Literatura

Resenha: “Visões Noturnas” – Day Fernandes

“Dizem que a mente das crianças é mais aguçada para eventos sobrenaturais. É o instinto. Por essa razão, o escuro as assusta. Na infância, sabemos o que existe por trás do cair da noite. Eu, particularmente, descobri de fato naquele dia.”

Desde pequena, à partir dos quatro anos de idade, Melissa tem visões. Não visões no sentido de prever o futuro ou sonhar com pessoas mortas que lhe dariam uma resposta para qualquer questionamento. Mas visões onde enxerga e teme Ele, o Pesadelo. Esse ser invade os sonhos da moça e destrói a sua mente, fazendo com que se sinta presa e angustiada, temendo pela própria sanidade. Por causa desse ser maligno ela perdeu os pais de uma maneira trágica e sangrenta, tendo ficado com a imagem em sua cabeça pelo resto da sua vida. 


Para tentar superar e até mesmo se distanciar do demônio, Melissa se interna em um hospital psiquiátrico, onde faz amizade com a enfermeira Marta, a qual fica ao seu lado durante os meses seguintes. Durante a sua internação, ela recebe uma carta de uma desconhecida, denominada como L.V., que contém algumas instruções que dizem respeito ao Pesadelo.


Agora Melissa está pronta para sair do hospital e voltar a viver na casa onde sofreu todos os tormentos e viu os seus pais mortos, mas com um diferencial que pode mudar o seu futuro: ela sabe como mandar o demônio de volta para o inferno e deixá-la enfim em paz.


Nesse conto temos uma narração em 1º pessoa, fazendo assim com que o leitor se sinta dentro da cabeça de Melissa e sinta cada temor de seus pensamentos. A personagem está constantemente cercada por emoções como desespero e aflição, tendo até mesmo medo do escuro e passando todos esses sentimentos para nós. Ao final da leitura você se vê cercado por um pavor enorme e sufocante perante ao escuro e, caso esteja lendo à noite, sentirá uma necessidade gritante de não deixar ninguém apagar as luzes. É isso que fica conosco ao término da história: uma sensação agonizante de que há olhos à espreita na escuridão.


A escrita da Day Fernandes é fluida, descritiva e de fácil entendimento. Por isso ter o primeiro contato com a linguagem da autora acaba se tornando fácil e gratificante. Você se sente na obrigação de continuar a leitura e não largá-la até finalizá-la. Se sente na obrigação de tentar salvar a narradora do Pesadelo e de si mesma. Se sente incontrolado para adentrar na história e tomar seus próprios atos. No fim você estará quebrado e querendo que essas 27 páginas fossem mais de 200; querendo que Melissa volte em uma história mais extensa e nos conte detalhe por detalhe sobre toda a sua vida.

“Por vezes, correndo e gritando por aquele corredor, me perguntei se existiam pessoas amaldiçoadas, condenadas desde o nascimento a pagar um preço pelo simples fato de respirarem. Eu era uma dessas pessoas.”


Minha primeira experiência com a autora
Eu já conhecia a Day por conta de suas postagens no Facebook e por morar tão perto de mim, pois somos ambas de Brasília. Então, acredito que dê para imaginar o quanto fiquei feliz quando fui selecionada para ser uma de suas parceiras. Minha vontade de conhecer o trabalho da autora apenas aumentou e enfim tive a chance de começar a adentrar em suas histórias, e já adianto que a experiência está sendo maravilhosa.


Como terror é o meu gênero preferido decidi iniciar as leituras pelo conto Visões Noturnas, que prometia já na sinopse me deixar de “cabelos em pé”. Por mais que no próprio livro diga que esse não seja o gênero habitual da autora, sendo assim apenas um meio de sair da zona de conforto e andar por caminhos novos, posso dizer que eu não suspeitaria isso caso eu não soubesse, pois ela se mostrou muito bem dentro do gênero. 


É difícil falar de histórias de terror, já que nem sempre me colocam medo, mas é ótimo quando uma leitura me surpreende e me deixa com uma “pulga atrás da orelha”. Não tenho medo de escuro, mas depois desse conto será difícil acreditar que não há nada à espreita me vigiando e esperando que eu apenas feche os olhos. 


Foi o meu primeiro contato com a escrita da Day e já me impressionei. Eu gostei muito do conto, senti uma leve aflição e desespero junto com a narradora e suas decisões, me senti na pele da Melissa e fiquei com medo por ela. Só achei que a história poderia ter sido um pouco mais longa, assim seria mais fácil criar um carinho pela personagem e um desespero ainda maior ao temer por sua vida e sanidade. Mas, mesmo assim, a leitura valeu muito a pena e estou muito feliz por ter lido a minha primeira história de terror desse ano, ainda mais escrito por uma mulher. 


É uma indicação válida e mais do que recomendada para os amantes do gênero e para os iniciantes que não sabem por onde começar. Preparem-se para se sentirem agoniados e embarquem nessa loucura ao lado de Melissa. Talvez seja necessário e recomendável uma lanterna de mão ou uma vela lhe servindo como companhia. Esteja avisado.


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“Cada vez que olhava para as íris vermelhas, eu tinha um vislumbre do inferno. Estivera lá centenas de vezes, presa aos grilhões de desespero, enquanto o demônio roubava minha sanidade.”

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6 thoughts on “Resenha: “Visões Noturnas” – Day Fernandes”

  1. Aaaaaaaahhh, que resenha mais linda é essaaaaaa??! Tô no chão! No chão! Muito obrigada, linda! E não sabe o quanto fico feliz tbm por ter vc como parceira, e mais ainda por estarmos tão pertinho! Muito obrigado pela confiança e pelo apoio!

    1. Esse conto é perfeito para esses dias que você citou! Se joga, miga! ♥
      A autora ainda é daqui da nossa cidadezinha, dá até para encontrá-la depois e dar um abraço, se quiser. Vale a pena conhecermos mais autoras dentro do gênero e darmos valor ao seu trabalho.

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