Literatura

Resenha: “Jantar Secreto” – Raphael Montes

Título: Jantar Secreto
Autor: Raphael Montes
Quantidade de páginas: 360
Companhia das Letras
Gênero: Ficção / Literatura Nacional / Suspense
Ano: 2016
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Minha classificação: ★★★★ (4/5)

Qual é o preço pela sua humanidade?

Os quatro amigos Dante, Leitão, Victor Hugo e Miguel saem juntos do interior de Pingo D’Água e vão para o Rio de Janeiro cursar uma faculdade. Para dividirem as despesas na cidade grande decidem então compartilhar um apartamento em Copacabana. Dante está se formando em Administração e trabalha em uma livraria; Leitão abandonou o curso de Ciência da Computação e não sai mais da cama, isso devido a sua obesidade mórbida; Hugo é um formando de Gastronomia (e um completo babaca machista); e Miguel, o único do grupo que namora, cursa Medicina.

Entretanto, mesmo que cada um consiga a sua parte para o aluguel de maneiras diferentes, o grupo descobre que está devendo 25 mil reais para a imobiliária, já que há meses Leitão, o encarregado em pagar as despesas, não arca com as suas responsabilidades e gasta todo o dinheiro consigo mesmo. Por conta dessa dívida os amigos terão que arrumar um jeito de conseguir essa quantia em poucos dias, decidindo assim que farão um jantar especial para arrecadar o dinheiro: um jantar feito com carne humana.

Através da narração em 1º pessoa por Dante, que tem constantes momentos de paranoia com medo de ser pego pela polícia, o leitor vivência a extensão de uma amizade tóxica e cria debates sobre a carne humana e a carne animal. Realmente a carne humana vale mais do que a animal? E se você abate animais para satisfazer a própria gula, por que acha tão errado quando a vítima são as pessoas?

Também há a aparição de uma personagem muito importante para o desenrolar da história, a prostituta Cora e futura namorada de Leitão. Diversas vezes será ela quem ajudará o grupo de amigos e mostrará suas destrezas nada sutis e muito cruéis. Sendo totalmente dona de si, Cora é uma das personagens mais legais da história e surpreende com a sua aparição.

Contrapondo a essa autoridade sobre si mesma há Dante, um cara gay que tem vários problemas com a família e também pessoais. Dante é fundamental para que o leitor entenda o tamanho da maldade e crueldade humana e se mantenha dentro dos acontecimentos do enredo.


“Certa vez, num banheiro público, escrevi um poema: ‘O ser humano nasce, cresce, reproduz-se, e é servido no jantar’.”

Uma leitura composta por altos e baixos.

Durante 90% da história a leitura foi bastante massante para mim. Por mais que o enredo me agradasse e me despertasse certa curiosidade, os personagens me tiravam do sério a todo o momento. Achei os quatro amigos bem chatos e com ideais e decisões idiotas, talvez por isso tive dificuldade em avançar na leitura com mais rapidez.

A escrita do Raphael Montes à princípio também não me agradou, achei chata e desnecessariamente coloquial, o que percebi que não gosto em livros. Também havia momentos de linguagem chula, mas isso – diferente da fala coloquial – não me incomoda. Aliás, xingamentos e palavras de baixo calão nunca me incomodam.

Para mim, os únicos personagens que salvaram a história foram a Cora, que eu adorei de paixão, e o Arthur, que se mostrou mais inteligente do que os outros personagens juntos. O último capítulo também chamou a minha atenção. Há gore e cenas explícitas de assassinato, bem da maneira que eu gosto, por isso caso você tenha um coração fraco para descrições desse tipo já saiba que não recomendo a leitura.

Porém o que realmente me fisgou foi o epílogo – e exatamente por isso tive que classificar com quatro estrelas. MEU DEUS. QUE FINAL. Eu não esperava por nada daquilo que foi revelado, o que fez eu automaticamente adorar o livro! É devastador ao mesmo tempo que é um soco no estômago. Raphael, por causa disso, tenho que dizer que você conseguiu me destruir de uma forma impressionante e virar a minha opinião contra mim.

Pensando agora e com mais calma percebi que a leitura valeu a pena e foi do meu agrado. Mesmo eu tendo várias ressalvas acredito que o autor, por ser nacional e escrever o meu gênero preferido, tem grande chance de continuar sendo lido por mim. Se você gosta de histórias de terror com cenas perturbadoras e debates necessários leia Jantar Secreto e reflita sobre a ideia dos quatro amigos. Será que é uma ideia tão ruim e repulsiva assim?

“O mundo tá em guerra, todo mundo se odeia. É natural que uns devorem os outros. Como diz o cara do Clube da Luta: ‘Talvez a autodestruição seja a resposta’.”

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