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House of Hammer: O quanto uma vítima pode ser apagada?

Na semana passada, eu assisti ao documentário House of Hammer, que fala não somente sobre a polêmica de Armie Hammer, mas também sobre a família do ator. São três episódios, com cerca de uma hora de duração cada; três horas que me deixaram chocada por tanto descaso, selvageria e forma fria em relação as mulheres.

Não sei vocês, mas eu fiquei sabendo da polêmica do ator porque em algum lugar eu li que ele era canibal. Em todo canto que se falava do caso de Armie Hammer ele sempre era ligado ao canibalismo e, talvez, o meu choque principal tenha vindo disso ao assistir o documentário: pois apagaram as dores e identidades das vítimas que sofreram em suas mãos em detrimento de uma notícia “pequena” se comparada com os demais problemas mentais e ações abusivas dele.

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Reprodução: Google

O documentário sobre a vida de Armie Hammer

Armie teve relacionamentos amorosos com mulheres e em todos eles (ou ao menos os que são expressos no documentário) resultaram em abusos físicos, sexuais e psicológicos. Suas namoradas foram destruídas por dentro e fora, e cada palavra que eu ouvia de suas vítimas me fazia tremer, sentir nojo e, junto a isso, uma tremenda tristeza. Dava vontade de chorar e, ao mesmo tempo, condená-lo com as minhas próprias mãos.

Essas mulheres tem nomes. Courtney Vucekovich é uma delas, pois ela expõe como conheceu o ator e como a situação ficou extremamente apelativa e fora do controle. Armie se sentia um sadomasoquista sem limites, mas nem a pior das pessoas seria tão fria a tratar suas parceiras da maneira que ele tratou, como se elas fossem um nada, alguém sem personalidade, alguém sem identidade. Como se estivessem ali, ou existissem ali, apenas ao seu bel-prazer. Eram descartáveis.

Reprodução: Google

Os segredos da família Hammer

Mas a história ainda tem como ficar pior, já que os homens da família Hammer, incluindo pai e avó de Armie, eram tão abusivos e loucos quanto ele. Era uma sucessão de abusos, de homens que se sentiam superiores e donos de suas esposas e filhas, homens que prosperaram com a dor e o sofrimento delas.

A sua tia Casey Hammer, por exemplo, também foi uma vítima dos patriarcas da família. Mas, além de seus depoimentos tristes e sufocantes que deixam claro como a sua vivência naquela família a afetou psicologicamente, o que me deixou ainda mais chocada foi saber que por conta do documentário ela terá que zelar em dobro por sua vida. Como se os abusos não tivessem sido traumáticos o suficiente, Casey ainda tem que tomar cuidado para que, agora uma ameaça novamente, suas palavras não a tornem uma vítima fatal.

Ou seja, não importa o quanto as vítimas são apagadas, colocadas embaixo do tapete, até mesmo desmentidas. Mesmo após terem coragem de denunciar, de contar para o mundo suas histórias, suas vivências e seus sofrimentos, ainda precisam zelar pelo cuidado pessoal para que não sejam mortas por terem dito a verdade sobre homens poderosos e ricos, que tem o mundo em suas mãos.

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Reprodução: Google

A história por trás de House of Hammer é doentia e revoltante

House of Hammer escancara a verdade nua, crua e doentia por trás dessa família de grande renome lá fora. A minha maior vontade é que Armie pague pelo o que fez a essas mulheres, mesmo sabendo que isso está longe de se tornar real, já que até o momento ele ainda não foi incriminado, estando em recuperação e quase pronto para voltar para os cinemas.

Sim, é isso mesmo. Ele está elaborando uma volta para as telas e, mesmo que isso seja revoltante para algumas de nós, mantém recebendo o apoio de suas fãs. E nisso eu acabo me perguntando: como ainda há mulheres que podem se dizer fãs de uma pessoa como essa? Não seria isso uma espécie de relação fã-ídolo como ocorreu com serial killers e psicopatas famosos? Ou seja, doentio.

Apesar de ser uma montanha russa de emoções – todas negativas, claro -, House of Hammer é um documentário interessante para vermos até onde a mente humana – e insana – consegue chegar; como uma família consegue doutrinar os seus sucessores e fazê-los espalhar tanto mal. Apesar dos relatos fortes e indigestos, é uma série que recomendo para quem já tem o hábito de consumir o tema e a curiosidade de saber até onde vai a mente dos Hammer. Eu assisti no Discovery+, pelo teste gratuito na Amazon Prime.

TW: é importante ter cuidado com os gatilhos, pois tem abuso físico, psicológico e sexual expostos nos relatos e também através de prints de mensagens e reproduções de cena.


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