Literatura

Resenha: “Mistérios da Bússola Azul – O Despertar da Magia” – Cláudia Pucci Abrahão

“Um amor, quando existe, é muito maior do que a morte, porque não tem medo de partir para o grande nada… e renascer.”

A magia está nos detalhes – e na natureza.

Esgotada fisicamente e mentalmente de seu trabalho atual no Instituto Pela Terra, a jornalista Marina – também conhecida como Nina – decide demitir-se do emprego e viajar novamente para as terras do povoado de Rio das Pinhas, um lugar que há dez anos lhe trouxe alegrias e tristezas imensuráveis. No passado, ao lado dos novos companheiros da comunidade, Nina combateu a construção de uma usina, ajudando assim na preservação da natureza local, mas, ao mesmo tempo, também perdeu muito mais do que esperava.


Com a sua volta para Rio das Pinhas, Nina conhece Madalene – ou Madá, como assim seria carinhosamente chamada -, uma mulher que está à procura de respostas sobre a sua visão de um disco azulado e cintilante, um objeto desconhecido que também foi visto anteriormente por Nina. Com isso, a nossa protagonista irá se envolver em uma busca inesperada por respostas que antes não ansiava e perceberá a desvantagem que a descrença poderá lhe proporcionar, pois o poder está em acreditar.


Através de uma narração em 3º pessoa que mescla os mistérios da natureza com a magia exalada por ela, Nina explora os segredos das matas e das árvores procurando por algo que lhe traga paz, que lhe tire toda a tristeza e o desespero que as memórias atormentadas dos acontecimentos passados ainda lhe trazem, principalmente aquelas que se remetem a Léo, um amor perdido.


Um amor antigo, uma nova e forte amizade e o ódio perante aquele que destrói pequenos povoados em benefício próprio, moverão Nina para um destino nunca imaginado. Repleto de magia e através de um caminho tortuoso, a protagonista encontrará suas motivações, suas respostas e, até mesmo, a si mesma.

“Naquele lugar, era e não era. Naquele lugar, era muitas, muitos. Ali, ela se aprumou, içou vela, debandou-se do mar à deriva, ergueu o braço, chamou vento, abriu o peito e, sem nem mesmo saber, estava pronta para amar de verdade. E pela primeira vez.”

Como a fantasia nacional está mudando a minha perspectiva sobre esse gênero:

Confesso que não esperava gostar tanto desse livro como gostei! A história, além de me surpreender, descreve a magia através da natureza de uma forma impressionante e que nunca havia tido contato. Essa estrutura mágica e de poder me deixaram fascinada em todo o decorrer da leitura. Até mesmo a maneira como a autora narra essa nova dimensão – e destoa da Densidade, que seria o nosso mundo palpável – e em como descreve as paisagens mutáveis à todo o momento, fazem parte de uma escrita diferente, recheada de detalhes e surpreendentemente imersiva, resultando em cenários fáceis e gratificantes de serem imaginados.


Além disso, também há o crescimento de Nina que ao decorrer do enredo nos mostra sua evolução pessoal e o desenvolvimento de suas crenças; mostra em como devemos nos proporcionar a acreditar em coisas aparentemente impossíveis, irreais; mostra a importância desse acreditar, de nos libertar. Mesmo não me dando bem com a protagonista em várias partes, o que a move me deixou conectada à história, me despertando curiosidade pelo desfecho e torcendo para que ela conseguisse se auto realizar. 


Porém, não consigo falar de personagens marcantes da história e não citar Dona Catarina, a avó de uma amiga de Nina, e Madá, uma grande e adorável surpresa no enredo. A velha senhora será parte fundamental nos aprendizados de Nina e também nos nossos, me fazendo sorrir com a sua presença e suas histórias. Já Madá, que mal temos contato no início, se transformará em uma luz para nossa protagonista e florescerá com ela uma linda amizade, daquelas que todos nós gostaríamos de ter uma vez na vida. Maluca e sendo o oposto de Nina, Madá me cativou e me deixou com vontade de ler uma história só sobre ela.


Apesar desses inúmeros pontos positivos, algo me incomodou, e foi justamente o que me impediu de classificar o livro com cinco estrelas. Ao meu ver, muitas partes ficaram confusas e embaralhadas, partes em que eu não entendi onde as personagens estavam ou até mesmo partes de relatos de suas vidas pessoais. Com isso, às vezes, havia uma quebra na leitura, o que me fazia ler sem entender o que estava sendo narrado. Eu já disse por aqui no blog que tenho dificuldade com o gênero fantasia, então, talvez, isso possa ser resultado da minha própria barreira.

Independente disso, graças a fantasia nacional estou me adaptando aos poucos com o gênero e gostando cada vez mais dessas histórias, tendo assim vontade de conhecer todos os mundos possíveis criados por autores do nosso país. Falando exclusivamente da Cláudia, quero muito ter contato com outras histórias envolvidas nessa magia que ela criou e espero acompanhar futuramente novamente as personagens que tanto me cativaram.


Com uma escrita repleta de musicalidade e elementos poéticos, Mistérios da Bússola Azul surpreende e encanta. Trazendo um sistema de magia diferente do convencional, a fantasia reina em cada detalhe dessa história, transformando-se em uma leitura cheia de emoções e sentimentos e tornando-se uma dica fundamental para os fãs do gênero.
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“Os sonhadores são aqueles que voam até outras dimensões.”


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8 thoughts on “Resenha: “Mistérios da Bússola Azul – O Despertar da Magia” – Cláudia Pucci Abrahão”

  1. Magia, musicalidade, natureza, fantasia, poética, tudo que gosto, não conhecia o livro e espero ter a oportunidade de ler, que bom que você curtiu mais do que esperava. Pena essas partes em que você sentiu confusão.

    1. Acho que a confusão se dá ao tamanho de informações que nos dão ao mesmo tempo, e isso às vezes pode interferir na leitura, deixar um pouco mais lenta. Mas todos esses outros tópicos meio que se intensificam, fazendo assim que a leitura acabe sendo agradável, mesmo com esses furos. É uma fantasia muito gostosa de ler.

  2. Oi, tudo bem?
    Eu ainda não conhecia o livro, mas achei a proposta bem interessante. Como amo livros de fantasia, fico feliz que você esteja começando a gostar do gênero. Só achei uma pena que alguns momentos tenham ficado confusos. Para mim, um dos aspectos mais importantes de uma obra de fantasia é que o autor saiba construir a ambientação de uma maneira clara, permitindo ao leitor entender o que está acontecendo e onde estão os personagens. Por esse motivo, acho que esses momentos que você achou confusos me incomodaria muito.
    De qualquer forma, adorei a resenha e espero que você continue gostando de ler fantasia.
    Beijos!

    1. Entendo. Eu não sei se esses momentos confusos se deram pela minha inexperiência com fantasias, que vou gostando aos poucos, ou porque realmente ficaram vagos. De qualquer forma, o livro fica como recomendação, pois o resto da história se sobressaiu a isso.

  3. Que resenha maravilhosa, eu não conhecia o livro e a sua resenha me deixou curiosa a respeito dele. Gostei bastante de saber como foi a sua experiência e de saber que a fantasia nacional está te agradando e espero que outras leituras gostosas surjam =D

    1. Obrigada! Eu fico muito feliz em estar gostando do gênero, já que eu sempre o repudiei. Espero encontrar novas histórias que me cativem e que me abracem ainda mais dentro da fantasia.

    1. Obrigada, Michelle! Fico imensamente feliz com o elogio! Espero que você dê uma oportunidade para a história e se deixe levar pela magia do livro.

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