Literatura

Resenha: “Wieland, ou A Transformação” – Charles Brockden Brown

Wieland, ou A Transformação é a primeira obra da literatura gótica dos EUA, ou seja, ela por si só carrega um grande valor histórico para a Literatura. Sendo publicado pela primeira vez em 1798, os temas abordados por Charles Brockden Brown ainda chocam por se manterem presentes na atualidade, em pleno 2021.

Com um prefácio e posfácio ótimos que complementam a nossa leitura e nos deixam ainda mais familiarizados com o gênero e a época, a edição da Diário Macabro surpreende por sua beleza e conteúdo, tornando-se também um dos motivos para a minha ansiedade pela leitura.

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“(…) Wieland transformou-se, mais uma vez, em um homem de sofrimentos!”

Título: Wieland, ou A Transformação
Autor: Charles Brockden Brown
Quantidade de páginas: 272
Editora Diário Macabro
Gênero:
 Ficção / Terror
Ano: 2020
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Compre: Editora Diário Macabro
Minha classificação: ★★★ (3,5/5)
* Livro cedido pela editora

Fanatismo religioso, loucura e apreensão:
esses são os elementos principais de Wieland, ou A Transformação

Clara e Theodore são os únicos sobreviventes da família Wieland. Vindos de uma linhagem conturbada e caótica, repleta de suicídios e mortes misteriosas, os irmãos cresceram juntos e inseparáveis, continuando a morar na mansão da família, construindo laços com seus melhores amigos de infância e, através de Theodore e sua esposa, dando continuidade a sua origem.

Tudo parecia estar bem e calmo até que Theodore teve uma experiência inexplicável: ouviu a voz de sua esposa quando ela estava bem longe de seu amado. Porém, se não era ela, a quem pertencia tal voz tão semelhante que lhe avisara de um mau agouro? E, ainda mais, a quem pertencia as demais vozes que agora Clara também ouvira?

Com isso há um mistério sobrenatural que ronda tais vozes tão peculiares, mas ao mesmo tempo tão familiares. Estariam elas ajudando a família Wieland a sobreviver a algum mal? E mais, seriam elas vozes vindas do divino?

Através de uma narração em 1° pessoa pela perspectiva de Clara, nossa narradora-personagem que não é lá tão confiável, buscamos entender de onde vem tais vozes e quais são os seus propósitos ao mesmo tempo que esperamos por acontecimentos ruins que podem acontecer a qualquer momento a essa família de histórico tão ruim e devastador.

O fanatismo religioso e a crença cega são pontos chaves da história e deixam o leitor curioso para saber suas consequências que, acredite, chegarão uma hora ou outra. A loucura também é parte constante dos personagens, deixando o leitor em dúvida em quem pode confiar.


“Eu era inquestionavelmente avessa à morte; mas a morte iminente e cheia de agonia que me ameaçava não era nada. Não era a única ou maior causa de meus medos.”

Com uma edição capa dura, a obra contém ilustrações em preto e branco e textos adicionais escritos por outros autores como base.

Wieland, ou A Transformação é um marco na Literatura Gótica dos EUA e tem sua importância na Literatura mundial, porém pode não surpreender os leitores atuais.

Um livro que vale a pena ler pelo seu contexto histórico e importância para a literatura gótica, mas que não me conquistou tanto quanto eu gostaria. Talvez o meu problema tenha sido esperar um terror e suspense mais intensos, por conta da ambientação sombria e gótica, porém isso só começou a se mostrar mais presente lá para depois dos 50% do livro, quando a leitura já tinha se tornado para mim maçante e cansativa.

A leitura foi lenta e demorei quase duas semanas lendo esse livro e isso me aterrorizou um pouco, pois ele não tem nem 300 páginas. E o ruim disso é que quando eu estava no final, mal lembrava do início do livro. Infelizmente a letra minúscula dessa edição que é maravilhosa também resultou para a minha leitura negativa, pois eu levava meia hora para ler cinco páginas e ainda ficava com dor de cabeça por forçar demais a minha visão. Mas não, a leitura não foi inteiramente ruim.

Os acontecimentos finais, inclusive os da segunda metade do livro, me deixaram chocada e curiosa, me deixando assim com vontade de finalizar logo a leitura e descobrir como aquilo tudo iria terminar. O fanatismo religioso é muito bem explorado pelo autor e assusta por conta de ser tão crível e atual, e olha que ele foi escrito em 1798.

No começo tudo parece loucura e os próprios personagens parecem ser loucos, mas quando notamos o tamanho da fagulha da religião nisso tudo entendemos que há muito mais por trás desses personagens e dessa “loucura”. Eles são manipuláveis, confusos, e isso tudo vem desde seus antepassados e com a morte do Wieland pai.

Eu recomendo a obra para quem já é acostumado com a escrita rebuscada de livros clássicos, pois aqui a escrita pode prejudicar o entendimento de muitas coisas e até travar o leitor mais jovem; também recomendo para quem já gosta de literatura gótica. Apenas indico que não vá esperando um terror a lá Stephen King ou afins. Aqui o terror se mantém na atmosfera e o suspense se firma nas ações dúbias dos personagens e no entendimento nulo do que está acontecendo.


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