Resenha: “Fragmentos do Horror” – Junji Ito

Junji Ito se transformou em um dos meus autores preferidos, então quando preciso de uma leitura segura e conforto, que sei que não irá me decepcionar, ele é uma ótima pedida. E como eu já esperava, Fragmentos do Horror não me decepcionou.

Tudo que eu mais gosto no mangaká pode ser encontrado novamente aqui: o grotesco, o terror e a repulsa. Sempre há um body horror para me impressionar e me deixar angustiada, assim como eu adoro nas particularidades do subgênero.

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Fragmentos do horror e de nossos piores pesadelos

Uma traição, um desejo sexual, um abandono, uma feiticeira, uma morte inesperada, a vontade de dizer adeus, uma criatura atemporal, uma escritora com manias peculiares e uma garota que não tem ações próprias. Nessas 8 histórias avulsas, Junji Ito transforma coisas habituais em nossos piores pesadelos.

Nada aqui precisa de explicação, e por um lado nós nem queremos. O sobrenatural, o medo, o monstruoso, tudo isso é suficiente para imergimos e acreditarmos nas histórias. É assombroso, nojento e estranho.

Há a repulsa, mas, ao mesmo tempo, também há a vontade de não parar de ver/ler. O drama em alguns contos se transforma em horror e é possível notar como o ser humano é mesquinho e só pensa em si.

Seu traço é sensorial: nós sentimos as dores, ouvimos os gritos e embrulhamos o estômago com os cheiros. Sendo a arte bastante descritiva, somos puxados para dentro do mangá sem perspectiva de volta.

Fragmentos do Horror não é meu primeiro contato com o mangaká, mas nada tira o brilho da experiência única de se ler Junji Ito

Junji Ito conseguiu, com maestria, me aterrorizar, ao mesmo tempo em que me deixou fascinada por seu traço e suas histórias. Eu sentia asco, o estômago embrulhava, mas eu precisava saber o desfecho dos personagens; necessitava por mais desse terror. Eu sempre quero mais de Junji Ito, mas geralmente preciso dar uma espaçada entre uma leitura e outra, só que nem por isso o impacto é menor.

Eu gostei bastante de Fragmentos do Horror, mesmo que em algumas histórias eu desejasse por mais. Algumas vezes achei a história rápida demais ou não senti o horror que eu sempre almejo. Mas, independente desses pormenores que foram exceções, a leitura do mangá fluiu muito bem e só me fez admirar ainda mais o autor.

Minha primeira dose de Junji Ito do ano já está injetada e agora preciso ficar de repouso para a próxima. Mas indico esse mangá para quem gosta do gênero e ainda não se deixou ficar viciado no autor. Tenho certeza que você não sairá o mesmo após essa leitura e precisará repetir a dose depois.

Vocês já se deixaram ser atormentados pela mente de Junji Ito? Se sim, qual é a sua história favorita do mangaká? 💬

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