Literatura

#12mesesdePoe: A Máscara da Morte Escarlate + Espíritos dos Mortos

Reprodução: Google
A Máscara da Morte Escarlate
Minha classificação:  (3/5)



Espíritos dos Mortos
Minha classificação:  (4/5)

Autor: Edgar Allan Poe
Conto A Máscara da Morte Escarlate
Há uma doença se espalhando cada vez mais ao redor do país: a Morte Vermelha. Infectando fatalmente os seus hospedeiros, traz o sangramento, de várias formas diferentes, como o principal sintoma. Ao ser infectado, o doente tem apenas trinta minutos de vida, tendo os sintomas agravados durante o decorrer desse tempo.


O príncipe Prospero não está preocupado com a morte que devasta o seu povo, mas se preocupa que a Morte Vermelha possa chegar até ele. Para evitá-la o príncipe fecha a sua moradia e bloqueia a passagem de qualquer pessoa (ou doença) que possa querer se infiltrar no local.  Para não passar todos os dias tendo a solidão como única companheira, ele reúne alguns convidados para morar junto a ele.


O local é dividido em sete aposentos, sendo um deles o único que não é visitado por ninguém, pois é um ambiente escuro, possui uma atmosfera pesada e há um relógio que “grita” a cada hora passada. O barulho feito pelo tal relógio invade até mesmo as entranhas das pessoas que ali vivem, fazendo assim com que não queiram ter contato com o objeto e nem mesmo ficar perto do mesmo quando a hora do barulho chega.


Mesmo com o assombro causado pelo relógio, dentro da mansão tudo é festa e hoje, em específico, a festa aborda o tema do mistério, explorando fantasias e máscaras. As pessoas se divertem, bebem e comemoram a vida. Há música, muita bebida e conversa alta por todos os cantos. Pessoas se dividem pelos cômodos e esperam o fim de mais uma noite. Porém, um visitante misterioso e o tilintar do relógio sugerindo que é meia noite poderão trazer um grande terror aos que estão presentes.


Com uma narração em 3º pessoa, Poe traz um narrador que mesmo estando ciente dos acontecimentos transmite a impressão de ser um observador assim como o leitor. Como se ao falar do Príncipe, um ser egoísta e mesquinho, o narrador se colocasse perante ao personagem e o julgasse pelos seus atos, desejando assim que a felicidade não o atinja, mas que a morte o encontre. Por causa disso o leitor se sente conectado, de alguma forma, com o contador da história. Há um elo, uma ligação. Como se a narração estivesse saindo de nossas próprias bocas.


“O sétimo apartamento era densamente amortalhado em reposteiros de veludo negro  pendendo por todos os lados do teto e das paredes, caindo em pesados drapejamentos sobre um tapete de mesmo material e matiz. Mas apenas nesse recinto a cor das janelas deixava de corresponder à da decoração. As vidraças eram escarlates – uma profunda cor de sangue.”


Poema Espíritos dos Mortos
O eu-lírico desse poema é sombrio, mórbido e isolado. Ele disserta sobre espíritos, como se esperasse pela presença dos mesmos ou quisesse espantá-los para longe. Há apreensão, há cuidado. O poema também pode ser visto como uma forma de aviso, podendo assim utilizar os espíritos como uma analogia a algo que está te prendendo no lugar, te impedindo de seguir em frente ou te empurrando para baixo.

Me atentei aos sentimentos ao invés de uma descrição, pois nesse caso o poema traz mais sensações do que uma história propriamente dita. E é por isso que se torna essencial o conhecimento por parte de cada um para conhecer melhor esse poema e descrevê-lo da maneira que acha adequado.


Mas é importante lembrar que: a minha interpretação pode ser diferente da sua, nossas visões podem ser completamente alheias umas das outras, a sensação que o eu-lírico me passou pode ser a oposta pela qual você sentiu/sentirá. Então, caso você tenha lido o conto e tenha tido uma experiência diferente da que descrevi acima, deixe nos comentários e vamos debater sobre isso, pois é aí que está a magia da escrita: as diferentes interpretações.


A noite, embora iluminada, há de observar
E as estrelas, para baixo, não irão olhar
De seus altos tronos celestiais
Que iluminam como Esperança aos mortais.”


Minha opinião
Sobre o conto: 
No meu primeiro contato com esse conto eu havia gostado bastante e agora relendo-o eu também gostei por igual. Essa história é bastante apreensiva e agoniante. Você fica querendo saber quem é o convidado desconhecido e porque a sua fantasia é tão diferente das demais. Você fica indagando o que há de errado com esse homem e por que todos estão com medo dele. Será que ele passa uma sensação ruim? Será que ele, visualmente, é assustador? Ou será que ele transmite os dois?
A escrita do Poe consegue deixar o leitor apreensivo e curioso, querendo saber imediatamente o que está acontecendo e porque a festa estagnou com a chegada dessa pessoa misteriosa. E por o conto ser curto, não ultrapassando mais do que seis páginas, a leitura flui rapidamente e com um ritmo surpreendente. Quando o leitor começa a entender o que está acontecendo a história finaliza. Admito que o final me deixou com um gostinho de quero mais e com curiosidade para saber como estaria a cena visualmente ao término da história.
É incrível a maneira que o autor consegue te prender mesmo com poucas páginas e mesmo com um cenário que foca apenas em um local fechado e pessoas seletas. Em especificamente nesse conto, ele ainda tem a proeza de deixar o leitor assustado apenas com o barulho de um relógio. Acredito que nunca ouvirei o “tic tac” de um relógio da mesma maneira depois dessa leitura (e nem você!). Depois de ter contato com essa história até esse simples barulho me fará tremer e isso é o mais legal das histórias do Poe: essa habilidade de deixar o leitor amedrontado com algo do cotidiano.
Eu tive uma ótima experiência de leitura e consegui sentir o terror dos personagens em mim. Fiquei inquieta, agoniada e desesperada. Mesmo sabendo sobre a personalidade de cada um que mora na mansão e o motivo pelo qual se exilaram ali é quase impossível não sentir empatia e medo por eles. Até porque há um estranho no local, e isso causa pânico, querendo ou não.
A Máscara da Morte Escarlate é um ótimo conto para se ter o primeiro contato com as obras do Edgar Allan Poe. Se você procura uma história macabra e com mistério, esse conto também será perfeito para encaixar-se em sua meta de leitura. Indico para todos que se sentiram intrigados com a resenha e curiosos para saber mais.

Sobre o poema:
Não sei explicar o motivo do poema ter me tocado tanto, não sei se foram as palavras usadas ou o tema abordado ou até mesmo a maneira que a morbidez foi explorada, não sei dizer o que me fez gostar tanto desse texto e o porque do meu deslumbramento enquanto eu lia. Talvez poesia seja isso. Você pode até mesmo não entender o real significado que o eu-lírico está querendo passar, mas da sua forma você sente, seja algo relacionado com o texto ou algo que lhe veio a mente durante a leitura e se mostrou essencial naquele momento.
Acredito que poesia seja exatamente isso: o essencial que você precisa naquele momento. E é por isso que, dependendo do seu estado mental e de espírito, você pode ou não gostar da leitura. Não sei como estou no momento, apenas sei que esse poema adentrou em mim e ficou.
Vi no eu-lírico um desejo de fuga, de libertação dos seus próprios espíritos (medos, conflitos, presenças que não são bem vindas). Acredito que vi a mim no próprio eu-lírico e a identificação foi o que mais me tocou no poema. É um texto lindo, cheio de musicalidade e versos intensos, onde o autor coloca bastante de si e de seus pensamentos. Um texto que deve ser lido e apreciado por todos, independente de quem gosta ou não de poesia, pois é um ótimo passo para se aprofundar nesse gênero literário


Participe do projeto conosco: 

6 thoughts on “#12mesesdePoe: A Máscara da Morte Escarlate + Espíritos dos Mortos”

  1. Eu nunca li nada do Poe, mas confesso que sempre tive certa curiosidade e, esse conto e o poema que você resenhou parecem ser/ter o tipo de história que me prenderia facilmente…
    De qualquer forma, agora estou morrendo de vontade de ler e com certeza vou adicionar na minha leitura de desejados hahah.
    Adorei o blog <3

    xoxo
    Fora do Contexto

    1. Leia e depois divida comigo suas impressões! Vou adorar saber sua opinião e o que achou do nosso grande Poe. Espero que você goste e se delicie lindamente com essas histórias.
      Obrigada e volte sempre! ♥

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *