Literatura

Resenha: “O Exorcista” – William Peter Blatty

Esse ano, assim como no ano passado, estou participando da maratona Creepytober, que consiste em lermos obras de terror para comemorar o Halloween e, de quebra, participar de desafios propostos pela equipe. O mais interessante é que a cada ano os organizadores inovam nos desafios e na interação, o que deixa a maratona ainda mais legal e participativa. As inscrições já acabaram, mas você pode conferir a minha participação ao me seguir no Instagram.

Dito isso, O Exorcista foi um dos livros escolhidos para uma leitura coletiva na maratona. Como eu já tinha uma edição na estante e queria muito ter contato com a obra original dessa história, embarquei junto com os demais. E quão grande foi a minha surpresa ao amar essa obra ainda mais do que esperado, tornando-a um dos meus livros favoritos de terror.

Leia também: A Hora do Lobisomem, de Stephen King

Título: O Exorcista
Autor: William Peter Blatty
Quantidade de páginas: 336
Editora Agir
Gênero:
 Ficção / Terror
Ano: 2013
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Minha classificação: ★★★★★♥ 
(5/5+favoritado)

Profanação, desespero e a busca para exorcizar todos os demônios

Regan MacNeil e sua mãe, Chris MacNeil, atualmente estão morando em Georgetown, a cidade escolhida da vez para as filmagens do novo filme de Chris, uma atriz já renomada e com extensa fama. A garota tem apenas 11 anos quando encontra no porão de sua nova casa um tabuleiro ouija, o qual decide se aventurar nele.

Após esse primeiro contato com o artefato, Regan começará a ver um amigo imaginário ao mesmo tempo em que seu comportamento lhe transformará em uma menina completamente diferente do que era até então. Ela começará a xingar, a falar obscenidades e a se comportar agressivamente com os outros, deixando assim a sua mãe extremamente assustada e triste.

Para resolver tal enigma e ajudar a filha a voltar a ser aquela garota doce e amável de antes, Chris a levará nos melhores hospitais e a consultará com os melhores médicos que, à princípio, ficarão divididos entre suspeitas de esquizofrenia, histeria e/ou dupla personalidade. Mas é claro que nada disso é confirmado, deixando Chris ainda mais perdida e desesperada, tendo como única solução a busca por um padre e a possível chance de exorcizar o demônio que Regan afirma ter dentro de si.

Com uma narração em 3° pessoa, mas que foca nos pensamentos e sentimentos mais íntimos dos personagens, O Exorcista, acima de tudo, traz um debate sobre religião, fé e crenças. Até quando podemos afirmar que há uma possessão após a confirmação de tantas doenças mentais? Como acreditar que ainda existe a possibilidade de haver um Mal tão grande em meio a nós?

Através de um linguajar impróprio, violento e descritivo, a obra aborda os sentimentos de culpa e revolta, tanto que podem estar dentro de Regan como também os que invadem constantemente o pensamento de Damien Karras, o padre que ganha mais destaque na história por trazer o embate da falta de fé. Há também, além dos personagens já citados, uma grande importância ao redor de Kinderman, um detetive que está a frente de um caso de profanação da igreja que pode haver relação com um assassinato recente.

Por isso posso afirmar que todos os personagens têm, mesmo que leve, uma certa importância na trama, sendo extremamente bem desenvolvidos, com bagagens bem estruturadas e cargas emocionais intensas. E talvez por isso a história seja tão forte, sufocante, a ponto de ser uma das melhores histórias de terror que já li.


“— Acho que é aí que está, Damien… A possessão. Não nas guerras, como algumas pessoas acreditam, não tanto. E muito raramente em intervenções extraordinárias como aqui… Esta menina… Esta pobre criança. Não, costumo ver a possessão nas coisas pequenas, Damien. Nas picuinhas e nos desentendimentos; na palavra cruel e cortante que salta livre à língua entre amigos. Entre namorados. Entre marido e mulher. Temos muito disso e não precisamos de Satanás para criar nossas guerras. Conseguimos criá-las sozinhos… Sozinhos.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

E as adaptações cinematográficas?

Após concluir o livro na semana anterior, decidi conferir novamente o filme, já que me lembrava apenas de alguns detalhes da adaptação. Dirigido por William Friedkin e lançado em 1974, o filme O Exorcista é uma adaptação fiel a obra original, transmitindo a sensação de sufoco, medo e desespero da história.

Admito que alguns personagens me pareceram jogados no meio da trama cinematográfica, o que poderá causar dúvidas na cabeça de quem assistir ao filme sem antes ter lido o livro, mas isso não interfere negativamente em momento algum na história, pois as atuações são incríveis e conseguem passar a essência dos protagonistas.

Existe algumas continuações do primeiro filme, mas confesso que não cheguei a assistir e também não sei se um dia irei. A única “continuação” que conferi foi a série O Exorcista, lançada em 2016, que contém duas temporadas, sendo a primeira uma espécie de continuação do filme original. Inclusive a série me surpreendeu e me fez amar ainda mais esse universo, sendo assim recomendadíssima para quem quiser conferir (tem as duas temporadas na Prime Vídeo).


“— Que dia excelente para um exorcismo, aliás.

Um livro que me surpreendeu e se tornou um favorito.

Assim como muitos fãs de terror, eu conheci O Exorcista através do filme, que inclusive assisti há poucos anos, mas que, mesmo já adulta, me deixou aflita. Lendo o livro agora, pela primeira vez, pude sentir novamente tudo aquilo que senti com o filme, mas agora com ainda mais intensidade.

O livro é extremamente bem escrito e detalhado, nos deixando incomodados e assustados com os graus da possessão. Eu me sentia aflita, tanto pela criança como também pela mãe; me sentia enojada, assustada e com medo. Temia pela criança, temia pela mãe e, depois, temia pelos padres.

É uma história que vai aumentando a cada parte, que vai tocando na ferida do catolicismo e que mostra as nuances entre uma doença mental e uma possessão. Achei incrível a riqueza de detalhes da história e a forma como o autor conduziu todo o livro, principalmente o desfecho que me amedrontou ao mesmo tempo em que me emocionou.

É estranho dizer isso, mas após terminar a leitura me vi apaixonada pela trama e pelo autor, encontrando ali a certeza que sempre procuro do porquê eu amo tanto esse gênero. Eu amei – e aqui novamente parece ser estranho dizer isso – cada parte do livro e senti sensações que até então estavam dormentes dentro de mim.

Não recomendo para os leitores de estômago mais fraco ou que sejam mais sensíveis a esse tipo de linguagem, tema e descrições. Mas se você gosta de uma história mais pesada, que mexe com o seu psicológico e, de quebra, ainda te deixa meio paranoico à noite antes de dormir, eu super recomendo a leitura.


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4 thoughts on “Resenha: “O Exorcista” – William Peter Blatty”

  1. Oi Thainá, tudo bem?
    Quando eu era mais nova, eu vi o filme. Mas hoje não tenho mais coragem, sempre fui medrosa, e com o tempo fiquei bem mais, risos. E por incrível que pareça eu adoro Halloween, então vou em busca de livros mais leves. Se não fosse por isso, esse seria o primeiro livro da lista a ser lido, um clássico de terror que ultrapassa gerações. Ótima dica.
    bjs.
    cila.

  2. Acredita que eu nunca li esse livro? Só vi o filme e achei bem legal, não sabia que era tão fiel assim. Nem sabia da série, inclusive HAHAHAHAHAHA
    Adorei saber sua opinião sobre o livro, me deu mais vontade de ler, já quero pra ontem esse livro na minha estante e parece trazer umas criticas bem bacanas, tô muito curiosa, socorro!
    Amei a foto, ficou incrivel!

  3. Olá!

    Até esse momento eu pensava que se tratava apenas de filme, que surpresa saber que o filme que me fez dormir de luz acessa por semanas é uma adaptação. Sua resenha deixa claro que se trata de uma obra prima do terror, infelizmente eu sou a leitora sensível e um pouco medrosa, mas fiquei bem contente de saber que a história te agradou tanto. Vou passar a dica dessa vez, mas adorei conhecer sua opinião sobre a obra.

    Beijos

  4. Olá, tudo bem? AH que bom que super curtiu o livro na leitura coletiva e tornou-se um dos favoritos. Nesse caso quero muito conferir primeiro o filme, e sabendo que temos ótimas atuações nele, fico mais animada em tentar. Eu vi falar sobre essa maratona de Halloween e acho a temática dela super criativa, mas pena que o gênero explorado é bem fora da minha zona de conforto. Quem sabe um dia eu tome coragem de participar haha Ótima resenha!
    Beijos

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