Literatura

Resenha: “Terror a Bordo” – Stephen King e Bev Vincent

Como fã de Stephen King, logo fiquei bastante animada com esse lançamento, mesmo sabendo que era uma antologia organizada pelo autor e que assim não teria apenas contos dele. Já que gosto do que o King escreve, por que não confiar no seu próprio gosto literário, certo?

Mas assim como sou fã das obras dele, também sei que a opinião dele nem sempre é a das mais confiáveis, seja sobre outras obras ou adaptações no geral. Mas, mesmo assim, fiquei muito animada com esse lançamento e não via a hora de conseguir lê-lo logo. Então, assim que tive a oportunidade já a agarrei e imediatamente o li.

Título: Terror a Bordo
Organizadores: Stephen King e Bev Vincent
Vários autores
Quantidade de páginas: 288
Editora Suma
Gênero:
 Ficção / Terror / Suspense
Ano: 2020
Skoob: Clique Aqui
Compre: Amazon
Minha classificação: ★★★★ (4/5)
* E-book cedido pela editora

Está preparado para viajar a bordo?

A antologia Terror a Bordo, editada e organizada pelos autores Stephen King e Bev Vincent, é um projeto que tem como objetivo selecionar e trazer contos que abordem, de alguma maneira, o terror de voar. Os temas transitam pela diversidade e imaginação peculiar de cada autor, fazendo assim com que o livro seja também diverso dentro do seu gênero, embalando histórias de terror, suspense e ficção científica.

A maioria dos contos não são inéditos, ou seja, não foram escritos especialmente para compor essa antologia. Mas, mesmo assim, acabam sendo o primeiro contato de muitos leitores, seja com o autor ou com a própria história. Stephen King e Bev Vincent tiveram o cuidado de selecionar autores renomados, alguns já conhecidos pelo público fã dos gêneros propostos, sem deixar de lado a qualidade de cada história.

Em Terror a Bordo o leitor deve se preparar para encontrar histórias que vão de viagem do tempo à guerras mundiais; de poderes psíquicos à monstros desconhecidos. Dito isso, saiba que a antologia traz as situações mais peculiares para desvendar – e se aprofundar – no medo de voar e no medo do que há de desconhecido habitando os céus.


“Se milhões de pessoas estão prestes a morrer, é porque milhões de pessoas como vocês colocam idiotas sem qualificação e cheios de ódio no comando do nosso governo.”

17 contos, 17 autores:

A antologia inicia-se com o conto A Carga, de E. Michael Lewis, que aborda acontecimentos estranhos que ocorrem em um voo, onde a carga são caixões com corpos desfalecidos dentro. Em seguida O Horror das Alturas, de Arthur Conan Doyle, conta sobre a aventura de Joyce-Armstrong que desejava alcançar o recorde de altitude em um voo para descobrir o que havia acima das nuvens.

Em Pesadelo a Vinte Mil Pés, de Richard Matheson, um dos meus contos preferidos do livro, conhecemos Wilson, um homem que delira ao ver algo muito estranho rastejar na asa do avião em pleno voo. Já em A Máquina Voadora, de Ambrose Bierce, a narrativa mais curta da antologia, vamos saber um pouco mais sobre a criação da primeira máquina voadora.

Lúcifer!, de E.C. Tubb, aborda um protagonista chamado Frank que rouba um anel aparentemente sem valor, mas que depois descobre uma vantagem ocasionada pelo objeto. A Quinta Categoria, de Tom Bissell, traz John, um personagem confuso que acorda dentro de um avião vazio, sem saber para onde foram os outros passageiros.

Em Dois Minutos e Quarenta e Cinco Segundos, de Dan Simmons, conheceremos Roger Colvin, um homem que não gosta de viajar de avião, mas que se rende aos caprichos dos companheiros de trabalho. Em Diablitos, de Cody Goodfellow, presenciamos o roubo de Ryan Rayburn III e a tentativa do ladrão em levar a relíquia em uma viagem de avião, o que acarreta em um desastre muito bonito de se ver, diga-se de passagem.

Chegamos em Ataque Aéreo, de John Varley, que é um conto de ficção científica bastante confuso à princípio, mas com um desfecho surpreendente. E logo a seguir temos o conto inédito Vocês Estão Liberados, de Joe Hill, o qual também se tornou um dos meus preferidos por trazer personagens completos em uma história mais curta. Nesse teremos o ponto de vista de vários passageiros enquanto uma guerra é inciada nos céus.

Em Pássaros de Guerra, de David J. Schow, temos a visão de um velho, o sr. Jorgensen, contando sobre um fato estranho e misterioso enquanto voava durante a guerra. Já em A Máquina Voadora, de Ray Bradbury, iremos presenciar, mais uma vez, a criação de um certo artefato que poderá fazer com que o homem voe pelos céus.

Zumbis a Bordo, de Bev Vincent, traz um grupo de sobreviventes tentando escapar de uma cidade enfestada por zumbis, tendo um desfecho que deixa aquele gostinho de quero mais. Eles Não Vão Envelhecer, de Roald Dahl, traz três amigos, Stag, Fin e o narrador-personagem, em um campo de batalha contra os franceses quando um acontecimento inesperado – e estranho – ocorre com um deles.

Assassinato nas Alturas, de Peter Tremayne, tem um suspense no melhor estilo Agatha Christie, trazendo um mistério ao redor da morte de um passageiro de renome durante um voo. O Especialista em Turbulência, conto inédito de Stephen King, traz Craig Dixon, um garoto que é especialista em turbulências. Mas para saber o que significa isso, será preciso ler o conto, que também é um dos que mais gostei.

A antologia é finalizada com o poema Caindo, de James L. Dickey, onde através de uma prosa poética e ritmada somos levados aos céus junto com uma aeromoça que está em queda livre de um avião. O mais inacreditável dessa história é sabermos que o mesmo aconteceu na realidade com uma mulher, a qual sobreviveu a queda repentina, mas, claro, sem tais devaneios que o autor descreveu.


“Eu vi a beleza e os horrores das alturas – e beleza maior e horror maior do que aqueles não estão ao alcance do homem.”

Um livro que prometeu ser espetacular, mas que falhou em certos pontos

Essa antologia me deixou bastante dividida, pois enquanto eu adorei vários contos, outros eu não entendi nada (ou ao menos boa parte). Realmente algumas histórias me deixaram bastante confusa por conta dos termos técnicos dos aviões ou das descrições extensas, e isso quebrou um pouco a minha relação com tais histórias, até porque a maioria dos contos são longos e ficar confusa em boa parte da narrativa não ajuda em uma leitura assim.

Apesar disso a leitura fluiu bem rápido, pois consegui manter um pique de leitura sem interrupções, com foco apenas no livro. O tema principal abordado no livro ajudou na fluidez da leitura, já que não ficou repetitivo nem enjoativo. Percebi que é possível explorar muita coisa ao redor do assunto e achei interessante todas as maneiras que foram expostas na antologia, mesmo tendo certas ressalvas.

Eu me surpreendi ao encontrar autores de várias décadas, inclusive alguns já bem conhecidos como Arthur Conan Doyle e Ray Bradbury, os quais ainda não havia tido contato antes dessa leitura. Também tive o meu primeiro contato com o Joe Hill e me senti encantada pela maestria da sua escrita e em como ele escreve personagens tão completos em contos que exigem menos tempo. Achei incrível!

Acredito que por isso mesmo tive muitas sensações com o livro; alguns finais queria ter tido algo diferente, em outros contos gostaria de ter tido um pouco mais, mas, acho, que a maioria me agradou e me tirou da minha zona de conforto, me deixando bem desconfortável e desconfiada com aviões. É claro que a proposta do livro é fazer com que o leitor sinta medo de voar, mas posso dizer que medo eu não senti. Eu fiquei apreensiva, nervosa e desconfortável, como citei acima, mas nada que me deixe com medo de voar futuramente.

Porém, aqui entra mais uma ressalva. Entre 17 autores não há nenhuma mulher, e isso me incomodou. Sei que para alguns isso não é importante, mas para mim é. Eu gosto de prestigiar, sempre com mais atenção, o trabalho de autoras, e sendo terror o meu gênero preferido procuro buscar dentro desse nicho mulheres que escrevam. Por isso fico me perguntando: será que dentre tantas décadas os organizadores desse livro não encontraram nenhum conto escrito por mulher que se encaixava no que eles queriam? Ou será que não teve a procura aprofundada necessária? Ou, ainda, será que não teve nem a precaução de uma procura? E isso me entristece, pois seria uma maneira de trazer mais mulheres para os holofotes da Literatura, e eles deixaram essa oportunidade passar em branco.

De qualquer modo, é um livro que recomendo. Mas já adianto que ele não é totalmente terror, já que há contos de ficção científica, suspense e até mesmo um poema ao final. Por isso leia-o esperando apenas histórias estranhas sobre voos ainda mais estranhos, assim será mais fácil se surpreender e aproveitar a leitura, como eu fiz.


“Acho que despertamos alguma coisa naquela época, com todo aquele conflito. Todo aquele ódio. Todas aquelas vidas alimentando a guerra.”


💻 Me acompanhe nas redes sociais:
FanPage | Skoob | Instagram | Pinterest

Receba todas as nossas novidades:

4 thoughts on “Resenha: “Terror a Bordo” – Stephen King e Bev Vincent”

  1. Oi!
    Sou fã de King de carteirinha, mas assim como você não é todos os livros ou filmes de indicação que gostei, o que me deixou intrigada nesse livro é por ser de contos que adoro e também por ser editado. Acho que vou adorar ler esses contos, pois amo esse suspense que criam em volta do enredo, parabéns pela resenha e por sua sinceridade, fiquei curiosa sobre a leitura, obrigado pela dica, bjs!

    1. De nada, espero que aproveite a leitura! O King é conhecido por não ter indicações muito boas e isso se juntou ao fato de ser uma antologia, o que torna quase impossível que todos os contos sejam perfeitos. Não sei se li em um momento que estava cansada desse tipo de livro e não consegui aproveitar 100% do que o livro queria me entregar, mas, de qualquer forma, é uma ótima leitura para quem gosta de suspense. Por isso, super indico-o.

  2. Oiii,

    Não sou fã de terror, não é o tipo de leitura que me atrai, mas já vi algumas opiniões sobre essa série de contos e elas eram bem parecidas com a sua. Acho que o fato de ser contos, me atrai mais, poderia ler mais lentamente e qjemquem sabe dar uma chance ao gênero!!!!

    1. Para quem não tem o costume de ler o gênero, contos são sempre bons para começar. Então, se o tema te atraiu, acredito que valha a pena dar uma chance.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *