Literatura

Resenha: “Hellraiser – Renascido do Inferno” – Clive Barker

Reprodução: Google


Hellraiser – Renascido do Inferno
Autor: Clive Barker
Editora: DarkSide 
Ano: 2015
Minha classificação: ★★★★★ (5/5)

“Em poucos momentos, eles estariam ali – aqueles que Kircher chamou de Cenobitas, teólogos da Ordem de Gash. Trazidos dos seus experimentos nos recessos mais altos do prazer para expor suas mentes eternas a um mundo de chuva e fracasso.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal
Para Frank, não há mais nada nesse mundo que possa satisfazer os seus desejos e prazeres mais íntimos. Todas as mulheres que passam por sua vida, seja por um dia ou algumas horas, não o satisfazem mais. Nenhuma delas têm o que Frank procura: o prazer absoluto. E é por isso que ele vai atrás de algo maior, de algo que poderá lhe trazer a sensação de prazer que há tanto tempo deseja e que poderá fazer com que se sinta completo novamente. Frank vai atrás da Configuração de Lemarchand, uma caixa feita há muitos anos que traz uma lenda consigo, porém para ser aberta é preciso ser decifrada antes, um trabalho difícil e que leva horas para ser concluído (quando é concluído).

Quando Frank consegue decifrar a caixa e fazê-la funcionar os Cenobitas aparecem para ele. Essas criaturas estranhas e grotescas estão ali para levá-lo para seu mundo e dar à ele aquilo pelo qual tanto ansiava, embora logo fique claro que os Cenobitas têm uma definição de prazer muito diferente da dos humanos. 


Rory, irmão mais novo de Frank, e sua esposa Julia se mudam para a casa onde o irmão mais velho (e agora desaparecido) residia. Lá eles tentam começar uma vida nova e melhorar o casamento. Julia, que teve um romance momentâneo com o cunhado, é apaixonada por Frank e ainda hoje tem lembranças da noite que passaram juntos e uma vontade de ficar com ele novamente. 


No segundo andar da casa há um quarto escuro, úmido e frio. Às vezes para escapar das conversas do marido, Julia vai para esse quarto e fica um tempo por lá sozinha, sem ser incomodada. Porém, um dia quando Rory estava fazendo reformas na cozinha e Julia se encontrava meditando no quarto vazio, ele corta o dedo e vai imediatamente ao encontro da esposa pedir por ajuda (já que ele tem um leve pavor de ver sangue). Ao entrar no quarto Rory derrama algumas gotas de seu sangue nas tábuas do chão, e isso desencadeia consequências trágicas que ninguém (nem os Cenobitas) esperava.

Reprodução: Biblioteca Pessoal
E a edição?
A editora Darkside desde que lançou o seu primeiro trabalho, uma edição limitada de Os Goonies, vem a cada dia conquistando mais fãs através do seu impecável e maravilhoso esforço em agradar os leitores. Seja com edições de capas duras ou não, todo livro lançado por eles garante o tal “selo de qualidade” e arranca suspiros de todos. Eu, particularmente, sou uma dessas pessoas e tenho a Darkside como minha editora preferida, até porque são eles que publicam obras que se encaixam mais no meu interesse, que é o gênero terror.
Lembro de ter ficado muito animada ao saber da notícia que iriam publicar Hellraiser, um livro que eu precisava ler. Demorei mais ou menos um ano para adquiri-lo, mas a espera valeu a pena. A edição é de cair o queixo. Além de ser capa dura, num estilo meio de couro, o livro trás imagens e esboços dos Cebonitas, principalmente do Pinhead, aquele cara assustador com pregos na cabeça que foi criado especialmente para o filme (e que eu adoro!).
A diagramação do texto é ótima! Os capítulos são pequenos, e às vezes há separação no próprio capítulo, dando um tempo para se respirar durante os eventos sangrentos da história. A cada começo de capítulo há na página ao lado o símbolo da caixa de Lemarchand, e as páginas em tom preto também dão um ar mais obscuro ao livro, deixando tudo mais conectado a história e fazendo com que você tenha uma imersão ainda maior com os personagens. A edição é simplesmente maravilhosa, e com toda a certeza vale a pena ter na estante.


Reprodução: Biblioteca Pessoal
Minha opinião
Como fã do filme Hellraiser, de 1987, eu estava muito ansiosa para ter/ler esta obra. O livro foi publicado pela primeira vez em 1986, sendo o filme dirigido e escrito também por Clive Barker e servindo como um “complemento” para a sua história.
O livro além de ser curto fez com que eu tivesse um ritmo de leitura muito bom e terminasse em poucos dias, diferente de Evangelho de Sangue que foi arrastado e tem uma maior quantidade de páginas. Por mais que eu já soubesse sobre a base da história e o que iria acontecer, eu ainda me surpreendi positivamente. A escrita do Clive Barker é muito descritiva e recheada de momentos gores, o que me animou bastante enquanto lia, sendo esses os pontos altos da obra (ao meu ver). Ele escreve de uma maneira que te deixa preso à história, fazendo com que o leitor em alguns momentos sinta um certo desconforto com a descrição, um sentimento de claustrofobia por se encontrar ali como telespectador e não ter como agir em prol do sofrimento do personagem.
Embora eu soubesse que o personagem Pinhead tenha sido criado exclusivamente para o filme e usado apenas em Evangelho de Sangue, admito que ainda esperei por ele nessa obra. Como citei em outra resenha, Pinhead é um dos meus personagens preferidos do mundo do terror, então foi inevitável não criar esperanças para ter ao menos uma “pontinha” dele nessa história.
Foi uma leitura agradável (na medida do possível) e que me satisfez. Foi bom ter a versão de outros Cenobitas e conhecer outros detalhes de uma história que gosto tanto. Infelizmente não sei dizer se há outros livros traduzidos do Clive Barker por aqui, mas pretendo procurá-los, e, caso tenha, conferir todos. Esse autor tem um espaço entre os meus favoritos e quero explorar mais do mundo criado por ele.

“Não, seu erro de verdade tinha sido a ingenuidade de acreditar que a sua definição de prazer era a mesma da dos Cenobitas. Da forma como foi, eles trouxeram sofrimento incalculável. Eles o inundaram com tanta sensualidade que sua mente oscilou entre a loucura, então, o iniciaram em experiências que faziam seus nervos convulsionarem só de lembrar. Eles chamavam aquilo de prazer e, talvez, estivessem falando sério. Talvez, não.”

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