Conto Felicidade Clandestina
Autora: Clarice Lispector
Minha avaliação: ★★★★ (4/5)
O conto
A narradora nos conta a história de uma jovem apaixonada por livros e sua sujeitação a humilhação por causa desse amor. Nessa história há duas garotas: a filha de um livreiro, que é descrita como gorda, baixa, sardenta e invejosa; e a outra criança, que é descrita como magra, alta e que faz parte de um grupo de amigas onde todas as meninas seguem o mesmo padrão.
Claramente, a pessoa que narra essa história para os leitores é a pequena admiradora dos livros. Quando criança, era invejada por seus aspectos físicos por uma colega acima do peso, mas em contra partida invejava esta colega por ser filha do livreiro e poder ler todos os livros que quisesse. Essa colega, mesmo tendo um pai dono de livraria, nunca dava livros de presente para as outras meninas, algo que podemos relacionar já como parte da sua crueldade.
A menina gordinha, que nunca se dava ao trabalho de ler os livros que estavam a sua disposição, tinha em sua posse um exemplar de “As reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato, um livro que enchia os olhos da colega devoradora de histórias. Foi prometido então pela colega que o livro passaria pelas suas mãos para que pudesse desfrutá-lo, e que para isso ela só precisava ir buscá-lo no dia seguinte. Porém, esse “dia seguinte” durou por muitos dias, fazendo assim com que a garota se submetesse as humilhações da colega malvada, tudo isso em prol de um dia ter a oportunidade de ter aquele livro em suas mãos.
Claramente, a pessoa que narra essa história para os leitores é a pequena admiradora dos livros. Quando criança, era invejada por seus aspectos físicos por uma colega acima do peso, mas em contra partida invejava esta colega por ser filha do livreiro e poder ler todos os livros que quisesse. Essa colega, mesmo tendo um pai dono de livraria, nunca dava livros de presente para as outras meninas, algo que podemos relacionar já como parte da sua crueldade.
A menina gordinha, que nunca se dava ao trabalho de ler os livros que estavam a sua disposição, tinha em sua posse um exemplar de “As reinações de Narizinho”, de Monteiro Lobato, um livro que enchia os olhos da colega devoradora de histórias. Foi prometido então pela colega que o livro passaria pelas suas mãos para que pudesse desfrutá-lo, e que para isso ela só precisava ir buscá-lo no dia seguinte. Porém, esse “dia seguinte” durou por muitos dias, fazendo assim com que a garota se submetesse as humilhações da colega malvada, tudo isso em prol de um dia ter a oportunidade de ter aquele livro em suas mãos.
“Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.”
Minha opinião
A Clarice vai expor muito de nós nesse conto, sendo quase impossível não ter ao menos um pouco de identificação. Afinal, quem nunca se sujeitou a uma humilhação ou fez a própria humilhação? Seja dentro de um relacionamento abusivo, ou até mesmo de uma amizade abusiva e contagiosa. A autora vai explorar muito bem essa maldade do ser humano e a capacidade que temos de ser malvados uns com os outros, simplesmente por ser.
Ainda não consegui “digerir” o conto por completo, fico pensando na menina que queria tanto o livro que não se importava em ser humilhada, e admito que vi nela muito da atualidade, naquilo de querermos tanto alguma coisa que também nos sujeitamos a desaforos e humilhações, foi algo que me tocou e me deixou impressionada ao mesmo tempo.
Esses papéis invertidos de inveja e auto estima também me chamaram bastante atenção, até porque o bullying é algo muito frequente entre colegas na escola e acredito que esses dois quesitos (inveja e auto estima) podem influenciar nisso. Podemos sim considerar essa atitude maldosa da menina, a filha do livreiro, como um ato de bullying, tendo mais um ponto para ser analisado nesse conto.
Por ser um conto curtinho, de no máximo 4 páginas, é uma ótima maneira de engatar nos escritos da Clarice e conhecê-la pela primeira vez. Você pode encontrar este conto na antologia de mesmo nome, Felicidade Clandestina, ou no livro Clarice Lispector – Todos os Contos, da editora Rocco. Aproveita e vem participar conosco do projeto Clarice-se, onde selecionamos 12 contos para lermos e debatermos durante 2017, um em cada mês. Irei te esperar por lá!
Ainda não consegui “digerir” o conto por completo, fico pensando na menina que queria tanto o livro que não se importava em ser humilhada, e admito que vi nela muito da atualidade, naquilo de querermos tanto alguma coisa que também nos sujeitamos a desaforos e humilhações, foi algo que me tocou e me deixou impressionada ao mesmo tempo.
Esses papéis invertidos de inveja e auto estima também me chamaram bastante atenção, até porque o bullying é algo muito frequente entre colegas na escola e acredito que esses dois quesitos (inveja e auto estima) podem influenciar nisso. Podemos sim considerar essa atitude maldosa da menina, a filha do livreiro, como um ato de bullying, tendo mais um ponto para ser analisado nesse conto.
Por ser um conto curtinho, de no máximo 4 páginas, é uma ótima maneira de engatar nos escritos da Clarice e conhecê-la pela primeira vez. Você pode encontrar este conto na antologia de mesmo nome, Felicidade Clandestina, ou no livro Clarice Lispector – Todos os Contos, da editora Rocco. Aproveita e vem participar conosco do projeto Clarice-se, onde selecionamos 12 contos para lermos e debatermos durante 2017, um em cada mês. Irei te esperar por lá!
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Olá, como vai você?
Eu adoro esse conto! E amo a Clarice Lispector <3 A primeira reação ao ler este conto foi de uma dor doída quando a menina má não quis emprestar o livro para ela.
Oi, vou bem e você?
Eu gostei muito da experiência que esse conto me trouxe, e realmente o ato malvado da menina é de doer o coração. Te convido a participar conosco do projeto Clarice-se, onde lemos um conto da autora por mês. Vem ler com a gente!