Literatura

Resenha: “O sangue nosso de cada dia” – Ana Paula Bellot

Em O sangue nosso de cada dia a autora trabalha o pior do ser humano, ambientando os acontecimentos no Rio de Janeiro, um lugar que pode nunca ter sido visitado por alguns de nós – assim como eu -, mas que, independente disso, traz bastante similaridades com outros locais do Brasil.

Há a violência, a homofobia e o preconceito, a vingança e a pobreza; há a onda de crimes, contra inocentes ou não, na visão do criminoso ou de quem entra nessa vida como quem não quer nada, como quem não percebe. As personagens são mistas, cada uma com seu próprio sofrimento, passado e pensamento, cada uma com suas próprias ações e consequências.

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Título: O sangue nosso de cada dia
Autora: Ana Paula Bellot
Quantidade de páginas: 66
Publicação independente
Gênero: Ficção / Contos / Romance / Romance policial
Ano: 2022
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Minha classificação: ★★★ (3/5)

O sangue real das ruas do Rio de Janeiro

O sangue nosso de cada dia é composto por 10 contos ambientados no Rio de Janeiro. Há a questão do cotidiano, da vizinhança, dos subúrbios, envoltos em crimes, violência e preconceito.

Aqui, os diversos personagens traem e se vingam, gostando do sangue derramado. Outros se desentendem por ciúmes, ocasionando suas próprias mortes. Há ainda aqueles que se metem em acontecimentos mundanos, mas que terminam de maneiras brutais.

A autora Ana Paula Bellot não entrega finais felizes ou com gosto de esperança. Toda vida em sua mão resulta em tragédia, em sangue. Os temas abordados são fortes, mas reais, deixando tudo ainda mais crível e mais perto da nossa realidade e vivência.

TW: há muitas cenas de violência, então não recomendo para quem não gosta de uma leitura mais forte e explícita.


“A coragem pra gente não é virtude, é necessidade. Ou se vive com ela ou morre tentando. Não tem meio termo.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

O sangue nosso de cada dia tem contos bons, mas que, por serem pequenos, se perdem um pouco

Eu gostei bastante da escrita da Ana, pois é forte, crua e sincera. Ela não mede limites, e eu gosto disso. Ela também não se importa em tocar em assuntos pesados e escancará-los, fazendo assim com que nós, leitores, sintamos aquele revirar no estômago, tanto pelas cenas fortes como também pela veracidade do sofrimento e do trauma.

Assim como a maioria das coletâneas, eu gostei mais de alguns contos do que de outros. Algumas narrativas me pareceram confusas e monótonas, mas outras conseguiram me fisgar e me deixar interessada pela história. Inclusive, acho que o primeiro conto, Sangue Latino, foi o que mais gostei e o que me fez querer devorar o livro de uma vez só.

Porém, mesmo com tamanha diversidade e crítica social, eu não consegui me envolver com os protagonistas e nem entender direito suas ambições e desejos. E isso foi triste porque são histórias que facilmente nos deixariam mais próximos deles. Esse foi o meu maior problema com o livro, pois como eram contos curtos, alguns sendo lidos em 2 minutos até, eu não conseguia sentir por aqueles personagens, torcer – ou não – por eles e isso quebrou demais a minha experiência com a leitura.

Mesmo assim, Ana Paula Bellot é uma autora que quero acompanhar e ler mais obras no futuro, pois seus temas e sua escrita me despertaram curiosidade para acompanhá-la por onde quer que ela vá. Com uma leitura rápida, mas que pode marcar o leitor e ficar em sua mente mesmo depois de seu término, O sangue nosso de cada dia é uma ótima maneira de conhecer uma autora nova que merece a nossa atenção.


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