Quando eu recebi a proposta do autor Fabio Shiva para ler o seu mais recente trabalho, Favela Gótica, não tive contato com a sinopse do livro. O Fabio apenas me apresentou a obra dizendo as sensações que a história transmite e as mensagens expostas nas entrelinhas. E eu gostei desse tipo de apresentação, pois foi assim que, mesmo sem saber, criei uma conexão de antemão com a leitura.
Favela Gótica me surpreendeu com o tamanho e intensidade da sua crítica à sociedade e em como o autor conseguiu mesclar fantasia à realidade. Até arrisco em dizer que a obra pende para o lado do realismo mágico, sendo assim o meu primeiro contato com o gênero.

Título: Favela Gótica
Autor: Fabio Shiva
Quantidade de páginas: 276
Editora Verlidelas
Gênero: Ficção / Distopia / Fantasia
Ano: 2019
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Compre: Editora Verlidelas
Minha classificação: ★★★★ (4/5)
*E-book cedido pelo autor
Uma distopia crua, intensa e real
Liana mora na favela com sua família em uma casa quase caindo aos pedaços. Não a família que a colocou no mundo ou que deveria por obrigação acolhê-la, mas, sim, uma família que a abraçou mesmo com todos os seus defeitos e problemas. Essa família, junto com a própria Liana, é composta por pessoas viciadas em Z.
Z é uma droga nova ainda pior que as demais já conhecidas, e é chamada assim por ser tratada como a droga final. O tratamento não pode ser o convencional e, para piorar, o viciado sofre em estágios. Primeiramente ele é conhecido como um bebezê ou cheiroso, para depois, já em estado avançado, ser conhecido como um zumbi. Uma droga que mexe intensamente com o cérebro e todas as suas articulações.
Para sobreviver e dar continuidade ao vício, Liana vive através de enganações, roubos e prostituição. Inclusive, para somar na verba pessoal e conseguir comprar suas hóstias – outro nome para a droga Z – durante a semana ela dança no Cinema Orxxx. Porém no dia do seu aniversário de 18 anos um problema ainda maior acarreta Liana e sua família: por acidente eles acabam matando um playboy. E isso se tornará apenas o início de uma caça das autoridades pela vida de Liana ao mesmo tempo em que ela tenta descobrir a verdade por trás de sua captura.
Liana, assim como nós leitores, sabe que algo está errado. A sua mente está ruindo e isso pode não ser devido exclusivamente à droga. A sociedade é podre, excludente e animalesca, sendo expressa magnificamente no livro através de raças próprias para cada cargo de trabalho e índole do ser humano. À princípio isso pode ser até difícil de entender e confuso para se acostumar na narração, mas após alguns capítulos de leitura fica claro em como esse tipo de descrição faz um sentido absurdo e cômico na nossa própria sociedade.

Um livro cheio de reflexões e críticas a nossa humanidade podre
Eu fiz essa leitura em Dezembro, mas ainda sinto que preciso digeri-la com calma. Gostei muito de como o autor mesclou a realidade com a fantasia, nos colocando assim como metade animalescos e metade humanos. Essa diferença fez todo o sentido para a crítica que envolveu a história e deixou-a ainda mais intensa e verídica, até mesmo original.
Mesmo que no início isso tenha me deixado bastante confusa – e que várias outras coisas ao decorrer da leitura também tenham me deixado confusa – eu gostei de como a leitura fluiu rápido e instigou a minha curiosidade, já que o li em dois dias, pois queria ansiosamente saber como seria o final. E caramba! A minha surpresa foi enorme! Cada revelação me deixava mais chocada do que a anterior, me fazendo reler certas partes para ver se eu realmente tinha entendido direito.
É uma mescla de fantasia com ficção científica, distopia e realidade que impressionam. Confesso que as linhas finais do livro me deixaram um pouco confusa, não entendendo tudo com claridade. Mas talvez esse seja o propósito: de deixar o livro e o final martelando na sua cabeça abrindo-se para reflexões e sugestões.
É importante alertar, antes que você inicie a leitura, que há cenas fortes, bastante descritivas, e sem censura. A escrita é sincera, rápida e sem enrolações. E por isso acaba sendo um livro que não é apropriado para todos os leitores, já que pode ser considerado esquisito e estranho.
Porém é um livro que eu gostaria que todos dessem uma chance, principalmente por conta das reflexões que a obra gera no leitor. E, além das reflexões, o final deixará com que você fique confuso, mas também chocado, no melhor estilo Westworld.
“Ser normal é só a maneira mais ordinária de ser monstruoso.”
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Parabéns pelo seu trabalho.
Obrigada! Espero que tenha gostado da resenha e que isso tenha lhe instigado a curiosidade pela leitura.