Resenha Lua de Larvas
Literatura

Resenha: “Lua de Larvas” – Sally Gardner

Título: Lua de Larvas
Autora: Sally Gardner
Quantidade de páginas: 298
Editora WMF Martins Fontes
Gênero: Ficção / Ficção-Científica / Distopia
Ano: 2014
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Minha classificação: ★★★★ (4/5) 

“Só dentro da nossa cabeça tínhamos a liberdade de sonhar.”

Standish Treadwell é um adolescente disléxico de 15 anos que ainda mantém uma mentalidade infantil mesclada a uma esperança crescente dentro do próprio peito. Apesar da idade avançada ele não sabe ler e nem escrever, sendo também alvo de bullying na escola e vítima de violência física pelo diretor, logo no local que ironicamente o devia proteger.

Os pais de Standish desapareceram há mais de um ano, assim como o seu melhor amigo Hector Lush que acabou de sumir junto com a família. Morando apenas com o avô na Zona Sete, a parte da Terra Mãe em que vivem os impuros, ambos têm que ser cautelosos com os vizinhos curiosos que podem estar trabalhando secretamente para o governo, ainda mais agora que eles decidem investigar o sumiço dos impuros da Zona Sete e também desmascarar o governo opressor e preconceituoso que tanto os maltrata e os excluí.

Hector é o único amigo de Standish, e por isso se torna tão importante e essencial descobrir o porque da família Lush ter sido levada pelos homens de casaco de couro. A Terra Mãe não é segura para os impuros, mas a vontade de descobrir e revelar a verdade impulsionará Standish em uma aventura que antes ele nunca imaginaria. Standish escolhe uma narrativa não-linear, nos colocando em contato com suas antigas e atuais lembranças. Sendo o garoto o nosso narrador, a forma dele de contar a sua história pode parecer à princípio confusa, até mesmo por se tratar de uma pessoa disléxica, mas a objetividade e simplicidade de suas palavras fazem com que o leitor se sinta conectado ao mesmo tempo que apreensivo.

A Terra Mãe também tem o objetivo de mandar astronautas para a Lua e com isso colocar medo nos demais territórios, criando assim uma dominação e uma histeria em massa. Uma analogia com a 2° Guerra Mundial é presente e visível, nos fazendo ficar ainda mais sufocados com o desenrolar da história. Entretanto, apesar do tema forte e das tragédias consecutivas, o livro traz uma história bonita e até mesmo poética.


“O nome dele foi apagado do registro. Ele era sacrificável. Essa era a doença com que ele nasceu. E não nascemos todos com ela, na Terra Mãe?”


Em prol da liberdade e da diversidade.

Essa leitura foi uma daquelas que ao final eu não sabia se tinha gostado ou não, mas pensando um pouco mais cheguei a várias conclusões. A história em si me agradou bastante, principalmente por se tratar de uma crítica ao governo opressor – infelizmente tão atual para nós – e colocar o protagonista, um garoto tão diferente dos demais, em uma posição por busca de mudanças. Ele não apenas pensa sobre como a Terra Mãe deve ser colocada à prova, mas, pelo contrário, ele corre atrás para que isso se concretize, e foi exatamente isso que me conectou imediatamente ao personagem.

Standish é carismático e me fez torcer à todo momento por ele e seu avô, me deixando apreensiva em momentos pesados de tensão e fazendo com que eu sofresse pelo adolescente nas cenas fortes de bullying. A força do protagonista junto com a sua imaginação tão fértil, uma combinação que me deixou confusa em certos momentos, me deixaram cheia de orgulho em outros. A amizade entre ele e Hector também me conquistou, me fazendo sorrir e chorar ao mesmo tempo, uma mistura de sentimentos conflitantes, mas acalorados.

Então, sim, eu gostei bastante do livro. Foi uma leitura agradável e que me encheu de bons sentimentos (mesmo que os ruins também estivessem presentes). O protagonista é considerado um “impuro” por ser diferente do padrão estabelecido pela sociedade, e ao demonstrar suas peculiaridades, principalmente o tamanho da sua inteligência vista por outro ângulo, Standish foi me chamando a atenção até conseguir me convencer totalmente de que era o personagem ideal para me contar aquela história.

Standish foi um herói e eu senti isso. Infelizmente só queria ter tido mais tempo ao seu lado combatendo as injustiças da Terra Mãe, pois mesmo que o livro possa parecer extenso em quantidade de páginas a leitura flui rapidamente e chega até a sua conclusão de forma abrupta. Standish, com toda a certeza, é um dos melhores personagens que já tive contato, me deixando assim com vontade de ter um amigo como ele.

Por fim só tenho a dizer que Lua de Larvas é um livro emocionante, angustiante e extremamente importante para o momento atual em que vivemos. Em um mundo onde a diferença é vista como doença e com repúdio, todos os Standish’s devem se levantar e lutar pela liberdade de poder ser quem são.


“(…) por que não existe entre vocês um lobo que seja para nos proteger? Professor. Prestem atenção nesta palavra: professor. Supostamente, sua função é ensinar, não esmurrar a cabeça dos alunos até a morte.”


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