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HALLOWEEN: Mulheres Strode, Força e Falta de Empatia

“Quatro décadas depois de escapar do ataque de Michael Myers em uma noite de Halloween, Laurie Strode precisa confrontar o assassino mascarado mais uma vez após ele escapar de uma instituição. Mas agora Laurie está preparada.”
Assista ao trailer

Olá leitores! 

A minha intenção era criar esse post e publicá-lo o mais rápido possível, porém confesso que foi difícil e demorado escrevê-lo. Como fã de terror, principalmente dos filmes antigos do gênero, gosto e aprecio a franquia Halloween, criada por John Carpenter e com seu primeiro lançamento em 1978. Só de pensar que as continuações passadas seriam “esquecidas” e dariam lugar para a produção mais recente de Halloween, filme de 2018, considerada a única sequência do primeiro lançamento, foi o suficiente para amar o longa mesmo antes de assisti-lo. 


Agora já tendo visto repetidas vezes, venho compartilhar com sinceridade o motivo de eu ter gostado tanto do filme e dizer a importância que essa continuação tem para a franquia. Aqui, nesse post, não falaremos superficialmente – ou por cima – sobre as novas protagonistas e a luta feminina perante ao inimigo, mas, sim, tentaremos dissecar um pouco as nuances de uma vítima desacreditada e a força transparente da família Strode.


Por conta disso, adianto que, sim, esse texto conterá alguns spoilers que poderão interferir na sua experiência com o filme. Então, caso você se sinta incomodado em saber detalhes sobre a trama, peço que procure outro post aqui no blog para ler. Mas, se você já o assistiu ou não se incomoda com pequenas revelações, continue lendo e ao final divida a sua opinião comigo.

Reprodução: Google

A desvalorização da palavra da vítima:

Laurie Strode, interpretada por Jamie Lee Curtis e protagonista de outros filmes da franquia Halloween, agora está mais velha e ainda mais paranoica. Após ter se passado 40 anos desde que sofreu uma tentativa de assassinato pelo maníaco Michael Myers, Laurie vive sozinha e isolada da cidade em uma casa equipada e à espera do assassino, mas longe até mesmo da filha e da neta, as quais têm uma relação distante e conturbada com a protagonista.


O que mais impressiona nas trocas de palavras entre mãe e filha – e entre todos que se referem a Laurie – é a forma com que o seu trauma é tratado e colocado como uma espécie de loucura. Não há empatia, não há sororidade. Laurie é vista pelo povo da cidade como medrosa, louca e solitária. Apenas sua neta, Allyson, é quem acredita na avó e vê na mulher alguém que está precisando de ajuda.


Nossa protagonista, Laurie Strode, enxerga a face de Michael Myers em todo lugar, não conseguindo viver sua vida sem se desvincilhar daquele fatídico dia. Desde o ocorrido ela se prepara e espera pela chegada do abusador, para assim encará-lo e encarar o próprio trauma, os próprios medos; para ter a certeza de que é possível haver um fim e ao mesmo tempo um recomeço.


Sabendo disso, lhe pergunto: Laurie te lembra alguém? Talvez aquela moça que está conhecida na Internet por ter sido vítima de estupro e que as pessoas insistem em dizer que a culpa foi dela e das roupas que a mesma usava; ou ainda possa te lembrar das milhares de mulheres que são mortas por seus companheiros, a quem elas confiaram a felicidade e a própria vida, mas que ao serem assassinadas são julgadas como fracas e causadoras do próprio destino. 


E então, eu lhe pergunto mais uma vez: quantas Laurie’s você conseguiu lembrar? Sobre quantas Laurie’s você leu apenas durante essa semana? E por que, sinceramente, ainda há Laurie’s sendo julgadas, colocadas como mentirosas e sendo obrigadas a acharem que são culpadas?


Tenho certeza que perto de você há uma Laurie encarcerada – seja em casa ou na própria mente -, triste, implorando por ajuda e/ou empatia. Em Halloween, Laurie só é “levada a sério” quando as mortes acontecem com pessoas ligadas aos personagens principais. É então que a filha Karen e a neta Allyson juntam-se à ela para dar um fim aquele terror iniciado há 40 anos. Mas e você? Quanto tempo irá esperar para mudar a sua atitude e dar credibilidade a palavra de uma vítima?

Reprodução: Google

A força interior das mulheres Strode:

Contrapondo ao distanciamento entre a família Strode, há a força em cada uma das mulheres que carregam esse sobrenome. Laurie, a avó, é quem constrói uma fortaleza e possível armadilha para Michael Myers, sempre pronta para enfrentar aquele que destruiu a sua vida; Karen, a mãe, mesmo tendo uma relação conturbada com Laurie, ao final combate o seu medo e se coloca à frente do assassino; Já Allyson, a filha, mesmo sendo a mais nova em nada isso interfere em sua inteligência, força pessoal e vontade de lutar.


Embora sejam três gerações com suas grandes diferenças e fraquezas, as Strode são iguais em tamanho de força e vivacidade. Cada uma com seu problema pessoal, mas que juntam-se pela sobrevivência da outra; zelam pela sanidade e recuperação. Por isso, acredito que a cena final, em que Allyson ainda se encontra com uma faca na mão, diz muito sobre proteção e crescimento.



Reprodução: Google

Sou fã e quero referências!

Calma! O post ainda não acabou! E, sim, há várias referências ao clássico ao longo do filme. Só para citar rapidamente duas, lá vai: a maneira que os filmes se iniciam, tanto o de 1978 como o de 2018, são similares, inclusive as fontes são iguais; o enquadramento de certas cenas são os mesmos, principalmente os feitos dentro da escola. Outra característica também semelhante entre os dois filmes são as cenas de assassinato, sendo bastante parecidas em ambas filmagens. O diferencial é que, no mais recente, temos muitos momentos recheados de gore, banhos de sangue, enquanto que no anterior não havia nem um pingo do líquido vermelho.


Assim como muitos fãs de terror e dos clássicos em geral, eu também adoro quando um filme mais recente coloca pequenas nuances que servem de referência para os anteriores, talvez por isso eu tenha assistido aos dois seguidamente, justamente para observar isso. E, acredite, é uma experiência incrível poder comparar o crescimento e o amadurecimento da personagem, sem precisar assistir aos vários outros filmes da franquia que foram “descartados” (mesmo que você goste deles).


O horror e o desespero são marcas presentes no novo Halloween, que não enrola em seu enredo e não dá pausas em seu ritmo frenético. O filme conseguiu alcançar e até mesmo ultrapassar minhas expectativas, abordando o interior das personagens de uma maneira que não esperava, mas que me agradou. Toda vez que o assisto noto algum novo detalhe, algo que me faz gostar ainda mais da história. Entre tantos filmes de terror recentes ruins e remakes sem nenhum fundamento, para mim Halloween se destaca ao trazer de volta o horror angustiante e por explorar personagens femininas cruas e reais.

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