Literatura

Resenha: “Horror Oriental” – Gan Bao, Pu Songling, Koizumi Yakumo, Basil Hall Chamberlain e Im Bang

“Horror Oriental” traz contos populares fantásticos e sobrenaturais originados da China, Japão e Coréia.

Traduzido por Paulo Soriano e Lua Bueno Cyríaco, os contos que compõem o livro Horror Oriental abordam as lendas populares das culturas chinesa, japonesa e coreana, colocando-as como histórias possíveis de serem verdadeiras, ou seja, como relatos que podem um dia terem acontecido. Para alguns isso pode aparentar banal ou até mesmo como uma mentira contada para uma criança ser obediente, entretanto é exatamente essa mescla entre mistério e realidade que somam na riqueza das histórias.


Diferente de contos de horror produzidos em terras americanas, o horror oriental transmite uma atmosfera que desperta o bizarro mostrando-o como sendo algo crível. As ilustrações que acompanham cada um dos contos também auxiliam com que o leitor ingresse mais à fundo nas histórias e se mantenha ainda mais conectado com a própria imaginação. 


Acima de ser uma antologia do gênero terror, com o intuito de causar pavor e desconforto, Horror Oriental vem com o objetivo de informar e espalhar a cultura oriental. Uma cultura tão rica, mas que não é tão difundida como deveria, ganha destaque e o coração dos fãs do gênero através dessa edição publicada pela Editora BuruRu.

Alguns dos meus contos preferidos:

Fantasmas, demônios, monstros, entre outras espécies aterrorizantes, são encontrados em Horror Oriental. Cada peculiaridade, cada característica única e cada detalhe fazem com que as histórias ganhem um teor macabro e deixe o leitor em êxtase durante a leitura. Você sentirá nojo ao mesmo tempo que ficará pasmo; imaginará criaturas antes não conhecidas e se sentirá enclausurado junto com os protagonistas.
 
O livro é dividido em contos chineses, contos japoneses e contos coreanos; cada qual com seus próprios autores. Ao todo somam-se 15 contos curtos e rápidos de ler. Por conta da quantidade, não irei me estender especificamente sobre cada um, mas me atentarei a falar o básico sobre as histórias que mais gostei de cada país.
 
Conto chinês: A Pele do Demônio, de Pu Songling.
Um homem chamado Wang depara-se com uma moça triste e cansada que tenta com muito esforço carregar um fardo. Ao ouvir sobre a vida sofrida da jovem, o homem decide então ajudá-la sedendo-a um quarto em sua residência, sem que ninguém dentro da casa tenha conhecimento de tal alto. Infelizmente a sua bondade irá lhe trazer grandes pesadelos e infortúnios.


Uma história que me conquistou por conta do seu teor bizarro e por seu final inesperado. A mulher de Wang, a qual não é nomeada, se mostra resistente após um acontecimento decisivo e demonstra a intensidade de seu amor pelo marido, tornando-se assim uma personagem imprescindível para o desenrolar do conto.
 
Conto japonês: A Aparição, de Koizumi Yakumo.
A história será contada a partir de um evento que aconteceu com um velho mercador: o encontro do homem com uma mujina. O acontecimento aterroriza o mercante e consegue passar para o leitor todo o desespero e apreensão do protagonista, fazendo assim com que nós tenhamos a mesma sensação de desespero e espanto. Porém o que eu mais gostei se encontra na exploração da lenda cultural, pois faz com que nosso conhecimento dentro desse vasto leque se estenda ainda mais. E é sempre interessante conhecer as lendas de outros países, principalmente as que são feitas para causar medo.
 
Conto coreano: Dez Mil Demônios, de Im Bang.
De vez em quando o príncipe Han recebe visitas de um parente distante e pobre, e toda vez tenta fazer com que a estadia dure por mais dias. Em uma dessas tentativas, o pobre homem decide ceder aos pedidos do príncipe, assim passando a noite de Ano Novo ao lado do parente. Porém ao aceitar o convite se vê obrigado a fazer no próprio castelo os seus rituais costumeiros de virada de ano, um ato que choca Han ao ver que tipo de convidados estão sendo chamados para o seu lar.


Como o próprio título já entrega, há a presença de dez mil demônios em uma determinada cena do conto, provavelmente a cena mais interessante da narrativa. Há medo, interesse e obsessão. Han se vê maravilhado com a artimanha de seu parente e com isso, talvez por conta de seus privilégios, se sente com total poder para tentar alcançar o que deseja. Também há um aspecto entre submissão e servidão; uma espécie de obrigação que controla os males do mundo.
 
Reprodução: Biblioteca Pessoal

Sobre a edição da BuruRu:

Mesmo sendo uma edição em tamanho menor do que as costumeiras, isso não atrapalha a leitura. Pelo contrário, traz alguns benefícios: é fácil de carregar dentro de bolsas e mochilas; tem um miolo resistente, e é possível abri-lo com facilidade e sem remorso. Além disso, a edição também soma com um conjunto de extras, tendo uma apresentação sobre o trabalho feito pela BuruRu, notas de roda pé que auxiliam nos termos culturais e um ótimo apêndice com notas explicativas.
 
Esse é o meu primeiro contato com uma obra publicada pela editora e posso dizer que me surpreendi. Há um cuidado e atenção excelentes com o seu trabalho. Houve uma atenciosa pesquisa em torno da seleção dos contos e da própria tradução, resultando em um exemplar que, mesmo simples, desperta certa felicidade ao ter em mãos, o que me deixa ainda mais feliz em anunciar que a BuruRu virou nossa parceira esse ano.
 

Bizarro do jeito que eu gosto.

Horror Oriental se mostrou como uma ótima descoberta. Confesso que foram pouquíssimos os filmes orientais de terror que já assisti. Não que eu não goste. Pelo contrário, sempre achei que diferente dos filmes americanos esses causavam um medo e impacto maiores em mim. Lembro de ter assistido ao famoso Espíritos – A Morte Está ao Seu Lado na época da escola e ter passado semanas sem dormir, principalmente por conta da cena em que o espírito aparece nas costas do protagonista. 


Acredito que por isso eu me afasto de produções orientais e também de quaisquer histórias que envolvam espíritos. No quesito literatura, também não sou acostumada a me aventurar no terror oriental, sendo assim o meu primeiro contato. Mas pelo o que extrai daquelas que li, as histórias seguem uma atmosfera bizarra com criaturas inexplicáveis e estranhas, características que me atraem no terror, fazendo assim com que eu sinta vontade de finalmente adentrar nesse mundo psicótico e alucinante diferente do que estou acostumada.


Como são contos curtos, a leitura flui rapidamente. Dá para pegar o livro em uma sexta-feira à noite e lê-lo inteiro antes de dormir (isso se você conseguir dormir após a leitura). Dá para notar as nuances e peculiaridades de cada autor exaltadas de formas diferentes na escrita de cada um. Você terá um leque variado de leitura e ainda poderá se aprofundar depois na cultura que mais lhe despertar interesse.


Embora as histórias possam não serem aterrorizantes para alguns, a leitura de Horror Oriental se torna quase necessária para todos os fãs do gênero; como uma leitura obrigatória, seja como base de conhecimento, seja para encontrar um novo estilo de terror que lhe chamará a atenção. Se você é um adorador de criaturas estranhas e contos bizarros indico que não perca a oportunidade de se aprofundar nessas histórias.

 

Faça sua compra na Amazon através do nosso link (clique aqui) e ajude o blog a manter-se ativo. Sem taxas ou inclusão de valores, você estará nos ajudando a continuar trazendo conteúdo.


💻 Me acompanhe nas redes sociais:

12 thoughts on “Resenha: “Horror Oriental” – Gan Bao, Pu Songling, Koizumi Yakumo, Basil Hall Chamberlain e Im Bang”

  1. Fiquei mega curiosa, nunca li nada da cultura oriental, então é claro que eu quero conhecer esses contos. Gosto da ideia dessa mescla entre o mistério e o real, sem dizer qu ainda tem esse teor bizarro. Quero conhecer as nuances e peculiaridades desses autores, apostando nesse novo estilo de terror é indicação anotada.

    Abraços.

  2. Olá, tudo bem? Caramba, nunca li nada dessa cultura, então logo de cara fiquei interessada na obra, pois parece ser bem diferente de tudo o que eu já li. Não conhecia o livro, mas os contos parecem ser incríveis, já quero ler. Adorei a resenha!

    Beijos,
    Duas Livreiras

  3. Olá, tudo bem?
    Que diferente! Eu adorei a premissa e fiquei curiosa com a leitura dos contos. Não se bem como seria a minha experiência com as leituras, mas estou interessada no livro e gostei de ver a sua resenha.

    1. Alice, espero que goste muito do livro! Eu também não conhecia esse lado da cultura oriental, mas o primeiro contato me surpreendeu e me deixou curiosa para ler ainda mais lendas e contos de lá. Eles sabem mesclar perfeitamente fantasia com terror, e isso é incrível!

  4. Olá!
    Nossa eu preciso deste livro urgente! Eu estava mesmo atras de um história que se passasse no Japão ou na China e mesmo se tratando de um livro de contos eu fiquei interessada.O conto que mais me interessou foi Conto japonês: A Aparição, de Koizumi Yakumo, justamente porque adoro conhecer lendas de outros países!
    Beijos!

  5. Eu sou muito fã dos filmes de terror oriental, mas nunca li nenhum livro do gênero. Fiquei muito interessada nesse, por ser contos, acho que traz várias características do gênero em um só livro. Vou buscar para comprar, com certeza.
    Beijos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *