Literatura

Resenha: “Ascensão” – Stephen King

Todos nós estamos acostumados a ver Stephen King escrevendo terror (ou, quem sabe, arriscando um pouco na fantasia). Esse é o habitat natural dele. Mas como reagir quando o Mestre do Terror decide escrever uma história com pequenos tons fantasiosos, mas que não beira totalmente a fantasia e muito menos ao terror? Será que isso dá certo? ㅤ

Em Ascensão ficou claro que sim. Que Stephen King consegue ser magnífico em tudo que escreve, independente de gênero. E que o autor consegue me fisgar, me emocionar e me arrebatar cada vez com mais intensidade, não perdendo o seu pódio de autor preferido.

Título: Ascensão
Autor: Stephen King
Quantidade de páginas:
 124
Editora Suma
Gênero:
 Ficção / Fantasia / Mistério
Ano: 2019
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Compre: Amazon
Minha classificação: ★★★★★ (5/5)
*Livro cedido pela editora

Um ato rumo à ascensão

Scott Carey acabou de lidar com um divórcio, seguindo assim sozinho em uma casa em Castle Rock e sobrevivendo de trabalhos como freelancer em web-designer. Atualmente Scott conseguiu uma ótima oferta de trabalho, a qual não precisará sair de casa para realizá-lo, ganhando assim uma bela remuneração pela criação de sites para uma empresa.

Isso seria maravilhoso se dois problemas – de escalas opostas – não estivessem afligindo Scott. O primeiro deles diz respeito às suas vizinhas homossexuais, o casal Deirdre McComb e Missy Donaldson, que são donas de dois cachorros que insistem em fazer cocô no gramado da casa de Scott, mesmo que a mais durona, a Srta. McComb, insista em afirmar o contrário.

O segundo problema é mais grave e mais preocupante, mesmo que Scott esteja tentando não deixá-lo invadir sua mente: mesmo que não haja motivo aparente, ele está perdendo peso diariamente. Independente de sua alimentação continuar exagerada e de sua aparência continuar como um homem gordo com mais de cem quilos, o peso de Scott não para de abaixar.

E isso não chega a ser nem mesmo o mais estranho, pois Scott quando está em cima da balança mantém o mesmo peso estando nu ou vestido e com pesos dentro do casaco. O que está acontecendo com o seu corpo e por quê está acontecendo logo com ele? Será que isso mostra que Scott tem uma missão especial a ser cumprida nesse mundo?


“Todo mundo devia passar por isso, pensou ele, e talvez, no fim, todo mundo tenha. Talvez na hora de morrer todos ascendam.”

Amizades improváveis, lanços infinitos

Em apenas 124 páginas Stephen King consegue desenvolver uma história emocionante, reflexiva e importante. Triste, porém tão necessária nos dias atuais. Mas é claro que, mesmo com os seus problemas, Scott ainda tem forças para nos fazer rir, assim como também nos faz desejar ter uma amizade como a dele e de Bob Ellis, um médico aposentado que guarda o seu segredo.

Scott sabe que não tem como voltar ao passado e concertar o seu casamento, mas também sabe que há algo mais grave acontecendo em Castle Rock que, isso sim, pode ser refeito. Será então o momento em que ele começará a prestar atenção ao que acontece ao seu redor e perceber que atos antes insignificantes agora se mostram como amostras de preconceito velado; verá que a homofobia se esconde em pequenos detalhes e que Castle Rock não é uma cidade convidativa e nem mesmo amigável para as suas vizinhas, e isso o assustará ao mesmo tempo que o chocará.

Scott passará a entender o lado e os problemas do outro, assim como também mostrará que um pequeno ato pode mudar tudo, até mesmo a opinião de uma cidade inteira. Quando o Dia Zero chegar, o dia em que ele estará pesando zero quilos e nada mais segurará o seu corpo ao chão, Scott entende que precisará estar em paz consigo mesmo, para assim conseguir seguir em frente. E é exatamente essa paz que ele procurará através do próximo.

A edição está impecável! O livro é capa dura, com uma diagramação confortável e com uma arte a cada início de capítulo.

Primeira leitura do ano e já iniciei 2020 com um 5🌟

É sempre bom ler algo do King, mas eu não esperava que um livro longe de ser terror me fisgaria com tanta intensidade como esse. A trama do protagonista, a vontade de fazer amizade com as vizinhas e a luta pela liberdade de ser quem é e de viver em paz longe de preconceito, tudo isso fez com que o livro, de alguma maneira, se tornasse importante para mim.

Eu adorei conhecer o Scott e passar junto com ele através dessa batalha da perda de peso. Eu adorei vê-lo evoluir como pessoa, mesmo que em poucos meses, e olhar com mais empatia para o próximo. Eu também adorei ver como ele aceitou a sua situação e ascendeu para ser um ser humano melhor. E, mais uma vez, tudo isso fez com que eu começasse o ano com uma leitura maravilhosa e inspiradora.

É incrível ver que meu autor preferido consegue me emocionar e me conectar até mesmo quando não escreve o meu gênero preferido. Aqui, diferente do que se possa esperar, não temos respostas para o acontecimento que subitamente tomou conta de Scott. O foco está na mensagem que o próprio personagem tem para nos transmitir.

Não costumo fazer minhas leituras em apenas um dia, mas nesse caso foi necessário. Eu queria muito saber o que seria de Scott e se seus últimos desejos seriam alcançados. A leitura fluiu de forma tão rápida e tranquila que foi impossível não ficar decepcionada quando a terminei em tão pouco tempo. Iniciei a leitura em uma tarde chuvosa, momento extremamente propício para tal enredo intenso, e a terminei em uma noite nublada e fria.

Por isso, com toda a certeza, Ascensão será um livro que irei recomendar para todos, pois acredito que mais do que nunca precisamos dessas palavras de amizade e empatia em nossos cotidianos e corações. E para você que nunca leu nada do Stephen King, seja por medo ou até mesmo falta de interesse, recomendo que dê uma chance para esse livro.


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16 thoughts on “Resenha: “Ascensão” – Stephen King”

  1. Oiii,

    Eu já comecei a resenha pensando “Não vejo o King em nada que não ser terror” kkkk mas fiquei muito curiosa pra saber qual aplicação da perda de peso do personagem com as coisas que podem vir a acontecer, mas mais curiosa ainda para saber como ele conseguiu trabalhar tudo em tão poucas páginas kkkkk. Vou procurar para ler, porque fiquei bem curiosa para saber qual a ligação dos fatos, e também se o cachorro vai parar de fazer coco no quintal dele kkkkk.

    Beijinhos…
    http://www.equipenerd.com.br

    1. Adorei que você ficou curiosa pelo fato do cachorro cagar no quintal dele, hahahaha. E sim, é incrível como o King, logo ele que adora fazer livros grandes, conseguiu em poucas páginas desenvolver uma história tão boa e, ainda, sem nenhum teor de horror. É muito bom ver esse outro lado do autor e acredito que seja importante para os leitores conhecerem, ainda mais aqueles que querem ler algo dele, mas têm medo.

  2. Desde que eu vi o lancaçamento do livro eu fiquei muito curiosa pra ler, sempre amei o King e quase tudo que ele escreve eu amo kkkkkk
    Eu consegui colocar esse na TBR de fevereiro e espero conseguir ler, tô muito empolgada vendo tanta gente falando bem do livro.
    Adorei sua resenha e as fotos!

  3. Oi Thainá,
    menina Stephen King é simplesmente foda né? Acho incrível a destreza que ele tem para escrever seus trabalho, pelo que percebi esse livro foge bastante do estilo de trabalhos dele né? Livro curto, focado em pré-conceitos, sem toda aquela aura de horror/thriller, devo dizer que fiquei realmente interessado nele, acho que esse vai ser o meu primeiro livro do Stephen King!!

    Beijos!
    Eita Já Li

    1. Sim! Esse livro vai para um caminho totalmente oposto do que ele costuma escrever, e isso deu em um resultado incrível! Eu super recomendo-o para ser o seu primeiro livro do King.

  4. Oi Thainá.

    Cada livro do Stephen King que eu leio, estou ficando apaixonada pela escrita do autor. Ainda não tive a chance de ler este livro e sabendo o tema sobre amizade , deixa a história ainda pare interessante. Parabéns pela resenha e obrigada pela dica.

    Bjos

    1. Obrigada! O King traz assuntos muito importantes e necessários nesse livro, o que faz com que ele tenha todo um diferencial dos demais publicados pelo autor. Super recomendo!

  5. Oii!

    TUdo bem?

    Esse não é um estilo literário que leia com frequência, mas achei bem intrigante o fato do protagonista emagrecer e os números da balança não baixarem. Stephen King é literalmente o rei da criatividade e não duvido que consiga encantar milhares de pessoas, mesmo saindo um pouco do tópico “terror”.

    Abraços!

    1. Mesmo que o terror predomine a maioria das obras do King, ele sempre tenta escrever algo de outro gênero. Esse foi o meu primeiro contato com algo diferente do autor e posso dizer que ele é formidável em qualquer gênero que escolha. E acho uma ótima maneira para aqueles que não gostam de terror, mas têm curiosidade pela escrita do King. Por isso espero que um dia você consiga dar uma chance a obra, pois vale muito a pena.

  6. Olá!
    Acabei de ler uma resenha desse livro e parece que é uma leitura mais “leve” no que diz respeito ao fator sobrenatural, mas não deixa de ser um mistério, porém mais brando. Parece uma leitura muito bacana, é um dos livros do King que quero ler esse ano!
    bjos
    Lucy –

    1. Esse livro não foca em mistério, até porque a proposta dele não é descobrir ou revelar o motivo da perda de peso, mas, sim, mostrar as atitudes do protagonista perante a essa mudança. É sim um livro leve, mas traz também bastantes temas para discussão e reflexão. Espero que goste da leitura!

  7. Uma resenha maravilhosa é uma resenha maravilhosa! Eu estou com esse livro aqui e não vejo a hora de ler, coloquei na listinha para fevereiro e espero conseguir. Eu acho que vou gostar tanto quanto você!

  8. acho o king um autor mais versatil do que imaginamos, adoro ele escrevendo terror mas confesso que fico curiosa em ler algo diferente dele que não seja torre negra kkk, to bem curiosa com essa obra ainda mais você dizendo que tem um tom mais fantasioso eu amo fantasias <3

    1. Eu ainda não li A Torre Negra, mas, pelo o que vejo, também é algo que se distancia do gênero habitual de terror, não é? Ou, ao menos, no quesito mais dark e amedrontador. Acredito que você irá adorar essa leitura! O toque fantasioso não predomina a história por completa, mas é parte essencial dela.

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