Literatura

Resenha: “Uma Ilha no Atlântico” – Day Fernandes

“Quando a hora chegar, a guardiã terá que encontrar o caminho de volta para o seu verdadeiro lar. Ou ele estará fadado ao fracasso e desaparecerá para sempre.”

Mariana Fragoso está no auge de sua carreira como arquiteta: trabalhando na Construtora Montenegro, está prestes a assinar um contrato importantíssimo para a empresa. Os seus esboços já foram pré-aceitos pelos representantes do cliente e tudo está caminhando muito bem para o fechamento do contrato, não fosse por um pequeno empecilho que pegou Mari de surpresa: para finalizar o seu trabalho, a arquiteta terá que viajar para uma ilha no Atlântico e acompanhar de perto a sua construção. Como se isso já não fosse estranho o bastante, Mari terá que conviver com o seu cliente, Théo Santiago, o qual conversou apenas por telefone, porém que já a deixou abalada com a sua voz.


Mariana não quer um relacionamento e muito menos mais um problema para se preocupar. Tudo o que necessita no momento é focar em sua carreira como arquiteta e continuar dando apoio a sua melhor amiga e companheira de apartamento Bianca. Porém o seu chão é completamente lhe retirado quando a oportunidade de um novo amor bate a sua porta. Uma oportunidade que logo é frustrada ao saber que a casa será construída para Théo e sua noiva. Não que ela realmente quisesse viver uma história de amor com o cara que só havia conversado ao telefone, mas que em contrapartida tem uma voz que a fez arrepiar.


Através de uma narração em 1º pessoa, o leitor tem contato direto com os pensamentos mais íntimos e engraçados de Mariana, que nos entrega vários momentos hilários e comentários repletos de piadas sem graça (mas que farão você rir justamente por conta disso). O tipo de humor que me agrada e me deixa fisgada na história. Mesmo tendo apenas Bianca como alguém próximo, a personagem se mostra independente e difícil de se abalar, não deixando que sua história de abandono a atinja nos momentos mais complicados. 


É difícil não se interessar pela história da Mari ou até mesmo de Théo e da Ilha Maris, lugar absurdamente bonito e apaixonante. A Ilha tem um ar vitoriano com um ambiente aconchegante e pacífico, dando a impressão que estamos imersos em um romance de época, tanto por conta do visual como também por causa do comportamento educado dos personagens que ali habitam. Théo também é outro personagem repleto de carisma e gentileza, sendo que em nenhum momento o seu comportamento aparenta ser forçado ou falso. Tudo flui de maneira espontânea. O romance é bem construído, dando a impressão que não é instantâneo, que o amor realmente cresce entre os personagens e vai se intensificando ao longo dos atos. 


A escrita da Day também é algo que surpreende o leitor, pois é fluida, rápida e viciante. Aquela leitura que você não conseguirá parar de ler até chegar ao final. E quando isso acontece você fica com vontade de voltar ao começo e iniciar a leitura novamente. Isso aconteceu comigo e posso dizer que já sinto uma enorme saudade dos personagens e de Maris.


Outro ponto interessante de ressaltar é o mistério que envolve a história, já que não apenas de romance e bons momentos são vividos em Maris. Durante a história fica claro que lendas e desastres ambientais envolvem a ilha, e assim como Mari nós leitores também ficamos cheio de curiosidade para saber o que realmente está acontecendo ali, por que há tantos segredos e o que há por trás dos terremotos.

“Apaixonada… A expressão usada por ele me causou uma sensação estranha no estômago. Não, eu não era uma pessoa que se apaixonava. A não ser pelo meu trabalho, é claro.”


Reprodução: Biblioteca Pessoal

A carisma dos personagens
Não sei se com vocês acontece a mesma situação, mas comigo acaba sendo difícil rolar uma identificação com os personagens. Ao menos com os últimos livros que eu tenha lido. Seja por conta de ambiente familiar diferente do meu ou por questões de pensamentos que não concordo. A questão é que encontrar personagens carismáticos, ou pelo menos a maioria dos personagens que habitam em uma história, não acontece sempre, mas quando acontece se torna algo inspirador e faz com que a leitura seja ainda mais gratificante.


Em Uma Ilha no Atlântico tive o prazer de ter contato com personagens principais e secundários recheados de carisma e atenção. Era como se os próprios falassem comigo e me conquistassem cada vez mais a cada minuto de conversa. Mesmo que cada um tenha um jeito único e uma maneira diferente de se expor, seja dentro ou fora de Maris, cada um consegue te manter preso em sua história e fazer com que o leitor queira saber um pouco mais, já que o que sabemos não será o suficiente.


Falando de forma breve sobre os outros personagens, sem mencionar a Mari ou o Théo, temos a Louise, irmã mais nova de Théo, uma garota ingênua e encantadora, que muitas vezes me fez pensar que eu estava diante de uma criança. Mesmo tendo seus 21 anos a ingenuidade por não conhecer o mundo e outras pessoas fora da Ilha faz com que Louise muitas vezes aparente ser nova demais. Porém, ela acaba se tornando uma das mulheres com mais força de espírito e presença dentro da história. Minha vontade era só de abraçá-la e sair por aí fazendo compras ao seu lado (queria mostrar o mundo para ela!).


Em contrapartida também há a Bianca, melhor amiga de Mari. Por conta da história se passar a maior parte do tempo na Ilha, Bianca acaba que aparecendo só através de telefonemas ou relances no apartamento, nada que consuma muito tempo dentro da história. O que é uma pena, já que a Bia é uma mulher forte, pronta para superar seus traumas e conseguir a promoção no consultório em que trabalha que tanto deseja. Ao menos fico feliz e mais “relaxada” ao saber que um spin-off dedicado à ela está por vir. Entretanto, é claro que também há outros personagens que roubam a cena (e nossos corações), mas acredito que será mais interessante se você descobrir cada um por conta própria. Garanto que vai ser difícil escolher apenas um favorito.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Como abandonar Maris?
Como definir esse livro que li em apenas 3 dias, pois não conseguia largá-lo? E quando eu o largava tudo que conseguia pensar era nele: em seus personagens, sua Ilha, suas lendas, em tudo. Para aqueles que já me conhecem sabem que eu sou meio lenta na leitura, demorando até uma semana para ler até os livros mais curtos. Porém, fui pega de surpresa com Uma Ilha no Atlântico e presa em um limbo de que não foi fácil sair (ou seja, fiquei em ressaca literária por um mês).


Não sabia que a história iria me surpreender e me prender dessa maneira, foi uma grata surpresa. A narradora-personagem, Mariana, é carismática, independente, verdadeira e dona de si. Isso me agradou tanto que não tenho nem como descrever. Théo é romântico, enigmático e educado. Com um estilo meio era vitoriana e seus olhos azuis oceano ele conquista suas leitores (e Mariana) de uma forma que é difícil de encontrar em outros personagens masculinos. Por mais que ele queira cuidar de Mariana, ele a deixa livre, do jeito como deve ser, e talvez isso tenha me conquistado ainda mais: esse amor sincero, verdadeiro e certo. Aqui não há abusos ou possessão, há apenas amor. 


Eu estava precisando tanto de um romance que me abrisse os olhos e aquecesse o meu coração. E enfim consegui encontrá-lo através das palavras de uma autora nacional que eu irei agradecer sempre. Eu adoro romances, mas a maioria parece bastante problemático e cheio de erros para mim. Os últimos que eu havia lido, por mais que tivesse gostado, não me atraíram tanto quanto eu precisava. Eu realmente estava sentindo falta de conhecer um casal que me agradasse e me fizesse sentir falta ao final da leitura. E eu só posso dizer que essa foi a melhor surpresa literária de 2018 para mim, mesmo sabendo que o ano ainda está pela metade.


Escrevi essa resenha com um aperto no coração, pois tive a impressão que mesmo falando muito eu não disse a metade do que gostaria. Estou com a impressão de que ainda não consegui me expressar totalmente sobre o que senti com a leitura e nem consegui passar o quanto esse romance foi importante para mim. E até agora eu ainda não consigo descrever a minha conexão com esse livro, mas espero que ao menos 10% da minha empolgação tenha sido transmitida através dessa resenha e tenha atraído os olhares dos amantes do gênero.


Mari e Théo estão na minha lista de casais preferidos (e olha que essa lista é bem curta, citei ela aqui). Quero espalhar a palavra desse livro por aí e fazer com que todos a leiam. Além de ser um romance de tirar o fôlego e arrancar muitos suspiros, Uma Ilha no Atlântico também é recheado de fantasia, trazendo para os leitores uma Ilha mágica e bela e um suspense cercado por lendas que aguçarão a sua curiosidade. Depois de ler essa obra, o desejo de fazer as malas e ir direto para Maris ficará cada vez mais forte em você. Eu já comprei a minha passagem só de ida, e você? O que está esperando?


Adicione aqui o livro à sua estante no Skoob e compre a versão física aqui no site da Fênix Editorial. Compre aqui a versão em e-book na Amazon e ajude o blog a continuar ativo.

“Esperarei por você quanto tempo for, Vasilisa. Sempre e para sempre.”


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4 thoughts on “Resenha: “Uma Ilha no Atlântico” – Day Fernandes”

  1. Meu Deus do ceeeeeu! O que foi essa resenha mais incrível que eu já quero tatuar na minha testa??? Eu nem sei o que dizer depois dela, como agradecer por todo esse carinho… Sério, eu fiquei emocionada porque é tão difícil encontrar leitores que abram seus corações para os nacionais e saber que meu livrinho fez diferença na sua vida já me deixa infinitamente feliz! Obrigada, minha linda! Por tudo, e quando digo tudo é tudo mesmo! Essa resenha foi um presente incrível e lindo, eu quero te abraçar até nós duas ficarmos de cabelos branquinhos e muito depois disso tbm!

    1. Hahahaha, você é muito fofa! ♥
      E você merece todo esse reconhecimento e muito mais! Quando digo que suas histórias me encantam e me deixam uma sensação de paz inexplicável, pode saber que é tudo verdade. Você, com certeza, é a autora que mais gostei de ter contato esse ano e que mais amei ter "descoberto". Espero ler ainda mais histórias suas e ser conquistada por cada uma delas.

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