Que a editora O Grifo sempre arrasa na seleção de suas publicações, isso todo mundo sabe. Seja resgatando clássicos da nossa Literatura Nacional, ou nos apresentando contemporâneos de nosso país, a editora também consegue ter uma excelente seleção quando as obras vem de fora, sendo Medo Antigo uma delas.
A princípio, essa antologia traz 11 contos, sendo em sua maioria com tradução inédita no Brasil, que aclamam o subgênero do horror, o nosso querido folk horror. Em uma edição de luxo belíssima, com ilustrações e uma sobrecapa, o livro é essencial para a coleção dos fãs do gênero.
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Sobre o projeto
Consagrados por seus contos insólitos e terríficos, 11 autores clássicos da língua inglesa foram reunidos nesta antologia inédita dedicada a um dos subgêneros do horror mais aclamados da atualidade.
Com tradução do crítico cinematográfico Carlos Primati, a editora O Grifo orgulhosamente apresenta seu primeiro projeto de autores internacionais!
Medo antigo é a única antologia de autores clássicos em língua inglesa dedicada exclusivamente ao folk horror publicada no Brasil, apresentando 11 histórias — a maioria delas inéditas em português — que exploram o pavor ancestral de bruxas, pagãos, seitas e deuses antigos.
Em edição de luxo, com capa dura e ricamente ilustrado, o livro traz organização e prefácio de Ismael Chaves, e projeto gráfico e texto de apresentação de Daniel Gruber.
O que é folk horror?
O folk horror, ou horror rural, é um termo que surgiu na crítica cinematográfica para designar um subgênero de filmes de horror que utilizam elementos folclóricos, tradições exóticas e costumes antigos para invocar o medo. Os elementos típicos do gênero incluem: um cenário rural, isolamento e temas como superstição, religião, paganismo, sacrifícios e aspectos sombrios da natureza e das tradições antigas.
Embora relacionado ao fantástico, o folk horror geralmente se concentra nas crenças e ações das pessoas em vez do sobrenatural e, muitas vezes, lida com personagens estrangeiros e ingênuos que se deparam com uma ameaça desconhecida.
Os filmes britânicos O estigma de Satanás (Blood on Satan’s Claw, 1971), O Homem de Palha (The Wicker Man, 1973) e O Caçador de Bruxas (Witchfinder General, 1968) são considerados pioneiros do gênero, enquanto filmes como A Bruxa (The Witch, 2015), Midsommar (2019) e O Ritual (2017) popularizaram o gênero no século 21 e despertaram um interesse renovado no público. O cinema do sudeste asiático também possui ótimos exemplares desse subgênero, como O Lamento (The Wailing, 2016), A Médium (2022) e Marcas da Maldição (Incantation, 2022).
Mas não é só no cinema que o folk horror deixou sua marca. O conto O jovem Goodman Brown (1835), de Nathaniel Hawthorne, pode ser considerado o pioneiro do gênero na literatura. Além disso, o evolucionismo cultural de E. B. Tylor e James Frazer, e a hipótese do culto às bruxas de Margaret Murray influenciaram uma série de escritores, que introduziram ideias de sobrevivência pagã em sua ficção. Autores de terror da virada do século, como M. R. James, Algernon Blackwood e Arthur Machen, produziram obras seminais do gênero, notavelmente a coleção Ghost Stories of an Antiquary de James, a novela O Grande Deus Pã de Machen e a novela O Wendigo, de Blackwood. Vale destacar também os romances As Possuídas do Diabo, de Thomas Tryon, e Cerimônias Satânicas de T. E. D. Klein, além do conto As crianças no milharal, de Stephen King. Mesmo hoje, na era tecnológica, o medo antigo continua nos causando, ao mesmo tempo, fascínio e assombro, e influenciando diversos autores pelo mundo, como Andrew Michael Hurley (Loney e Terra Faminta), Adam Neville (The Ritual e The Reddening) e Daniel Gruber (A Floresta e A Noite do Cordeiro).
Contos presentes na edição
O jovem Goodman Brown (1835) — Nathaniel Hawthorne
Publicado pela primeira vez na New-England Magazine, em abril de 1835, “O Jovem Goodman Brown” é uma das obras-primas do célebre escritor norte-americano Nathaniel Hawthorne e é considerado o primeiro conto de folk horror. A história aborda a trajetória de um jovem puritano que deve partir em uma jornada, mesmo que contra a sua vontade. Ao se aventurar na floresta, Goodman Brown é assombrado por estranhas visões e sensações que o fazem temer por sua sanidade. Em meio à vozes, chamas e uma espécie de culto, ele começa a questionar sua fé e a índole das pessoas que ele julgava conhecer. “O Jovem Goodman Brown” já foi adaptado para o cinema e inúmeras peças de teatro ao redor do mundo.
Laura Silver Bell (1872) — Sheridan Le Fanu
No norte da Inglaterra, em uma área rural isolada, Laura Lew, conhecida como Laura Silver Bell, foi criada por um fazendeiro após a morte de sua mãe. Quando Laura se apaixona por um homem alto vestido de preto que ela conhece enquanto caminha para casa à noite, ela recebe um aviso de Mãe Carke, considerada uma bruxa pelos habitantes do povoado. Mãe Carke suspeita que o estranho não seja quem diz ser e aconselha Laura a ficar longe dele. Laura seguirá seu conselho ou será tentada a ir com o homem de preto — e o que acontecerá com ela se fizer isso?
Relíquias romanas (1948) — Algernon Blackwood
Ambientado durante a Segunda Guerra Mundial, um aviador em recuperação vai ficar na propriedade isolada de seu irmão rico. O lugar fica perto das ruínas de um templo romano ao deus do sol Silvanus, em um pequeno vale chamado Goat Valley. Esta área tem uma má reputação entre os moradores locais. Uma jovem chamada Nora Ashwell também está hospedada lá. Embora quieta, ela tem um comportamento estranho. Quando o homem decide fazer um piquenique sozinho em Goat Valley, ele fica perturbado com o que descobre lá.
A música na colina (1911) — Saki
Sylvia não conhece nem entende o campo, só sabe que gostaria de morar lá. Mas, quando ela e seu marido Mortimer vão morar em Yessney, ela acaba encontrando a estátua de um antigo deus, e não pensa nas consequências ao mexer nas oferendas deixadas ali. Porém, ela aprenderá que Pã é um deus muito ciumento e vingativo, que pune severamente quem desrespeita.
Janet, a entortada (1881) — Robert Louis Stevenson
Em 1712, um pregador recém-formado chega a uma pequena cidade e contrata Janet como sua governanta — uma mulher que muitos moradores da cidade acreditam estar ligada ao diabo. Quando algumas mulheres locais tentam mergulhar Janet no rio, para provar que ela é uma bruxa, o pregador a resgata e faz com que ela abjure o diabo diante de todos. Mas, no dia seguinte, algo estranho acontece com Janet, e o surgimento de um homem de preto no cemitério da cidade mudará a vida do pregador e dos demais moradores da cidade para sempre.
Uma bruxa em chamas (1909) — Mrs. Baillie Reynolds
Um bispo, incomodado com os métodos da Santa Inquisição, é convocado para ir à prisão e tentar convencer uma jovem prisioneira a admitir que é uma bruxa. Mas ao chegar lá e conhecer a prisioneira, sua fé é testada e ele decide tomar uma decisão que colocará sua própria vida em risco. Estará a prisioneira dizendo a verdade ou será o truque de uma bruxa para enganá-lo?
A Pirâmide Brilhante (1895) — Arthur Machen
Nas colinas remotas da velha Inglaterra, Vaughn descobre um misterioso arranjo de pedras na porta de sua casa. Com a ajuda de seu velho amigo e investigador Dyson, eles trabalham para desvendar o significado por trás desses símbolos e o misterioso desaparecimento de crianças na floresta. Mas, talvez, fosse melhor não mexer com as forças sinistras que se escondem naquele lugar.
As Mulheres com Chifres (1888) — Lady Jane Wilde
Uma mulher é visitada por assustadoras bruxas com chifres na cabeça, que exigem que ela lhes prepare uma refeição. Sem saber o que fazer, ela ouve uma misteriosa voz vinda de dentro do poço do lado de fora de sua casa.
O Incidente em Chadbourne (1933) — Henry S. Whitehead
Fortemente influenciado por H.P Lovecraft, esta história macabra se passa na vila de Chadbourne, na Nova Inglaterra. Quando animais e crianças começam a desaparecer, alguns moradores da vila decidem sair armados, à noite, para tirar satisfação com a estranha família que vive em um antigo casarão, ao lado de um cemitério, após a floresta. Porém, eles não fazem ideia do segredo sinistro que irão descobrir.
Vindo do mar (1904) — A.C Benson
Um padre é chamado para ajudar uma família infeliz, que vive em uma vila costeira isolada, assombrada por uma aparição horripilante que surge do mar.
Terra de ninguém (1900) — John Buchan
Um jovem estudante vai até uma região rural a fim de coletar dados para sua pesquisa, mas é alertado por seu anfitrião a jamais atravessar as colinas na floresta, pois um antigo mal habita aquele lugar. Sem dar ouvidos, o jovem parte para a floresta, mas o que encontra desafia todas as leis da ciência e os limites de sua própria sanidade. Esse conto é frequentemente citado como uma forte influência na saga Bran Mak Morn, de Robert E. Howard, e evoca muito da atmosfera sinistra presente em várias histórias da revista Weird Tales.
Obs.: mais contos serão acrescentados conforme batermos as metas estendidas.
Como apoiar?
Essa é uma oportunidade imperdível para aumentar a coleção e conhecer mais do folk horror. É sempre bem simples apoiar os projetos do Catarse, é só escolher a recompensa que você mais quer e depois seguir os passos de cadastro e pagamento. Essa é uma campanha tudo-ou-nada! Então, se o projeto não atingir a meta, seu pagamento será estornado automaticamente.
Confesso que estou bem animada e ansiosa para essa publicação! Será uma edição que terei orgulho de estampar na estante e de dizer que a li, pois a grande maioria dos autores ainda é desconhecida pra mim. Folk horror é um subgênero que gosto muito, mas exploro pouco, sendo também uma grande oportunidade para mudar isso dentro da literatura.
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