Literatura

Resenha: “A Bruxa de Lavanda Negra” – Matheus Maciel

Adoro quando começo um livro sem saber nada da sinopse e aos poucos vou me surpreendendo com o que o enredo me traz. A Bruxa de Lavanda Negra foi uma dessas adoráveis surpresas, já que sabia apenas o que o título poderia me induzir a pensar.

Com o decorrer da narrativa, percebi que o livro vai além de apenas mais uma história sobre bruxas. Há o teor significativo da memória e o que somos capazes de fazer para alcançar nossos objetivos (ou para encontrá-los).

Reprodução: Biblioteca Pessoal

“Lizzie deixa seu pensamento desanuviado. Não mais sua. Não mais treme. Neste momento, é a mestra de si, nem mais nada nem ninguém.”

Leia também: Transtorn, de Pedro Maciel

Título: A Bruxa de Lavanda Negra
Autor: Matheus Maciel
Quantidade de páginas: 212
Editora Aurora
Gênero: Ficção / Fantasia
Ano: 2023
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Minha classificação: ★★★★ (4/5)
* Livro cedido pelo autor

Uma nova bruxa. Um novo destino.

Lizzie, ao lado de seu familiar Érebo, está em uma busca particular quando seus serviços de bruxa são requisitados por uma pessoa desconhecida em Lavanda Negra. Porém, a sua chegada não é bem vista pelos cidadãos do local, que a tratam mal e grosseiramente, o que gera uma curiosidade ainda maior – tanto para ela quanto para os outros – sobre quem a contratou.

Lavanda Negra foi tomada pela escuridão, pela obscuridade, enterrada e torta com ares de morte. A única esperança para sua salvação está naquela que repudiam, na bruxa que tentaram expulsar.

Com uma escrita que beira o teor poético e ilustrações que compõem a beleza física do livro, acompanhamos Lizzie e Érebo em sua jornada para descobrir o que está afetando Lavanda Negra ao mesmo tempo em que a garota procura por um ente querido. Aqui, fala-se muito sobre a importância da memória, seja de alguém, de algum lugar ou de acontecimentos específicos, o que resulta em reflexões fortes e que ficam com o leitor mesmo após o término da leitura.


“Assim é ser bruxa, imagine, lembrando-se do que disse Quitona em Lavanda Negra. Ser bruxa é fazer o que não lhe cabia, mas se devia. Tocar o que não cantava e se recordar do que não vivera.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Com uma protagonista agridoce, A Bruxa de Lavanda Negra se diferencia através da identificação com o leitor

Lizzie é uma personagem nada fácil de se lidar. Ela muitas vezes é mesquinha, mal educada e só pensa em si, causando um mal danado às pessoas que só queriam sua ajuda. Porém, isso, ao mesmo tempo que nos deixa zangados, traz uma proximidade de Lizzie conosco, já que seus erros, medos e raivas a tornam humana, apesar de ser uma bruxa.

Por conta disso, eu percebi que a odiava porque ela parecia muito comigo e isso me deixava brava, afinal, ninguém quer perceber os próprios defeitos, não é mesmo? E consegui notar que eu faria tudo como a Lizzie, que nosso temperamento é muito similar e que nós duas só damos valor quando perdemos.

Pode parecer meio melancólico e triste, mas essa fantasia também vai trazer algumas pitadas humorísticas através da relação de Lizzie e Érebo (meu personagem favorito) e também uma atmosfera sombria, vinda do horror, que faz o leitor ter calafrios em determinadas cenas. Toda essa mescla mostra como o autor Matheus Maciel foi certeiro. Ele escreveu uma história cativante, com personagens intragáveis (mas que fazem você torcer por eles) e com uma mística e ambientação únicas, as quais eu amei e desejei até por mais.

“Acredita que chorar pelo passado é uma forma de morrer.”


Reprodução: Biblioteca Pessoal

A Bruxa de Lavanda Negra: uma fantasia para todos os fãs do gênero (e para quem ainda quer se aventurar em tais histórias)

A única coisa que, mesmo eu tendo gostado, me incomodou um pouco foi a escrita poética demais. Às vezes eu me perdia em meio as descrições, saindo totalmente do foco da história e divagando sobre nada. E isso é ruim porque traz uma quebra na leitura que não queremos quando estamos tão conectados a ela.

Entretanto, eu amei realizar a leitura, pois foi uma experiência maravilhosa! As ilustrações complementaram e fizeram com que a imersão fosse ainda mais intensa, dando pra imaginar com perfeição cada personagem, cada lugar, cada artefato importante. Lizzie demorou pra me conquistar, mas quando conseguiu fez com que eu não parasse de ler a história por nenhum minuto, tendo assim devorado o livro.

Julgo dizer que uma fantasia assim, mesmo mais simples, exige um pouco de experiência do leitor com o gênero, mas para mim, que quase não leio fantasia, o mundo se mostrou aberto e receptivo para me abraçar, não tendo nenhum prejuízo. Por isso, esse livro é certeiro para os já fãs de fantasia e também para os que ainda desejam se apaixonar pelos mundos diversos.


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