Literatura

Resenha: “O Hobbit” – J. R. R. Tolkien

Reprodução: Google


O Hobbit
Autor: J. R. R. Tolkien
Editora: WMF Martins Fontes
Ano: 2012
Minha classificação: ★★★★★
(5/5+favorito)
J. R. R. Tolkien escreveu O Hobbit para os seus filhos e publicou-o pela primeira vez em 1937. Criador da Terra Média, Tolkien vendeu milhões de cópias no mundo inteiro e conquistou um posto altíssimo por ter escrito “um dos livros mais influentes de nossa geração”, assim descrito pela The Times. Atualmente O Hobbit é considerado como um grande clássico moderno e é o prelúdio para a aventura que ocorre em O Senhor dos Anéis.

“Numa toca no chão vivia um hobbit. Não uma toca desagradável, suja e úmida, cheia de restos de minhocas e com cheiro de lodo; tampouco uma toca seca, vazia e arenosa, sem nada em que sentar ou o que comer: era a toca de um hobbit, e isso quer dizer conforto.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Bilbo Bolseiro é um hobbit que vive sozinho em sua toca. Como os outros hobbits, ele gosta de levar uma vida tranquila e confortável, fumar seu cachimbo fazendo pequenos círculos no ar e não ter preocupações. Porém, sua vida vai de encontro à um novo destino quando em um dia Gandalf, o mago, aparece na sua frente e convida-o para uma aventura.


Hobbits não são aventureiros. Pelo contrário, eles gostam de conforto e rotina. Mas, Bilbo não era um hobbit comum, e a parte Tûk da sua linhagem despertava nele um desejo diferente de apenas ficar em casa. Este desejo foi colocado a prova quando anões, que ele desconhecia até o momento, começaram a chegar em sua toca, comendo e bebendo tudo que havia ali. Mesmo confuso e sem saber o que estava acontecendo, Bilbo foi hospitaleiro e recebeu cada um daqueles estranhos, até que por fim Gandalf chegou e todo o grupo estava enfim reunido e pronto para a reunião.


Nesta reunião os treze anões e o mago discutem sobre como farão para chegar até o castelo, que pertence a família do anão Thorin Escudo de Carvalho, e reconquistá-lo das mãos do dragão Smaug. Para realizar essa aventura o grupo precisa de um ladrão, e Bilbo é a escolha certa para esse papel. Mesmo Bilbo à princípio negando o convite, ele acaba se convencendo que uma aventura não lhe fará mal e decide acompanhar os futuros amigos nessa jornada. O que o pequeno hobbit não esperava era que durante o caminho conheceria elfos da floresta, mas também enfrentaria orcs, aranhas gigantes e trolls. E ainda disputaria um jogo de adivinhas com um gollum e descobriria um anel mágico. 


A narrativa do Tolkien em O Hobbit é encantadora, além de ser divertida e fluir muito bem. Por ser uma obra infanto-juvenil, a linguagem não é explorada de maneira difícil ou complicada, sendo assim de fácil entendimento para todas as idades. Durante a história há muitos momentos engraçados, onde me peguei várias vezes rindo dos pensamentos hilários do Bilbo e seus diálogos com os outros aventureiros. 


É uma aventura que faz com que você se sinta completamente imerso no universo e queira conhecer cada vez mais daquele mundo. O autor é bastante descritivo, mas isso só complementa ainda mais a história, pois não traz descrições cansativas ou desnecessárias, e sim descrições que ajudarão a sua imaginação e aumentarão a experiência de leitura. A Terra Média é sempre descrita, e com isso conseguimos imaginar toda a sua beleza e também os seus perigos.


Mesmo o livro tendo entrado na minha lista de preferidos, há algo que me incomodou: a falta de representatividade feminina. Enquanto na trilogia de filmes temos a elfa Tauriel, que acompanha os anões e tem uma grande importância para o enredo, no livro não temos nenhuma aparição de qualquer personagem feminina, em nenhum momento. Acredito que a intenção do Tolkien não foi desmerecer um gênero ou outro, até porque em Senhor dos Anéis temos a presença de mulheres fortes, mas senti falta durante a leitura de O Hobbit. Porém, isso não afetou a minha experiência ou afinidade pela história.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

“Se mais de nós desse valor a comida, bebida e música do que a tesouros, o mundo seria mais alegre.”

A edição
Minha edição é da editora WMF Martins Fontes, que eu desconhecia até o momento que comprei esse livro, e é de comemoração aos 75 anos da obra do Tolkien. A edição é muito bonita, tanto por fora como também por dentro. 
É capa dura, com várias ilustrações belas e chamativas durante os capítulos, uma ótima diagramação de texto e dois mapas da Terra Média, um no início do livro e outro ao final (que ajudam bastante para se situar durante a jornada da história). Uma edição maravilhosa para os fãs e colecionadores da Terra Média terem na estante. 

Minha opinião
Eu me apaixonei pela história do começo ao fim. O Bilbo é um personagem cativante e divertido, então me senti muito conectada a ele desde o início. Ele tem uma maneira única de te conquistar e consegue te manter focado na história e ansioso para o que virá na frente. Mesmo já tendo assistido aos filmes (e mesmo tendo lá suas diferenças entre ambos), toda a magia que eu senti no cinema eu também consegui sentir durante a minha leitura, arrisco em dizer que a minha experiência foi ainda mais grandiosa e emotiva enquanto eu lia.
Em vários momentos eu ri com os personagens e seus diálogos divertidos, fiquei frustrada junto com eles quando algo não dava certo ou o plano não saia como o esperado, e também fiquei triste com o destino de alguns personagens. Eu disse no começo que o Bilbo me conquistou, mas todos os personagens ganharam um lugar reservado no meu coração. Os anões também são divertidos em vários momentos do enredo e me fizeram rir. Por mais que sejam treze nomes para diferenciar, como cada anão tem seu jeito único é bem fácil durante a leitura não confundi-los. No final você acaba sabendo o nome de todos e como são diferentes uns dos outros.
O mundo do Tolkien é grandioso e encantador. A cada pequeno momento explorado você quer ir mais além, conhecer mais a fundo e ter um contato ainda maior com a história e seus personagens. Há uma conexão muito grande entre o leitor e o narrador, dando a impressão de que você está escutando um amigo antigo lhe contar uma história. Trechos de músicas também são frequentes no enredo, e esse toque em especial me chamou bastante atenção (uma característica que foi mantida nas adaptações para o cinema, porém em menor número).
Durante toda a leitura tive uma experiência incrível e me senti alegre estando ao lado daquele pequeno hobbit e indo junto para sua aventura. A escrita do Tolkien flui muito bem e torna a leitura leve e empolgante. A cada parte você quer saber mais, se aventurar mais e entrar mais no clima do grupo. Você se torna um deles. Um aventureiro. 
Se você ainda tem dúvidas por qual obra começar a ler Tolkien, eu indico para perder o medo e aventurar-se ao lado do Bilbo e dos 13 anões. Além de ter um ótimo panorama da Terra Média, você já vai conhecendo o jeito de escrita do autor e se familiarizando com muitos personagens ao mesmo tempo. Uma ótima maneira para entrar de cabeça nesse mundo tão fantástico e que, eu garanto, irá lhe conquistar.

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