Literatura

Resenha: “Sobre Fragmentos” – Davyd Vinicius

“De pesado
Basta o coração.
Deve ser por isso
Que não saio do chão.”

Davyd Vinicius em Sobre Fragmentos, seu primeiro livro publicado, reúne mais de 20 poemas intercalando-os em versos livres, estrofes de tamanhos variados e extensão de textos que ocupam no máximo uma folha inteira ou apenas parte da mesma. Por exemplo, temos alguns poemas mais extensos e que possuem ritmicidade (musicalidade), enquanto também há outros com apenas uma estrofe de poesia e que são mais precisos, objetivos, “diretos ao ponto”.

Os temas dos poemas podem intercalar entre amor, abandono, vingança e saudade, conseguindo encaixar dentro destes outros assuntos como fé, esperança, luta e Deus. Então, mesmo que a antologia possa parecer pura e simplesmente sobre os amores da vida, no sentido pessoal, há uma exploração a mais no quesito amoroso, o qual lhe dá um espaço para explorar o amor que envolve a fé, na questão de crença espiritual, e a superação, na questão de lutar pelo o que você quer e superar os tropeços que a vida lhe dá.


As analogias e metáforas também estão presentes nos textos do Davyd. Enquanto lia pude perceber que alguns termos e palavras eram usados de forma conotativa, ou seja, em forma de sentido figurado, com significados que fugiam do dicionário e que não são habituais em discursos padrões. Esse método conotativo é muito utilizado na poesia, por isso vi como algo positivo na escrita do autor, sendo assim uma forma de nos deixar mais conectado ao eu-lírico e seus sentimentos.


A leitura flui de forma rápida, já que os poemas são curtos. O livro tem em média 60 páginas, sendo ótimo para intercalar com histórias mais pesadas e densas e também uma boa maneira de se adentrar no mundo da poesia. Para os leitores mais rápidos, o livro pode ser lido em menos de 3 horas através de uma leitura contínua, mas indico que deem um tempo mais prolongado para os poemas, quem sabe ler um certo número a cada dia, deixando assim o livro como uma leitura de cabeceira, uma leitura agradável para se fazer antes de dormir ou até mesmo ao acordar.

“Nada é tão fraco a ponto de se afundar.”



Como me senti lendo as poesias:
O autor tem uma escrita fluida e de fácil entendimento, utilizando palavras já conhecidas e “abusando” dos sentidos figurados. É importante frisar, para os que não têm costume de ler poesias, que um poema não é necessário e muito menos obrigatório conter palavras e termos difíceis, que muitas vezes desconhecemos e não fazem parte do nosso dia-a-dia. Apenas estou citando isso, pois eu mesma antes de ler mais do gênero imaginava que a escrita era complicada e cheia de significados nas entrelinhas. Claro que o significado ainda está lá, mas só quero dizer que não é necessário uma língua padrão para se fazer uma boa poesia. E isso é perceptível na escrita do Davyd.


Os poemas trazem temas cotidianos e simples, algo que talvez tenha deixado a minha expectativa um pouco baixa. Não entendam errado, eu gosto de poesias que falam de tudo: amor, auto estima, superação, abandono, etc. Mas nesse caso em específico, achei que os poemas do Davyd acabam sendo simples demais. E por mais que eu entendesse a visão do eu-lírico e sentisse na própria pele os seus sentimentos, às vezes se tornava inviável ter um aprofundamento maior na poesia e nas palavras, pois muito sentimento acabava tornando o texto doce demais, enjoativo e até repetitivo.


No geral foi uma leitura agradável, ainda mais porque tive a minha primeira experiência em ler dois livros ao mesmo tempo intercalando-o com A Bússola de Ouro, uma leitura que tomou mais do meu tempo e mente. Fiquei curiosa para ler outras coisas do autor e tentarei acompanhá-lo em suas publicações futuras. Para aqueles que querem começar a ler poesias, eu deixo este livro como recomendação para um primeiro contato e descobrimento do gênero. É uma ótima indicação para ler em maratonas literárias, intercalar com histórias mais pesadas e se livrar da ressaca literária.

Se você se interessou pelo livro, basta entrar em contato com o autor por aqui. E, pelo menos até o momento em que essa resenha está indo ao ar, ainda não há cadastro da antologia na estante do Skoob.


Leia também a entrevista que eu fiz com o autor: clique aqui.

“Devemos lembrar que em um labirinto as dificuldades prevalecem, porém a porta de saída permanece intacta.”

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