Literatura

Resenha: “Elas marchavam sob o sol” – Cristina Judar

O livro Elas marchavam sob o sol é daqueles que quanto mais você pensa sobre, mais se reflete sobre os assuntos propostos. No início, pode parecer que nada irá te abalar, mas no final você estará desejando por mais, principalmente pelo depois.

Cristina Judar me ganhou logo em minha primeira leitura. Sinto que não consegui absorver toda a essência e magnitude das narrativas e das personagens, mas sei que aquilo que extraí já me faz diferente. Aprendi demais com a avó de Joan, uma das protagonistas, e me senti abraçada por essa narrativa espetacular, querendo assim ler mais obras de autore.


“Eu domava o medo antes que ele me dominasse. Ele passou a me acompanhar com passividade, como um cão que respeita a dona (…)”

Leia também: Azul é a Cor Mais Quente, de Julie Maroh

Título: Elas marchavam sob o sol
Autore: Cristina Judar
Quantidade de páginas: 160
Editora Dublinense
Gênero:
 Ficção / Literatura Brasileira / Romance
Ano: 2021
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Minha classificação: ★★★★ (4/5)
* E-book cedido pela editora

Caminhos opostos que se entrelaçam em seus destinos

Aqui, acompanhamos os 12 meses da vida de Ana e Joan até completarem 18 anos de idade. Elas têm vidas muito diversas e não se conhecem. São diferentes em suas crenças e rituais; são diferentes em suas próprias descobertas. Duas jornadas opostas, mas que se completam de certa forma.

Em Elas marchavam sob o solum debate intenso e reflexivo sobre morte, perda e luto. Com uma escrita repleta de metáforas, Cristina Judar narra uma história sobre liberdade e reinvenção; sobre sermos aprisionadas a estereótipos criados por homens; sobre querermos a liberdade, a revolução, mas continuarmos presas pelas amarras e imposições masculinas.

Por conta disso, a obra é complexa e sua leitura deve-se deixar levar pela escrita poética e gostosa, deixando assim fluir para entrar em sua mente. Após essa abertura, você irá imergir na história e afundar em seus sentimentos.

“Mortas podem ser as pessoas, mortas podem ser ideias e revoluções enterradas às pressas, antes que floresçam e mudem definitivamente a ordem das coisas. Mortas podem ser as mulheres, enterradas vivas pelo fato de não serem vistas, quando, de fato, elas são os planetas, as deidades, o fundo do mar, tudo o que é incontável ou impossível de se medir.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Elas marchavam sob o sol é sensível e revolucionário

Comecei esse livro sem saber nada da sinopse e isso me pegou um pouco desprevenida no início, pois apareceram várias narrativas diferentes, com propósitos diferentes, mas que, no primeiro capítulo, versavam sobre um tema em comum que era a morte.

Depois, percebi que o foco era na vivência de duas garotas e isso fez com que meus olhos brilhassem, pois, mesmo não consumindo muita narrativa adolescente, vi que esse seria diferente. E foi. A escrita poética, recheada de metáforas, e a fluidez gostosa fazem com que nos conectemos com a história de Ana e Joan, desejando saber mais sobre cada mês de suas vidas, sobre seus amores, suas relações com a vida (e a morte também), suas batalhas, suas vivências e suas maneiras de revolução.

Inclusive, o livro fala muito sobre isso: sobre como as mulheres precisam se libertar das amarras impostas por homens através de uma revolução, seja íntima e pessoal ou externa e dolorida. Não aparenta ser um livro pesado à primeira vista, mas tem trechos intensos que mexem com o nosso interior e nossa mente, nos fazendo refletir sobre a nossa vida, nossas dificuldades e tudo que enfrentamos apenas por sermos mulheres.

Que livro poético, duro e belo! Que Ana e Joan possam seguir seus destinos após nos mostrar para o que somos feitas: para conquistar nossa própria revolução.


“Por anos, me senti um expurgo das integrantes do nosso clã; trago elas no meu corpo, com seus tecidos rompidos, seus risos descontrolados, seus disfarces. Quando fracasso, minha dor é ainda maior, pois falho por mim e por todas. Se há alguma conquista, não fiz mais do que o necessário. Sempre carrego algo além daquilo que cabe nas minhas extensões.”

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