Entrevista

Entrevista: Autora Isabella de Andrade

Reprodução: Isabella de Andrade

“Isabella de Andrade, 27 anos. Sou jornalista, atriz e escritora. Formada em jornalismo e artes cênicas (ambos pela Universidade de Brasília). Um livro publicado, Veracidade, pela Editora Patuá. Idealizadora e autora no site www.ociclorama.com

Olá leitores!
Ano passado eu tive a oportunidade de me tornar parceira da autora Isabella de Andrade, colega de estado, e conferir o seu trabalho poético no livro Veracidade, o qual sairá resenha na sexta-feira. Para vocês, assim como eu, conhecermos melhor a autora, ela nos concedeu uma entrevista e contou um pouco mais sobre o seu trabalho como escritora e suas inspirações para os textos poéticos.


Vamos a entrevista?

1) Para mim e os leitores te conhecerem melhor, conte-me um pouco sobre você: hobbies, livros preferidos, manias de escrita, etc. 
Seria clichê apontar a leitura como um hobbie, mas assim é. Haha Mas tenho uma personalidade que transita bastante entre o tempo de aproveitar dias de chuva em casa, lendo, tomando um capuccinho ou um chá com biscoitinhos, revezando leituras e pensando em novos escritos, com uma personalidade totalmente ao avesso. Também adoro deixar o aconchego de lado e fazer trilhas, mergulhar na cachoeira, ir para a praia, passar horas nadando ou olhando o mar. Gosto de levar os livros para esses lugares também, mas normalmente são instantes de deixar um pouco as páginas de lado e sentir a água, aproveitar o passeio e os dias de sol. 

2) Com qual idade você começou a se interessar pela escrita e o que lhe motivou a começar a escrever poemas? 
Lembro de ter uma relação muito antiga e natural com a palavra. Quando criança, amava ler meus gibis e escrevia escondida em meus diários. No início eles eram de papel e depois foram ganhando espaço em blogs secretos. Quando criança e adolescente, a escrita fazia parte de mim como um espaço pessoal, um instante de diálogo comigo mesma, um meio de refletir e colocar para fora meus próprios demônios. Os primeiros poemas e escritos refletem bem essa fase. Os primeiros amores, as desilusões, a necessidade de enfrentar o diferente na escola. A escrita foi se tornando uma companheira fiel e inseparável, que me fazia enxergar melhor as minhas experiências, me proporcionava um instante de respiro e me acalentava quando era preciso. Os anos passaram e ela continuou comigo. Eu me envolvi com o teatro, o jornalismo, a comunicação, a paixão pela literatura. Com o tempo entendi que não era sonho adolescente, era parte da minha personalidade. Acho que é um pouco assim até hoje, ela se mistura entre minha expressão pessoal, a criação literária, a fantasia e a realidade do meu próprio trabalho, que envolve 100% a palavra e a necessidade de contar boas histórias. 
3) O que mais lhe inspira para escrever? 
Eu sempre faço essa pergunta aos artistas durante as entrevistas (sou repórter) e enquanto faço, eu mesma me respondo que ela é complicada de responder. Não sei ao certo apontar algo específico como inspiração, acredito que, como grande parte de quem escreve, atua, dança, cria, a vida me inspira. O cotidiano, as sensações, as tristezas e felicidades, um dia gostoso na praia, uma lembrança ruim, um livro incrível que mexe comigo. Acredito que a escrita é um apanhado das minhas vivências, desejos e experimentações. As sensações chegam no cotidiano. 

4) Quando poderemos ler um romance seu? Tem planos para isso? 
Tenho planos sim, com certeza. Estou escrevendo um por agora e o processo tem sido mais lento porque quero publicar com mais cuidado. O Veracidade acabei lançando um pouco no susto, naquela sede de escrever e publicar. Juntei a paixão pelos poemas e a vontade de me aventurar pela prosa e ele saiu. Mas um bom romance é um desejo antigo, espero que saia o quanto antes (quem sabe ainda nesse ano!). 

5) Como a sua família reagiu quando soube que você queria seguir a carreira de escritora? Teve alguma reação negativa? 
De maneira alguma. Na verdade, não passei muito por esse momento de dizer que gostaria de ser escritora. Eu cursava faculdade de jornalismo (atualmente sou formada em jornalismo e artes cênicas), fazia teatro e ia escrevendo meio às escondidas, somente por prazer pessoal. Entrei em contato com a editora, tudo quietinha e um belo dia contei que lançaria o meu primeiro livro, o Veracidade, todo em prosa poética. A família ficou surpresa e orgulhosa, achou muito bacana que eu tivesse finalizado o livro e me incentivou bastante a continuar a produção escrita. Sempre com outros trabalhos simultâneos, é claro, porque ainda é muito distante pensar em viver somente de literatura, o mercado editorial é disputado. Pretendo continuar com os livros sempre, o quanto puder. O processo acaba sendo mais lento justamente por essa necessidade de conciliar com outros trabalhos, mas no fim, vale à pena. 

6) Quais conselhos você dividiria com os novos escritores? Tanto no meio da escrita como também sobre publicação, criatividade, etc. 
Primeiro de tudo, aquele clichê essencial: é preciso ler muito e ler de tudo. Quem quer trabalhar com a escrita deve dedicar-se verdadeiramente às leituras, conhecer autores novos e antigos, variar estilos, sair da bolha pessoal. Vejo atualmente muita gente que quer ser escritor, principalmente com a facilidade da internet, mas lê pouquíssimo. Por que motivo iríamos escrever livros para alcançar outros leitores se nem ao mesmo nós nos interessamos pela leitura? Além disso, quanto mais se lê, mais a mente se abre para a escrita. Eu diria que é importante também escrever sem medo, errar, guardar para si, escrever novamente, deixar a mente fluir, assim o processo se torna cada vez mais natural. Quanto à publicação, o passo crucial e mais básico é: ter um livro escrito e finalizado. Com um bom material, bem revisado, boas histórias e uma escrita cuidadosa, é possível encontrar editoras menores atualmente e super abertas aos novos escritores. O importante é isso, tirar as ideias da cabeça, sair do plano dos sonhos e contar as histórias no papel. 

7) E para finalizar: nos indique um livro especial para você. 
Acho difícil indicar um único livro especial, pois esses favoritos e que nos despertam algo diferente vão transitando e se modificando ao longo da vida. Vou pensar em dois, um se chama O menino no espelho, de Fernando Sabino, é o meu especial mais antigo. Lembro de ter lido quando era criança e de ter me encantado com a história, o ritmo da escrita, os personagens que se formavam na minha cabeça. Depois do encanto que tive por esse, comecei a buscar mais livros, talvez minha paixão por conhecer cada vez mais novas histórias tenha começado por aí. Outro especial, e agora um mais recente, seria A elegância do ouriço, de Muriel Barbery. A escrita da autora é bem leve e ao mesmo tempo refinada, com um ritmo muito gostoso. O livro mexeu comigo. Ele transita entre a infância e a vida adulta, a diferença de classes, a invisibilidade do cotidiano. 
Inclusive, se quiser entender um pouco mais meu encanto por ele, pode dar uma lida aqui na resenha.
Reprodução: Isabella de Andrade






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