Literatura

Resenha: “Black Hole” – Charles Burns

Charles Burns é um autor que eu vinha nutrindo muita curiosidade em conhecer, isso porque a HQ Black Hole, publicada em uma edição belíssima pela DarkSide, parecia ser exatamente o tipo de história que me atrai: bizarra na medida certa.

Não posso negar que eu fiquei encantada pela mente e arte de Charles Burns, ficando muito feliz em finalmente conhecer o autor. Mas também não posso negar que Black Hole foi uma leitura menos empolgante do que desejei e esperei, não tendo sido assim 100% gratificante para mim.

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Título: Black Hole
Roteirista e desenhista: Charles Burns
Quantidade de páginas: 368
Editora DarkSide Books
Gênero:
 Ficção / Graphic Novel / HQ / Horror
Ano: 2017
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Minha classificação: ★★★,5 (3,5/5)

A vida adolescente baseada em impulsos

Anos 70. Uma infecção sexualmente transmissível começa a se espalhar entre os jovens, causando mutações bizarras no corpo do infectado, sendo deformações diferentes para cada um. A vida regada apenas a sexo, drogas, bebidas alcoólicas e muita loucura começa a exigir o seu preço da pior forma possível.

Além do grupo extenso de jovens, acompanharemos mais de perto dois deles: Chris, que é tentada a fugir de casa e viver isolada com o seu grande amor, ambos doentes; e Keith, que se destoa da masculinidade tóxica de seu grupo de amigos e busca por alguma finalidade. Nisso será explorado suas paixões, suas fugas da realidade, seus problemas pessoais e psicológicos, seus envolvimentos com as drogas e o álcool, e o reencontro dos dois ao final em um momento de vulnerabilidade.

A Graphic Novel Black Hole é toda em preto e branco, com traços bastante fortes e uma arte expressiva, belíssima e característica. Os problemas adolescentes, à princípio, parecem habituais e estão envolvidos nas descobertas de cada um, nas explorações com o outro, tornando assim a leitura mais reflexiva do que o esperado.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Black Hole é um terror existencialista com artes belíssimas e medonhas

Posso dizer que Black Hole é uma HQ peculiar. Estranha e peculiar. Li ela em um dia, pronta para sair de uma possível ressaca e, olha, deu certo. A história, por mais que seja bastante longa, fluiu muito bem e fez com que eu desempacasse em outra leitura. Então por isso quase dei 4,0 estrelas para ela. Mas o resto… Ok, vamos lá.

A HQ é extremamente bonita, tanto na edição – que se tornou uma das minhas favoritas da Darkside – como também na própria arte que é muito característica e com traços bem fortes, contrastando o preto e o branco de uma maneira bastante marcante. Eu realmente me surpreendi com o miolo através dos traços do autor e da sua maneira de nos contar a história.

Entretanto o enredo em si não me fisgou tanto assim. Por ser uma obra que divide bastante opiniões, imaginei que a parte negativa poderia ser por causa de uma bizarrice em excesso e eu fui querendo ver isso, pois eu amo bizarrices. Só que não encontrei tanta coisa estranha assim. É claro que as deformidades por si só são bem esquisitas, algumas dando até mesmo aquela agonia de querer fechar os olhos, mas a bizarrice ficou apenas aí.

O resto do enredo tem como proposta abordar os resultados de uma adolescência desenfreada, com muito sexo irresponsável, muitas drogas e bebidas alcoólicas. E sério, eu não estava nada interessada nisso. Não me importava com a vida dos protagonistas e muito menos em suas paixonites, eu queria mesmo era presenciar o terror, o bizarrão, o medo.

Porém acredito que o autor, por mais que tenha explorado esse lado muito bem na parte visual, tentou explorar algumas reflexões como foco, e no final eu apenas achei tudo bem “ok” – o que pode ser considerado decepcionante para alguns. Ainda quero dar mais chances ao Charles Burns e manterei essa edição linda na estante porque também quero dar outras chances para ela, quem sabe fazer uma releitura já com outros olhos e pronta para absorver a parte da reflexão.

Ademais, é uma HQ que vale a pena, caso você goste desse tipo de história, com uma ambientação dos anos 70, adolescentes cercados de problemas de adolescentes, como fugir de casa, bebedeiras, festas e, talvez o ponto mais alto para mim, o estranhamento do próprio corpo e como pessoa.


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