Literatura

Resenha: “Codinome Sofia” – Murilo Godoi

“Para mim a liberdade significava desprender-se de tudo o que te faz mal e buscar com todas as forças o que vai te fazer bem e feliz, sem se importar com as opiniões diferentes das demais pessoas.”

Uma história sobre se encontrar e se aceitar.

Benjamin se vê como um fracassado. Trabalhando no caixa do Cine Fun e sem nunca ter conseguido passar em uma universidade, o garoto sente que não há um rumo certo para a sua vida. Somando a isso, tem a certeza de que é um desgosto para os pais, pois além do fracasso no ramo de trabalho também é gay. E, como se apenas isso não bastasse, andrógeno.


A sua maior paixão se encontra na pintura, porém, mesmo criando quadros incríveis, não consegue acreditar que tem talento para tal. Quando uma ideia compartilhada pelo Sr. Tino – o bibliotecário da cidade, amigo e conselheiro de Ben – sobre se inscrever para a melhor universidade de artes do mundo, fora do Brasil, atinge Benjamin, o garoto vê nisso uma oportunidade de provar para si mesmo que a pintura é algo maior do que um hobby.


Porém essa não será a única novidade na vida de Ben: ele conhece Conrado. Após ter sofrido diversas vezes por ter um semblante mais feminino, e isso ter afetado em possíveis relacionamentos que não chegaram nem a se iniciar, ao conversar pela primeira vez com o adorável desconhecido, Ben acaba por soltar uma pequena mentira, a qual tomará proporções grandes e o fará repensar sobre quem ele realmente é.


Através da narração em 1º pessoa temos uma conexão forte e mais profunda com Benjamin, já que há uma proximidade maior. Adentramos em sua mente e compartilhamos de seus pensamentos: a dificuldade em aceitar a si mesmo e conviver com as próprias diferenças; os problemas familiares e a falta de comunicação entre ele e os pais; a culpa e, ao mesmo tempo, o alívio em ser outra pessoa.


As conversas entre Benjamin e Conrado também tem muito a acrescentar na história e nas reflexões que a mesma traz. Ambos discutem sobre o amor, a vida e a morte, embasando-se em opiniões próprias e de filósofos renomados. E, claro, não podemos esquecer da presença importantíssima de Mônica, a melhor amiga de Ben. Uma garota rica que, mesmo tendo tudo ao seu alcance, almeja por algo maior: a sua liberdade


Visões diferentes são cruzadas e discutidas, fazendo com que a história não seja massante, mas também nenhum pouco simples. Disserta muito sobre amor próprio, o ato do perdão e a violência por trás do preconceito. É um livro sobre ensinamentos e consequências.

“Num mundo moderno, onde somos bombardeados a todo momento a se adequar em aspectos físicos e sociais previamente estabelecidos como bem sucedidos e corretos, ser você mesmo é um ato de coragem.”

O que aprendi com Benjamin:

A leitura fluiu rapidamente, fazendo com que eu devorasse o livro em apenas dois dias, mesmo não tratando de assuntos tão simples. Há uma mensagem sobre a importância da amizade – acima de qualquer relacionamento ou mentira – e de ser você mesmo ao mesmo tempo que aborda o preconceito e a aceitação. Uma mescla que contribuiu para o meu contentamento e envolvimento com a história.


Pela primeira vez tive contato com um personagem andrógeno e pude me colocar na pele dele. Presenciar a batalha dele consigo mesmo – no quesito de aceitação – me inspirou de várias maneiras, e acredito que isso foi o melhor da leitura: tudo que pude extrair do Benjamin e levar sempre comigo à partir de agora. Aprendi sobre auto aceitação e, acho, que poderei colocar em prática comigo no dia a dia.


Entretanto algo me incomodou. Em vários momentos fiquei confusa com a narração: “Em que dia estamos? Já anoiteceu?”. Tive dificuldade para identificar o tempo da narrativa e os pulos entre as cenas. Então, como tenho dificuldade em me concentrar e até mesmo em imaginar, às vezes eu não sabia quantos dias ou horas haviam se passado. 


O final deixou um “gostinho de quero mais”, dando a impressão de que terá uma continuação, a qual já me sinto bem animada e curiosa para ter em mãos. O contato com a história me trouxe muitas sensações boas e ações que pretendo colocar em prática, como por exemplo não duvidar de mim. Codinome Sofia é uma bela história com grandes ensinamentos, principalmente para os mais jovens, mas também importantíssimo para os adultos. 

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10 thoughts on “Resenha: “Codinome Sofia” – Murilo Godoi”

  1. Olá!
    Gostei da proposta de leitura, também nunca li algo com um personagem com essa condição e parece ter um bom enredo.
    Certamente me faria questionar algumas coisas.
    Quem sabe leia em algum momento.
    Beijos!

    Camila de Moraes

    1. Acho importante a abordagem de personagens que fogem do padrão comum da sociedade, principalmente quando é para mostrar suas dificuldades, mas também seus sucessos. São questões que deveriam ser mais abordadas na Literatura, mas que ainda, infelizmente, não vemos com tanta frequência. Espero que dê uma chance ao livro.

    1. Que bom que te deixei curiosa! E já peço para conhecer as demais obras da editora, que também podem vir a te interessar. É uma editora nova, mas que está mandando muito bem nos lançamentos e focando na literatura nacional.

  2. Olá, não conhecia a obra, apesar de apresentar uma proposta interessante não me senti motivada com leitura, entretanto adorei sua resenha, uma opinião bem escrita e sincera, acredito que para os que gostam desse gênero de livro seria uma ótima opção, beijos!

  3. Olá!
    Não conhecia esse livro, a história é linda, adoro essas história que nos prendem e nos ensinam. Tem muito a aprender com o personagem né, amizade é tudo hoje, amizades verdadeiras que te impulsionam né. Gostei da premissa!

    beijos!

    1. Sim, a história é tocante e nos ensina também até onde podemos sustentar uma mentira em prol de nossa própria felicidade e orgulho. É uma leitura rápida, mas que dá para tirar um grande proveito!

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