada e gostei disso. Fiquei com um gosto agridoce na boca, como se a história não pudesse terminar daquele jeito, como se eu precisasse de mais.
A arte é impressionante! Eu li pelo Kindle (algo que muitas vezes causa dificuldade por conta do tamanho) e consegui enxergar cada detalhe do desenho, cada expressão da protagonista. O visual da HQ é belíssimo e isso só contribui com o trabalho excelente dos dois criadores.
Os debates expostos na história também são ótimos, já que temos uma mulher que viveu a vida que o patriarcado escolheu para ela: seja mãe, dê um herdeiro para o seu marido e viva em prol disso, independente de violências sofridas, independente de essa ser sua escolha ou não. E isso nos toca, pois é uma realidade vivida ainda por muitas de nós que não temos escolhas sobre nossas próprias ações e nossos próprios corpos; vivida por nós que ainda não conseguimos seguir uma vida própria, sem influências de outrem.
Por conta disso, a HQ carrega uma intensidade que não imaginei; traz debates que ainda devem ser explorados e apresenta uma protagonista diferente, com uma história já vivida e sofrida. Eu recomendo demais essa obra e espero ansiosa pela versão física para poder manuseá-la sempre que quiser e me surpreender com o desfecho cada vez que tiver vontade.
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