Resenha: “Mr. Mercedes” – Stephen King

Mr. Mercedes já estava no meu radar há um bom tempo, e isso se deve muito a dois personagens famosos do King: Bill Hodges e Holly Gibney. Eu precisava conhecê-los. E, de quebra, lendo esse livro ainda tive a oportunidade de conhecer outros personagens tão cativantes quanto, como o próprio Jerome que me conquistou desde sua primeira aparição.

Com isso, em uma leitura coletiva no ano passado pude ler todos os livros que tem a participação da Holly. O saldo foi bastante positivo e Mr. Mercedes abriu essas leituras com chave de ouro.

Além da trama convincente, angustiante e de roer as unhas, o Stephen King também aborda assuntos de suma importância, como o racismo, o machismo, a maternidade e o preconceito. Fiquei tão apegada aos personagens que até iniciei a série homônima, assistindo a primeira temporada inteira, mas tenho minhas ressalvas para a adaptação.

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Os monstros são os humanos e eles estão entre nós

Bill Hodges está aposentado, mas um caso em aberto ainda o assombra: ele e seu parceiro no antigo trabalho não conseguiram descobrir quem é o assassino do mercedes. Esse acontecimento horrível matou muitas pessoas que aguardavam o dia amanhecer em uma fila para um evento de empregos. Foi brutal e muito cruel.

Brady Hartsfield em uma madrugada atropelou diversos inocentes com uma mercedes roubada, nunca sendo pego. A culpa recaiu em cima da dona do mercedes, que era vista como arrogante e culpada, causando assim uma sombra protetora em cima do verdadeiro assassino.

A rotina monótona dos dois homens se cruzam quando Brady decide se comunicar com Bill, crescendo assim no detetive uma vontade insaciável de prender o assassino do mercedes. Mas também colocando Bill em risco ao ter esse contato com Brady.

Dentro dessa nova aventura, recheada de respostas, mas também abrindo caminho para mais perguntas, Bill terá a ajuda improvável de uma mulher chamada Holly e um jovem chamado Jerome, formando assim um trio sedento por justiça.

TW: descrição de assassinatos e suicídio.

Mr. Mercedes traz o pior do ser humano em uma caçada de cão e gato

É incrível como, até agora, o King nunca me decepcionou. Por mais que o começo da leitura dessa vez tenha sido mais intrincada, pois li bem devagar os primeiros 53%, depois de um tal acontecimento comecei uma leitura frenética, não querendo mais parar de ler. Eu precisava saber o que ia acontecer, como tudo poderia se desenvolver a partir dali.

Ao meu ver, uma das coisas mais interessantes foi termos as perspectivas do detetive e do assassino. Com isso, dava para saber cada passo e pensamento do serial killer, tudo que ele planejava, seus erros, seus acertos; enquanto o nervosismo nos toma de conta na parte do detetive, desejando que ele entenda tudo o mais rápido possível e evite futuras mortes.

E as mortes… bom, King não poupa descrições e mortes, isso é um fato, mas cada perda foi um baque e uma dor no coração para mim, inclusive as do passado. Já sabemos que o machismo mata todos os dias, mas ver isso de uma forma velada e mais intimista é ainda mais doloroso.

Muitas pessoas dizem que o Brady é um dos melhores vilões do King e nisso tenho que concordar, já que temos todos os seus pensamentos grotescos expostos para gente, sendo ainda mais fácil odiá-lo. Ele é indigesto, repugnante e odioso, tendo uma relação bizarra com a mãe que muitas vezes me causou asco. Então, eu só queria que o pegassem o mais rápido possível para expurgarem esse mal.

Diante disso, fica fácil dizer que eu amei o livro. Não esperei pelos plots e me surpreendi com a maioria deles. A escrita do King continua sendo magnética e assustadora, mais uma vez nos mostrando como o pior monstro pode ser o homem.

Já leram a trilogia do Bill Hodges? 💬

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