Literatura

Resenha: “Darkson – O Pirata das Trevas” – Marcos Perillo

A pirataria corrói a alma dos homens, fazendo deles verdadeiros animais selvagens que se alimentam de violência e crueldade. Subjugam o próximo apenas pelo prazer de subjugar.

O pirata Joe, agora um alcoólatra e perdido pelo mundo, está afundando em seu próprio vício. Não tendo lhe sobrado mais nada material, após desfazer-se de tudo em troca de bebida, sobrou-lhe apenas o filho, um bebê recém-nascido que se transformará em sua salvação. Embora para alguns a salvação esteja no amor de uma criança, para Joe o bebê é apenas um meio para se conseguir mais bebida, dinheiro e mulheres.

Através de sonhos, o pirata é contatado por uma entidade denominada Heller, que lhe promete tudo que quiser em troca da criança. Heller é um deus do mal que procura por seu filho na Terra, o qual nascerá como sendo o 6º filho de Satã. Ao encontrá-lo, a criatura deseja conquistar o Universo ao lado do menino e juntos espalharem o mal.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Mas Darkson, Handless e o Last Voyage, enfim, estavam juntos. Juntos e imbatíveis. Pobre do mundo que os esperava.”

Darkson, filho de Joe, foi abandonado pelo próprio pai em um prostíbulo quando ainda era um bebê junto com uma espada, que futuramente seria chamada de Handless. Criado por prostitutas, cresceu na companhia daquelas mulheres e desenvolveu um carinho muito grande por cada uma que se dedicou a cuidá-lo e amá-lo. 


Ao ficar mais velho, decidiu seguir a carreira nos mares e se dedicar como um pirata, virando assim um dos homens mais temidos e sanguinários das águas. Conhecido por suas batalhas, criou uma fama de ser imortal e invencível. Handless, a ceifadora de mãos, e Darkson eram apenas um só. Juntos destroçavam e acabavam com todos os seus inimigos e espalhavam o terror onde o navio Last Voyage ultrapassasse.


O grande pirata não teme a nada e a ninguém. Apenas quer causar mortes e derramar sangue pelos mares. Por conta disso, dessa matança interrupta, Netuno, o deus dos mares, tem como objetivo impedir Darkson e restaurar a paz em suas águas. E por isso, decide proclamar no pirata uma maldição que o acarretará assim que completar 33 anos.


Darkson – O Pirata das Trevas traz uma narração em 3º pessoa e um prólogo o qual o autor conta como surgiu a inspiração para criar a história. Com apenas 102 páginas, a leitura flui rápido e surpreende os fãs de histórias de piratas. É curto, fluido e certeiro. Sem enrolações. Cada personagem está ali com uma intenção, nada é “jogado” sem sentido ou explicação. Nada é deixado vago ou solto.


A edição do livro está muito bonita, combinando a capa escura com orelhas verdes chamativas, uma combinação que deu certo e trouxe certa beleza para a obra. As folhas são grossas e, infelizmente, há alguns erros de revisão, porém nada que estrague ou incomode a experiência de leitura. É importante ressaltar que a obra conta com uma linguagem mais “descarada”, contendo palavrões e cenas de sexo, tendo assim uma classificação para aqueles mais familiarizados com esse tipo de linguagem e aqueles que se sentem à vontade com tal. Esse aspecto da obra não foi, em nenhum momento, um empecilho ou algo ruim para mim. Pelo contrário, ao meu ver fez sentido tanto por conta do teor da história como também por causa da época e ambiente em que é narrada.


Reprodução: Biblioteca Pessoal
Como foi minha primeira embarcação em um navio pirata?
Em junho cai em uma ressaca literária absurda que perdurou o mês inteiro. Tendo lido apenas um livro no comecinho desse mês, e depois ficado sem vontade de embarcar em qualquer outra história, Darkson conseguiu me tirar dessa ressaca logo no início de julho e me puxar de volta para o mundo da literatura


Sendo um livro curto, a leitura fluiu rápido e sem perceber, dando para lê-la em apenas um dia para aqueles que preferirem e sendo uma ótima opção para maratonas literárias. Inclusive o li em uma dessas maratonas que fiz com algumas colegas. Porém, no meu caso, quis aproveitar o máximo da leitura, então levei dois dias para conclui-la, e não me arrependo disso. Queria passar mais tempo com os personagens e desfrutar de todas as aventuras com o protagonista. Mesmo que a história se passe após os anos de 1600 e seja contada ao decorrer dos séculos, consegui imergir sem dificuldades no contexto. Ao final, já me sentia uma companheira corrupta de Darkson e cheia de palavrões para soltar.


Nunca havia lido nada sobre piratas. O meu único contato com personagens desse tipo havia sido no game Assassin’s Creed IV – Black Flag (o meu jogo preferido da franquia) e com os filmes Piratas do Caribe, e com isso já vinha nutrindo um carinho meio caótico e peculiar por esses selvagens. Mas agora, ainda mais depois de ler a obra do Marcos, estou com uma grande vontade de conhecer tudo que já foi escrito sobre esses humanos sanguinários e repugnantes (aceito indicações, por favor!).


Um dos pontos que me surpreendeu em Darkson foi a maneira que o autor brincou com a fantasia e introduziu elementos da mitologia grega e personagens conhecidos na cultura popular. Durante a leitura você se encontrará com nomes como Barba Negra e Scarface, um “prato cheio” de referências para quem gosta de ambos.


A escrita crua e sem rebocos do autor me fisgou, admito. Fazendo com que a minha leitura tenha sido mais do que satisfatória e prazerosa. Como uma fã de cenas bem descritas e explícitas, gostei de cada minucioso detalhe e gota de sangue nos dada pelo autor. O livro não traz um assunto literalmente pesado e angustiante, mas tem um teor que não é nada leve, isso por conta dos assassinatos, roubos e massacres. Então, antes de se aventurar nessa jornada incrivelmente sangrenta, fica a seu critério decidir se te agrada ou não histórias nesse estilo mais obscuro.


Após terminar a leitura conversei com o autor e soube que haverá continuações. Fiquei feliz, já que o final deixa um assunto em aberto que eu, com certeza, quero saber o desfecho. Não há data prevista para os próximos livros, porém fico no aguardo e torcendo para encontrar novamente com os personagens o mais breve possível. Prevejo que sentirei falta do impiedoso pirata, mesmo que isso possa parecer levemente estranho.


Aos fãs de fantasia e, principalmente, de piratas, Darkson é uma indicação mais do que obrigatória. Se atente as informações que passei mais acima e verifique se o livro dá sinais que irá lhe agradar. Ao meu ver, mais pessoas precisam conhecer essa história e dar uma oportunidade a essa fantasia nacional diferente das demais. Mais pessoas precisam conhecer Darkson, sua espada Handless e seu barco Last Voyage. Mais pessoas precisam sair da zona de conforto e adentrar essas águas agitadas e banhadas por sangue. Você precisa se juntar a tripulação de Darkson e torna-se um pirata. Você precisa entrar nessa aventura! Mas cuidado ao ver abutres. Abutres, malditos abutres!


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2 thoughts on “Resenha: “Darkson – O Pirata das Trevas” – Marcos Perillo”

    1. Eu também não sou muito de ler aventuras, mas essa é ótima! Principalmente para aqueles que se interessam por piratas ou assuntos assim mais macabros e descontraídos ao mesmo tempo. Depois que conseguir ler, vem e me diz o que achou! Tô louca para compartilhar minhas impressões com mais detalhes com outro leitor. E obrigada! ♥

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