Literatura

Resenha: “Colmeia de Sangue” – Vários autores

Colmeia de Sangue foi uma das antologias mais aguardadas por mim no ano passado, tanto por conta de seu monstro escolhido como também por serem histórias de terror escritas por autores nacionais. E aqui abro um espaço para confessar que vampiros não é um tema que eu leia com frequência, mas dessa vez eu queria dar uma chance, assim como também darei para a série Crônicas Vampirescas, da autora Anne Rice.

Entretanto, infelizmente, não consegui me conectar da maneira que queria com os contos. Não sei se minha experiência negativa se deu propriamente por causa das histórias ou se, pessoalmente, estou ficando um pouco enjoada de antologias que visam o mesmo tema. Ano passado eu li tantas assim, que, provavelmente, agora não seja um momento ideal para continuar com esse tipo de leitura.

Título: Colmeia de Sangue
Vários autores
Quantidade de páginas:
 152
Editora Sinna
Gênero:
 Ficção / Terror
Ano: 2019
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Compre: Amazon | Editora Sinna
Minha classificação: ★★★ (3/5)
* E-book cedido pela editora

Vampiros, anos 90 e Rio de Janeiro

Durante a década de 90, pesquisadores curiosos descobriram que dentro da Pedra da Gávea existia um santuário cuja a ornamentação se assemelhava muito a uma colmeia. Porém, para grande surpresa e choque da população e da mídia, o santuário não estava vazio, contendo assim uma adaga de Níquel, pedras preciosas, marfim e túmulos.

A antologia, composta por 19 contos, inicia-se com a história A Parábola da Colmeia, escrita pelo organizador do livro Raul Dias. Nela conhecemos sobre a vida de Badezir, o rei de Tiro, e as consequências de seu ato desesperado para salvar o amor de sua vida, Sabathine, da morte. Para ter a sua esposa de volta, Badezir é obrigado a firmar um pacto tenebroso que acarretará em muitas maldições e matanças em seu reino.

Os próximos contos irão se passar anos depois quando a colmeia é finalmente encontrada e aberta. O Sangue que Liberta, da autora Nancy Scarlett-Hayalla, terá como protagonista Lívia, uma bibliotecária, que encontra documentos misteriosos que pertenceram a Dom Pedro I. A curiosidade falará mais alto e fará com Lívia leia cada um dos papéis, se interessando pela pesquisa e querendo tirar suas próprias conclusões sobre o assunto.

A Resistência, do autor Leo Surcin, abordará a chegada de três militares no Rio de Janeiro após estarem na selva amazônica por seis meses. Eles encontrarão loucura, caos e mortes, e terão que lidar com os monstros de um jeito brutal que já conhecem. Enquanto isso, em Insaciável, de Letícia P. S., conhecemos Dandara em sua jornada de chegar até a igreja, mas sendo impedida por um ser desconhecido e mortal.

Já em Filha, de Luan Araujo, a narradora-personagem é uma mãe apreensiva que sente que algo a está rondando e a cercando, como uma sombra podre que a deseja e, consequentemente, a terá. Esse foi o meu conto preferido da antologia, pois a escrita e a história me envolveram e me chocaram de uma maneira particular e eu também adorei as sensações de confinamento e desespero que a personagem conseguiu transmitir. O próximo da sequência é Monstros Não Existem, da querida J.C. Gray, onde conhecemos o delegado Alberto e o depoimento absurdo de um grupo de adolescentes.

Zumbido Azul, da autora Debora S. Mattana, é narrado por uma personagem vampira, a qual está tendo lapsos de consciência e de sua memória quando ainda viva. É bastante interessante para termos um gostinho do outro lado, ou seja, dos vilões. Já em As Sombras do Beco, da Fabiane Prieto, voltamos a ter uma protagonista humana, a Rachel, uma empregada doméstica que precisa fazer todo o seu trajeto à noite sozinha para voltar para casa. É importante alertar que esse conto tem gatilho de estupro, e por isso não o recomendo para os leitores mais sensíveis ao assunto.

Em Noite Sangrenta, do autor Diego Scariot, acompanhamos um grupo de meninos que gostam de jogar futebol nas quartas-feiras, e será em um desses dias de jogatina que eles conhecerão os novos monstros do Rio de Janeiro. Samba Atravessado, do Alan de Sá, traz o policial Amaral tendo que sofrer com a vingança de Fernando, uma vítima do passado.

Mil Faces, de Abel Cavira, conta a história de Frida, uma mulher que pode aparentar não ser quem realmente é. Já Alice, da autora Luara Melchor, narrará a descoberta da personagem, que dá nome ao conto, ao ter contato com livros misteriosos e cheios de histórias macabras. Seguido por Patrícia, de Bruno Godoi, que nos apresenta o casal Patrícia e Victor que estão escalando a montanha na Pedra da Gávea e lá descobrem que o medo é uma sensação poderosa.

Em A Lenda, da autora Liz Negrão, conhecemos mais um casal, agora Pedro e Cris, que também adentra a Pedra da Gávea e descobre a verdade por trás da lenda da rainha Sabathine. Continuando há Rio 40° (abaixo de zero), do autor Yuri Leal, com um narrador-personagem chamado Júlio, um adolescente morador de rua. Essa história consegue ser ainda mais visceral por trazer personagens jovens desprovidos de qualquer cuidado ou atenção da comunidade. Chega a ser desesperador presenciar o futuro do grupo.

O Monstro de Copacabana, de Leandro Zapata, traz Sylos, um homem que é obrigado a vir para o Rio de Janeiro para caçar as criaturas que acabaram de despertar. Em Homens e Monstros, de Marcus Hemerly, temos a narração de uma capital sendo engolida pelo caos, por monstros e pela brutalidade. Uma história que foca no ambiente, nas sensações e no desespero.

Hell de Janeiro, de Leo Surcin, mostra Marcos, um dos chefes do laboratório BioStar, fazendo um experimento com possíveis candidatos para cargos na empresa. O que deveria ser apenas uma entrevista normal de emprego, na verdade faz parte de uma pegadinha de muito mal gosto. Por fim, fechando a antologia, O Último Capítulo do Tomo Vermelho, de Raphael Albuquerque, é narrado através de uma carta escrita por Benjamin Drummond, um membro da Ordem de Nabu. Nessa carta ele contará tudo que aprendeu sobre os vampiros que invadiram o Rio de Janeiro e como isso pode ajudar em estudos e caças futuras. Gostei muito de como esse conto foi escrito e da maneira escolhida para narração.


“Ela não mais morrerá, será eterna e graciosa aos teus braços. A filha do paraíso bendito, portadora da morte e da vida, mãe de toda a Mesopotâmia e das gerações que hão de vir.”

Uma leitura que, no momento, não funcionou para mim

Acho que cheguei a um ponto em que me sinto um pouco saturada de antologias. São tantos contos sobre o mesmo tema que eu acabo tendo dificuldade em me apegar as histórias e me envolver com os personagens. Infelizmente dessa vez não foi diferente.

Encontrei alguns contos que me agradaram, outros nem tanto, mas em grande parte da leitura me senti desmotivada, e isso me entristeceu. Para mim, as histórias foram massantes e um pouco clichês. Por todo o tema que envolve a antologia, imaginei que os contos sairiam da curva do padrão e me trariam angústias, medos, receios, mas nada disso aconteceu. Apenas foi mais uma leitura normal que só gostei.

É claro que essa foi a minha experiência pessoal e o mesmo pode não acontecer com você. Como eu disse acima, acredito que o principal problema é que me sinto saturada de antologias e que, nesse caso, preciso dar um tempo de leituras assim.

Entretanto, se você gosta do gênero e do monstro em questão, aconselho que dê uma chance ao livro, afinal a obra pode muito bem se tornar uma favorita da sua vida. Além, é claro, de apoiar o trabalho de autores e autoras nacionais e dar uma chance para que suas histórias alcancem ainda mais leitores.


“O sangue que liberta é o mesmo que segrega.”


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12 thoughts on “Resenha: “Colmeia de Sangue” – Vários autores”

  1. Oi, isso de ter lido muitas antologias e de serem muitos contos sobre o mesmo tema e com o mesmo cenário pode mesmo ter impactado na sua experiência com o livro. Eu gosto de contos de terror, então é uma antologia que eu leria. Achei as premissas dos contos bem interessantes.

    1. Sim, ainda mais porque “abusei” de antologias no ano passado, então acredito que cheguei a um ponto onde é melhor deixá-las para o futuro. Espero que tenha oportunidade de ler o livro e espero também que goste dos contos!

  2. Oi Thainá.

    As antologias estão na moda. Tenho visto vários comentários de lançamentos e este livro que você resenhou eu fiquei com muita vontade de lê -lo. Porém não tive a chance mesmo gostando de vampiros. Que pena que a leitura não fluiu para você, ainda vou continuar com ele na lista de desejados. Que sabe eu consiga uma oportunidade.

    Bjos

    1. Mesmo a leitura não tendo fluindo para mim, ela pode muito bem ser uma ótima leitura para você! Espero que consiga lê-lo um dia e depois dividir a opinião comigo, quem sabe você não destaque pontos importantes da história que no momento da leitura eu não consegui ver.

  3. Confesso que não sou muito fã do gênero e também não gosto de vampiros, então seria uma leitura que eu não realizaria. Lendo sua resenha, percebi que não funcionou para ti. Eu tenho esse problema com antologias também e até tenho receio de ler algumas por conta disso. De qualquer forma, gostei em ler sua opinião sincera.

    Beijos,

    1. Obrigada! Infelizmente antologias acaba tendo esse problema, né? De ser bastante repetitivo. Eu até gosto de ver várias histórias, diferentes visões, sobre um mesmo tema, mas acredito que li isso demais em tão pouco espaço de tempo. De qualquer forma, futuramente, depois de “tomar um ar”, pretendo dar uma nova chance.

  4. Eu até gosto de ler contos de vez em quando, mas terror, sem chance! Fujo do gênero. Mas certamente é um livro que duas das minhas sobrinhas lerão, anotei a dica para comprar para elas.

    Bjo
    Tânia Bueno

    1. Que pena, Tania. Mas fico feliz em saber que você lembrou de suas sobrinhas e espero que elas gostem! Só fique de olho na faixa etária do livro, tá? Já que não sei a idade delas.

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