Arlindo é uma das HQ’s mais fofas que já li! Ano passado eu consegui conhecer muitas histórias nesse formato que são singelas, fofas e sempre com algum significado que bate na gente sem nem percebermos.
Com Arlindo foi a mesma coisa. Eu não queria ler mais nada no fim do ano, mas, como consegui o e-book gratuito no dia do quadrinho grátis, decidi folhear para ver a arte e alguns trechos. Para a minha surpresa, fui fisgada para dentro da história logo no primeiro quadro quando o nosso protagonista fala sobre ser o resultado do local onde vive e das vivências que acumula.

Leia também: Raposa e Gengibre, de Letícia Pusti

Título: Arlindo
Roteirista e ilustradora: Ilustralu
Quantidade de páginas: 200
Editora Seguinte
Gênero: HQ, comics, mangá / Infantojuvenil / LGBT / GLS / Literatura Brasileira
Ano: 2022
Skoob: Clique Aqui
Compre: Amazon
Minha classificação: ★★★★★ (5/5)
Sobre o direito de viver como nós somos
Arlindo é um adolescente que está na fase de se auto descobrir: descobrir amores, gostos, amizades. Nas horas vagas ele escuta Sandy & Júnior, sai com os amigos, cuida da irmã mais nova e também ajuda a sua mãe a fazer salgadinhos. Mas nem sempre a convivência dentro de casa é saudável, já que seu pai insisti em corrigi-lo para torná-lo mais macho.
Será entre essas idas e vindas, entre a convivência com a família e os amigos, que Arlindo encontrará o amor, a primeira paixão. Também será entre esses momentos que ele descobrirá que nem tudo são flores e o quanto uma sociedade homofóbica pode machucá-lo, seja diretamente ou através de amigos.
Arlindo deseja apenas o direito de viver como ele é, de poder gostar de alguém, de se apaixonar. Com referências incríveis aos anos 2000 (e quem viveu vai se sentir em casa), a HQ Arlindo expressa acolhimento, amizade e família, mescladas aos dramas adolescentes. É tocante, significativo e singelo.
O único adento que eu faço é para a questão de ler essa HQ no Kindle, como eu fiz. Se puderem, comprem a versão física e apreciam as cores, os traços, os quadros, pois no Kindle, por não ter cor, muitos balões de falas se perdem no fundo escuro e dificultam a leitura.

Arlindo nos diz que somos o resultado de onde vivemos e das vivências que acumulamos
Afinal, nós somos o que somos por causa do que passamos e de onde vivemos, não é? Somos assim por causa das nossas lutas internas, das nossas batalhas com o mundo e das pessoas que conhecemos e levamos para a vida. Todos nós somos o fruto de tudo isso e, independente do lugar e da família em que crescemos, temos nosso próprio valor e nosso próprio direito de existir.
Arlindo fala muito sobre isso: sobre o direito de pessoas LGBTQIAP+ existirem, assim como é direito de qualquer um. Mas por que, ao contrário das pessoas heterossexuais, eles devem se esconder, devem ter vergonha de gostar de alguém e devem sofrer por se expressarem?
Essa HQ é de uma delicadeza gigante. Com um traço fofo e engraçadinho, a história não se baseia nisso, afinal ela pode te enganar e muito. Por mais que tenha momentos fofos, de suspiros e de alguns risos, a história é daquelas que irá despedaçar o seu coração, pisar em todos os caquinhos e só depois juntá-los para aquecê-lo.
Leia também: Agora, somos um clube de assinatura mensal!

Sendo uma espécie de leitura conforto, Arlindo emociona e diverte de maneiras intensas
Há personagens adolescentes e uma leveza dessa idade, mas o tema é forte, tratando do preconceito dentro e fora da família, da dificuldade – e até impedimento – de ser você mesmo e de como é difícil confiar no próximo, seja ele quem for; trata da ingenuidade do primeiro amor, mas também da dureza de precisar se assumir para as pessoas que deveriam te amar do jeito que você é.
Tem coisas que ficam ali nas entrelinhas, que não precisam de frases mais longas ou de mais detalhes, mas que ficam com a gente com a mesma intensidade do resto da história. Por isso, posso dizer que Arlindo, suas amigas, sua família e seus amores me marcaram de um jeito que nem imaginei.
Sinto que ainda me pegarei pensando muitas vezes mais nessa história, seja para dar aquele suspiro de leitora sonhadora – desejando que mais adolescentes sejam como Arlindo – ou seja para pensar e lamentar como nem sempre há mães e avós como as dele. Essa HQ é daquelas que todos deveriam ler, tanto os jovens como também os adultos. É uma leitura rápida, mas que nos marca e fica conosco para sempre.
💻 Me acompanhe nas redes sociais:
FanPage | Skoob | Instagram | Pinterest
Faça sua compra na Amazon através do nosso link (clique aqui) e ajude o blog a manter-se ativo. Sem taxas ou inclusão de valores, você estará nos ajudando a continuar trazendo conteúdo.