Literatura

Resenha: “As Sombras de Outubro” – Søren Sveistrup

As Sombras de Outubro foi lançado em 2019, ano também em que eu recebi o livro da Suma, mas admito que apenas agora o enredo despertou a minha curiosidade e que finalmente consegui dedicar um tempo só para ele.

Isso se deu bastante por conta da série, baseada no livro, que foi lançada esse ano pela Netflix, O Homem das Castanhas. Eu não a assisti – e confesso que não pretendo -, mas a repercussão de ser um ótimo thriller, assim como a própria fama do livro também afirma, me deixou ansiosa para conferir a história original e vivê-la pelos olhos do autor.


“Não importa o local do mundo, a história é sempre a mesma quando se trata do sequestro de uma criança.”

Leia também: O Matrimônio de Céu e Inferno, de Enéias Tavares e Fred Rubim

Título: As Sombras de Outubro
Autor: Søren Sveistrup
Quantidade de páginas: 416
Editora Suma
Gênero:
 Ficção / Crime / Suspense e Mistério
Ano: 2019
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Minha classificação: ★★★★ (4/5)
* Livro cedido pela editora

Sr. Castanha, onde está?
Sr. Castanha, o que tem para me dar?

Naia Thulin e seu novo parceiro, Mark Hess, o qual ela mal conhece, mas já não suporta, são destinados para investigar o assassinato brutal de Laura Kjaer, que deixa em vida um filho. À princípio, todas as acusações apontam para o marido de Kjaer e padrasto da criança, pois, mesmo que o seu álibi seja uma viagem a trabalho, há situações suspeitas ao redor da relação do casal.

O caso começa a ficar estranho após duas constatações: a primeira envolvendo um boneco feito de castanha encontrado na cena do crime, logo depois denominado como Sr. Castanha; e a segunda ligada as digitais encontradas no boneco que apontam para Kristine Hartung, a filha desaparecida da ministra Rosa Hartung há 1 ano.

As Sombras de Outubro é um thriller policial dinamarquês frenético que traz personagens bem desenvolvidos, com seus próprios traumas e dificuldades pessoais, descrições fortes que causam muita angústia, desespero e apreensão, e que coloca muitas perguntas na cabeça do leitor. Quem é o Sr. Castanha? Por que ele está cometendo esses crimes? Será que as vítimas têm uma ligação? E quem diabos é esse cara?

Além de aguçar a curiosidade do leitor em volta do Sr. Castanha e do motivo para tais atrocidades, o autor também consegue mexer com a nossa mente ao descrever, logo no início do livro, outro assassinato brutal que parece ter uma ligação direta com os das páginas seguintes. A aflição e a ansiedade vão aumentando de acordo com o passar das páginas, fazendo assim com que o leitor não queira parar a leitura por nenhum segundo.

TW: cuidado com os gatilhos de descrições de abuso infantil e assassinato. A escrita do autor é bastante descritiva, então ele não poupa detalhes nem mesmo nesses momentos mais indigestos.


“Embora seus rostos pareçam velhos e vazios, ela sabe que carregam na consciência o peso de ter tirado vidas.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Apesar de seu começo lento, As Sombras de Outubro fisga o leitor através da tensão e curiosidade

Esse não foi um livro fácil de se ler. Digo isso porque eu gastei quase um mês me dedicando a ele, e nem era por uma questão de gosto, mas porque houveram vários infortúnios que me fizeram lê-lo mais devagar, inclusive a falta de fluidez, para mim, nos primeiros 50% do livro. Só quando o assassino começou a agir que foi quando eu realmente quis saber mais sobre os acontecimentos, as vítimas e se os detetives iriam conseguir pegá-lo antes da próxima morte.

É claro que eu errei quem era o assassino e isso me deixou muito feliz, pois a revelação, ao menos para mim, não foi nada óbvia. Eu fiquei chocada, tanto com o personagem que era o assassino como também com a sua motivação, e me vi desesperada no final, com uma ansiedade gritante pelo o que iria acontecer depois da revelação – o que fez eu ler com pressa cada página, sem fôlego, para saber logo o desfecho.

Quanto aos detetives principais, eu achei a Thulin insuportável no início. Tudo bem, eu entendo a necessidade de ser forte e de querer se provar em um ambiente profissional majoritariamente masculino, mas isso não é motivo para tratar as pessoas mal, e ela fez isso várias vezes com o Hess, o que sempre me incomodava. Em contraponto, eu gostei do Hess desde o início. Ele mantinha uma áurea de mistério que me deixou curiosa para saber da vida dele, e mesmo todos falando mal dele eu consegui criar um vínculo logo no começo.

Mas no final eu já estava envolvida com os dois, tanto com seus dramas familiares como profissionais, e isso fez com que eu ficasse com saudades deles ao terminar o livro. Acredito que esse possa ser o primeiro de uma série sobre os dois, já que ficaram algumas pontas soltas da vida pessoal deles que eu fiquei curiosa para descobrir um pouco mais – e se houver um segundo, eu já quero!

Só tem uma coisa que realmente me incomodou do início ao fim: a maneira que o autor descrevia as personagens femininas. Muitas vezes ele utilizou de diálogos e expressões sexistas e machistas, colocando as mulheres como meros objetos sexuais aos olhos dos homens e tendo a Thulin como única exceção, muito por ser a protagonista, e isso me deixava cada vez com mais raiva. A descrição das roupas, dos corpos, sempre me incomodava e me fazia repensar o resto do meu gosto e experiência com a obra. E por isso ela não conseguiu ser perfeita para mim.

Entretanto, é um thriller que eu recomendo. O livro é elétrico e consegue deixar o leitor sem fôlego em suas últimas páginas. Por isso, no geral, foi uma história que eu gostei muito, tanto da escrita como também de seu desenvolvimento, e por conta disso eu a recomendo.


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