Literatura

Resenha: “Quem Tem Medo do Feminismo Negro?” – Djamila Ribeiro

Título:  Quem tem medo do feminismo negro?  
Autora:  Djamila Ribeiro
Quantidade de páginas: 152
Companhia das Letras
Gênero: Não-Ficção / Literatura Nacional / Ensaios
Ano: 2018
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Minha classificação: ★★★★★ (5/5) 

“Nunca fui tímida, fui silenciada.”

Quem tem medo do feminismo negro? é uma coletânea que engloba alguns dos artigos escritos pela Djamila Ribeiro e publicados na Carta Capital. Os textos são diversificados, discutindo assuntos como o racismo, o machismo e o sexismo, mas sem se esquecer de falar também sobre a discrepância do Feminismo “tradicional, cis e branco”, o qual deixa as demais mulheres, principalmente as negras, de lado.

Sabemos que, mesmo estando no século XXI, as mulheres negras ainda são vistas como inferiores às brancas e tratadas como meros objetos sexuais, tendo até mesmo uma representação limitada em programas de televisão e representadas como a escrava, a empregada, um corpo sexual. Com isso há grande falta de representatividade negra para as crianças e a auto-estima da mulher negra é colocada para baixo, tentando convencê-las de que estão fora dos padrões impostos por uma sociedade doentia e altamente racista.

Sabemos também que independente da década que vivemos a vida de jovens negros ainda são tratadas como sem importância, como uma morte esperada – e por alguns até mesmo aguardada. A mídia e a sociedade lidam com o racismo de uma forma repugnante e propriamente preconceituosa, propagando esses atos indecentes e auxiliando para que o racismo continue sendo espalhado em nossas terras.

E por conta disso chega a ser latente a importância de Djamila Ribeiro que, sem amarras ou romantismo, discute abertamente sobre essas problemáticas no Brasil, tão atuais e vívidas assim como eram há séculos. A autora, ao mesmo tempo em que encaixa em seus textos dados estatísticos e pesquisas, “abre o jogo” sobre notícias machistas e opiniões venenosas, o famoso argumento de uma opinião preconceituosa disfarçada em livre arbítrio.

Com citações e indicações de outras autoras negras, Djamila consegue discorrer em artigos de suma importância pequenos detalhes que à primeira vista não aparentam maldade, mas que são, sim, preconceituosos. Aqueles pequenos dizeres que as pessoas falam com um intuito de brincadeira, chacota, mas que na verdade é apenas uma outra maneira de falar algo racista ou machista.

A introdução do livro fica a disposição da autora para comentar sobre a sua infância e a sua vida, mostrando como enfrentou certos pesares e dificuldades. O livro num todo, por completo, é um grande e forte soco no estômago mesclado a um profundo nó na garganta. É impossível ficar parado ou calado, continuando a viver a mesma vida que sempre levou, após a leitura completa dessa obra, e acredito que é exatamente isso que a grandiosa Djamila espera de nós após a leitura de suas magníficas e reais palavras.


“Ao perder o medo do feminismo negro as pessoas privilegiadas perceberão que nossa luta é essencial e urgente, pois enquanto nós, mulheres negras, seguirmos sendo alvo de constantes ataques, a humanidade toda corre perigo.”

E você, também tem medo do feminismo negro?

Como dizer em palavras o quanto esse livro é importante e necessário? Pois, mesmo sendo curto e tendo uma leitura relativamente rápida, há uma carga e um impacto muito grandes nos textos. A leitura é cercada de significados e profundida, fazendo com que o leitor reflita de uma forma diferente a cada artigo lido.

É bastante interessante – e assustador – observar a discrepância que há entre o feminismo branco e o feminismo negro e constatar que existe sim diferenças e um certo afastamento entre ambos. Logo um movimento que, aparentemente, zela pela igualdade de todos, independente de gênero, raça ou quaisquer características pessoais. O Feminismo deveria ser um movimento geral e estar dispostos a abraçar todas e quaisquer mulheres. Nesse ponto me senti extremamente assustada, triste e até mesmo culpada. Como posso propagar uma palavra de um movimento que exclui aquelas que mais precisam dele?

Por outro lado os textos me deixaram com mais vontade em ler e procurar outras obras da Djamila, além de pesquisar e ler as demais autoras citadas e recomendadas. Uma grande vontade de continuar acompanhando os passos de Djamila e reconhecendo todo o trabalho e esforço que essa mulher faz para mudar um pedacinho sequer do mundo. Acredito que aqui, em meu íntimo, ela já mudou.

A leitura é impactante e se torna extremamente necessária seja você mulher branca ou mulher negra, seja feminista ou não, seja mulher ou homem. Com toda a certeza você terminá a leitura com uma nova perspectiva e novas convicções em sua mente, assim absorvendo grande aprendizado e subtraindo de si o preconceito que ainda resta.


“Somos chamadas de feminazis, coitadistas, vitimistas. Tudo isso apenas por falar sobre fatos sociais.”


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