Literatura

Resenha: “Razão e Sensibilidade” – Jane Austen

Reprodução: Google


Razão e Sensibilidade
Autora: Jane Austen
Editora: Martin Claret
Ano: 2010
Minha classificação: ★★★★ (4/5)
Jane Austen é uma autora inglesa que destaca-se entre as mais lidas e amadas em todo o mundo. Esta edição da Martin Claret reúne três obras da autora: Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito e Persuasão. Nesta resenha irei falar exclusivamente da obra Razão e Sensibilidade, publicado pela primeira vez em 1811 através do pseudônimo “A Lady”.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Em Norland Park reside a família Dashwood: o sr. Henry Dashwood (neto do dono anterior), sua esposa (que consiste de um segundo casamento) e suas três filhas Elinor, Marianne e Margaret. Tendo um filho mais velho fruto do primeiro casamento, o sr. Dashwood sabe que a mansão irá para a posse dele ao falecer, e estando no momento muito doente pede ao filho para que ele cuide da madrasta e das irmãs após a sua morte. Embora o filho, sr. John Dashwood, se comprometa a cumprir a promessa feita ao pai, sua esposa Fanny consegue persuadi-lo e convencê-lo de que as quatro mulheres viverão melhor sozinhas em outra casa e sem nenhuma ajuda financeira da parte deles. A posição de Fanny também deve-se ao relacionamento amoroso que estava crescendo entre Elinor, a meia-irmã mais velha de seu marido, e Edward Ferrars, seu próprio irmão, sendo assim uma maneira de separá-los.

A sra. Dashwood e suas três filhas mudam-se então para um chalé em Devonshire, propriedade de um parente distante. Lá as quatro mulheres fazem amizade com alguns moradores locais, inclusive com o coronel Brandon, um homem solteiro e na faixa etária dos 35 anos, que logo se interessa pela moça Marianne. Porém, em uma de suas caminhadas Marianne conhece e apaixona-se por Willoughby, que em seguida começa um compromisso com a jovem, fazendo assim com que as investidas do coronel Brandon não surjam nenhum efeito.


Tudo corria perfeitamente bem para Marianne até o dia em que o seu amor é obrigado a viajar e deixá-la sem sua companhia por algum tempo, sendo posteriormente atingida por uma onda de depressão e saudades do amado. Enquanto Marianne sofre publicamente pela falta de Willoughby, Elinor discretamente sente tristeza por não ter notícias de Edward e por esperar por uma visita que nunca chega.


A trama irá focar mais nas duas irmãs Elinor e Marianne, a caçula Margaret fica de lado e apagada em grande parte da história, e admito que eu senti falta da presença e posicionamento dessa irmã. Acompanharemos as relações amorosas dessas irmãs, o sofrimento pelo amor perdido, as intrigas e falsidades que rodeiam o ciclo familiar, e a amizade e companheirismo entre elas. Somos dividas entre a Razão (Elinor) e a Sensibilidade (Marianne), mas ao chegar no momento final da obra percebemos que há um equilíbrio entre as duas personagens e um crescimento pessoal que muda a visão de cada uma.

“Mas enquanto a imaginação das outras pessoas as levar a fazer julgamentos errados sobre a nossa conduta e a avaliá-la de acordo com aparências superficiais, nossa felicidade estará sempre de algum modo à mercê do acaso.”



Minha opinião
Como meu primeiro contato com a escrita da Jane Austen já adianto que me impressionei e que pretendo ler outras obras da autora ainda esse ano, principalmente Orgulho e Preconceito, que tenho o filme na lista de favoritos da vida. 
A escrita da autora, por ser uma obra feita no século XIX, no começo pode parecer difícil de ser compreendida e ter muitas palavras desconhecidas, mas isso não afetará o seu ritmo de leitura ou a sua experiência com a história, vai por mim. Acredito até que essa maneira rebuscada só agregue ainda mais com o enredo, que se passa em uma época em que as pessoas falavam desse jeito e com esse tipo de vocabulário. É até interessante para conhecermos essas formas de linguagem e termos mais conhecimento sobre o século em si.
Tendo essa dificuldade à parte, Jane Austen escreve de uma maneira poética e bela, fazendo com que você sinta intensamente os sentimentos das personagens e dentro da história. Não é uma leitura rápida que você fará em um ou dois dias (pelo menos comigo demorou bem mais que isso), mas também não é uma leitura cansativa. Às vezes você poderá se sentir um pouco enjoado por causa de tantas intrigas e do romance exagerado, mas sentirá falta disso quando não estiver com o livro em mãos e logo irá querer voltar para a história.
Infelizmente, eu não gostei do final e de como a história das irmãs Elinor e Marianne se resolveram. Eu imaginei um rumo diferente para elas, mas mesmo tendo uma opinião contrária do que foi escrita pela autora o final não ficou a desejar e nem causou desapontamento extremo ou total em mim. Depois de refletir um pouco, acredito que tenha sido até coerente com a obra, de como as personagens se desenvolveram ao longo do enredo e com o crescimento de cada uma.
No geral a história me agradou. Teve momentos que achei o romance bastante exagerado, mas temos que concordar que a época em que foi escrito também contribuiu para isso. A personagem Marianne sofre de corpo e alma pelo amado, e isso me incomodou em algumas partes por parecer dramático demais, mas também temos que lembrar que ela é uma adolescente e que este é o seu primeiro amor. E que além disso, naquela época os casamentos eram arranjados com as mulheres ainda novas, então casar com uma pessoa que você ama seria algo que quase todas desejavam, pelo menos aquelas que esperavam por seus príncipes encantados.
A Jane Austen constrói muito bem personagens femininas fortes e de uma atitude invejável. Ao lermos uma obra escrita durante os séculos passados é importante sempre lembrarmos de como era a sociedade, principalmente como as mulheres eram vistas por todos. A autora consegue descrever bem esse ponto da sociedade destacando o papel da mulher e dando para suas personagens uma nova visão e um novo posto.

“Não é o tempo nem a oportunidade que determinam a intimidade, é só a disposição. Sete anos seriam insuficientes para algumas pessoas se conhecerem, e sete dias são mais do que suficientes para outras.”

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