Literatura

Resenha: “[in]contadas” – Várias autoras

Em 2020 decidi que quero desencalhar vários livros que tenho na estante. Ano passado consegui me segurar nas compras, pois coloquei em mente que nada vale sair comprando muitos livros se não leio nem a metade por ano. Esse também é um dos fatores para eu ter decidido realizar o projeto 12 livros em 12 meses, mas, é claro, que quero ler bem mais do que doze livros antigos que tenho na estante.

[in]contadas estava entre esses que comprei há anos e nunca tive a coragem de ler. Aproveitei a maratona #DeFériasComOLivro, a qual você pode acompanhar o meu progresso no Instagram, para colocá-lo em um desafio e finalmente o lê-lo. E não poderia tê-lo lido em uma ocasião melhor.

Título: [in]contadas
Várias autoras
Quantidade de páginas:
 196
Editora Vira Letra
Gênero:
 Ficção / Romance / LGBT
Ano: 2017
Skoob: Clique Aqui
Baixe gratuitamente: Vira Letra
Compre: Amazon
Minha classificação: ★★★★ (4/5)

Contos sobre mulheres lésbicas escritos por mulheres lésbicas

[in]contadas é uma antologia nacional composta por 15 contos escritos apenas por mulheres. Com escritas diferentes, mas repletas de poesia, as autoras transbordam em seus textos assuntos que intercalam entre o primeiro amor, as paixões da vida, o conhecimento da sexualidade, o preconceito vivido todos os dias, as perdas inevitáveis e a auto descoberta de si mesma.

Os contos, mesmo que diferentes entre si, trazem a semelhança do protagonismo lésbico – ou, em um caso específico, bissexual – retratado de forma real e crua através de autoras que também já passaram por tais situações, sejam elas boas ou ruins. É por isso que os textos têm um misto de emoções, fazendo com que os leitores ao mesmo tempo em que deem risadas também parem para refletir sobre a vivência dessas protagonistas.

Decidi não me estender sobre cada um dos contos, pois como alguns são relativamente curtos, tendo apenas uma ou duas páginas, acredito que a experiência de leitura será mais completa com você descobrindo as histórias por si só. Apenas deixo como aviso que algumas histórias têm cenas mais picantes, classificadas para maiores de 18 anos. Porém, não são cenas que incomodam, constrangem ou que estão ali apenas para sexualizar, mas, sim, são momentos necessários para tais narrativas.


“O crime não foi o suicídio, afinal, um modo rápido de aplacar as dores naqueles a quem amou e o abandono de si própria. Ou, talvez, o único meio de findar a maldição advinda do desejo incontrolável de consumir o feminino, de chafurdar profundamente nas essências externadas do ser mulher. O crime maior foi a incompreensão de que a natureza é plural, que não tem padrões imutáveis e que os desejos são tão únicos quanto cada grão de areia no universo. Angelin, apenas mais uma vítima do horrendo crime de ser única.”

O trabalho gráfico está simples, mas bonito e confortável para leitura.

Vivências e experiências que precisam ser contadas e ouvidas!

Demorei muito para ler esse livro, anos na verdade, mas acredito que o li no momento certo. Eu adorei conhecer cada personagem e sentir as suas emoções, sentimentos e sensações. Foi uma leitura excelente, emocionante e cheia de amor, que me deixou com vontade e curiosidade em conhecer ainda mais outras histórias das autoras.

É incrível como a escrita de cada autora tem sua dose única e intensa de poesia e como os contos, de alguma maneira, conseguem se conectar e complementar. A leitura fluiu tão rápida e leve que quase o terminei em apenas um dia, de tão conectada que fiquei com as protagonistas. Mas, mesmo assim, consigo dizer que aproveitei cada texto, cada personagem e cada vivência.

[in]contadas foi uma leitura incrível que, inclusive, já recomendei para muitas mulheres. Acima de você ser LGBTQI+ ou não, a leitura se faz necessária para todos por se tratar de mulheres, que mesmo tão singulares e diferentes entre si carregam um pouco de nós leitoras. ㅤ

Vale ressaltar que a editora encarregada dessa publicação, a Vira Letra, tem como objetivo lançar apenas obras lésbicas, trazendo assim representatividade e oportunidade para essa letra da sigla. Não deixe de conferir os outros títulos da editora, caso goste e apoie a Literatura LGBTQI+.


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10 thoughts on “Resenha: “[in]contadas” – Várias autoras”

  1. Oi Thainá.
    Eu não conhecia este livro e através da sua resenha, eu fiquei interessada em lê-lo. Ainda mais sabendo que é uma leitura rápida e leve. Espero ter oportunidade de lê-lo. Parabéns pela resenha.

    Bjos

    1. Obrigada, Kênia!
      Se você gosta de livros de contos, ainda mais esses que passam bem rápido e são bastante fluidos, indico bastante que dê uma chance para essa leitura!

  2. Olá tudo bem?

    Primeiro tenho que falar que adoro livros assim que fazem um apanhado de vários autores, ainda mais esse que conta exclusivamente com mulheres. Também fiquei encantada com o tema, que é tão sensível e delicado, mas também tão necessário. Precisamos falar sobre mulheres lgbts e suas vivencias, mas sem toda aquela romantização ou tentativa de transformar em fetiche. Com toda certeza vou ler.

    Beijos

    1. Oi, Camila! Obrigada pelo seu comentário!
      Eu tenho a mesma opinião que você, pois também acho que precisamos de mais obras que não sexualizem o amor entre duas mulheres, mas, sim, que mostrem a realidade de como é ser uma mulher LGBT. Infelizmente temos bastante obras protagonizadas por homens gays, claro que ainda não o bastante, mas uma quantidade que se sobressai quando comparada a protagonistas lésbicas e bissexuais, e acredito que isso precisa ser mudado dentro da Literatura.

  3. Oiee,
    Estou na mesma situação, ano passado não comprei livros nem no dia das mulheres, meu kindle está abarrotado e as estantes coitadas, transbordando de livros não lidos, então foquei em diminuir os encalhados. Amei a temática do livro, LGBT tem que ser lido e respeitado.

    Beijokas

    1. Estou na mesma situação que você! Não tenho mais espaço para livros na estante e muito menos no Kindle, que também está lotado. Espero diminuir uma parte deles esse ano, mas é cada lançamento mensal maravilhoso que chega a ser impossível não desejá-los, né?

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