Literatura

Resenha: “Creepypastas: Lendas da Internet 2” – Vários autores

Ano passado eu participei pela primeira vez da Maratona Creepytober, tendo lido o primeiro volume de Creepypastas durante a maratona. Esse ano eu decidi participar novamente e, para não perder o costume, encaixei o segundo volume dessa coleção na minha TBR, ainda mais pelo livro ter a vibe perfeita de Halloween que tanto amamos.

Foi como revisitar um velho amigo, com todas aquelas sensações já conhecidas de volta e todo o medo que havia dormido dentro de mim estando agora novamente acordado. Com autores novos e outros já conhecidos do Creepypastas 1, pude ter, mais uma vez, um gostinho do ótimo terror nacional.

Leia também: Creepypastas – Lendas da internet, volume 1

Título: Creepypastas: Lendas da Internet
Creepypastas #2
Organizadora: Glau Kemp
Vários autores
Quantidade de páginas: 230
Editora Lendari
Gênero:
 Ficção / Horror / Suspense e Mistério
Ano: 2020
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Minha classificação: ★★★★★ 
(5/5)

Creepypastas #2: mais sangue, mais terror!

Com uma ambientação nos anos 90 e uma atmosfera sombria e pesarosa, o segundo volume de Creepypastas traz ainda mais demônios, maldições e entidades, tudo isso para agradar os leitores mais ávidos por terrores noturnos e madrugadas em claro.

Os contos são inspirados em diversas pastas de terror que invadem a internet, incluindo histórias que focam em jogos, filmes e bonecas amaldiçoadas. Na verdade, será raro você não encontrar maldições, rituais ou abduções entre os contos, pois o suspense, o terror e o gore são elementos principais dessas histórias insanas.


“(…) Soltei um grito e posso jurar que vi os horrores da Grande Guerra. Vi os prédios destruídos e abandonados, vi o mal que habita o homem, vi o sangue dos inocentes e a crueldade que se abateu neles, e aquilo: o spiritus mundi claustrofóbico desenhado por Clarke e descritos ensandecidamente por Nestarez.”

Um pouco sobre os meus contos preferidos da antologia:

A Casa de Espelhos, de L.A. Tecau:
Nesse conto descobriremos como o narrador-personagem, um escritor, teve a ideia inicial para o seu livro A Casa de Espelhos, a nova aposta de best-seller da editora. Nós sabemos que a criatividade de um escritor pode nascer de diferentes formas, sendo única para cada um. Para o nosso protagonista, a criatividade nasceu de uma experiência pessoal assustadora.
E olha, coloca assustadora nisso. Eu sou um pouco sensível quando o elemento central de histórias de terror é um espelho, ainda mais por dormir em frente a um. Então A Casa de Espelhos foi o primeiro da antologia, em questão de ordem, a fazer meus joelhos tremerem e me deixar com vontade de sair tapando todos os espelhos quando fosse escrever.

Agulhas, de Rodrigo Ortiz Vinholo:
Eduardo está preocupado consigo mesmo, com medo de ter sido picado por alguma agulha infectada enquanto estava no cinema. Mesmo que não houvesse nada em seu sangue que comprovasse a picada ou nenhuma marca em seu braço que o lembrasse daquele momento, ele sabia muito bem o que tinha sentido anteriormente e isso fazia com que ele tivesse a certeza de que, sim, ele foi picado. E agora, mais do que nunca, parece que em todos os lugares para os quais ele vai há agulhas tentando cravar em sua pele.
Parece que todo conto que leio do Rodrigo eu favorito, pois também favoritei o conto do autor que compõe o primeiro volume dessa coleção. Esse, em específico, me deixou tão angustiada e incomodada, que fiquei com dó da saúde mental de Eduardo ao mesmo tempo em que tudo me pareceu crível demais. E o final… Meu Deus!

Boneca Russa, de Álex Souza:
Ekaterina completou 13 anos, e com isso chegou a hora de deixar o lar adotivo que tanto a acolheu antes. Infelizmente o seu novo lar não é nada do que a menina imaginava e isso trará grande pesar e sofrimento a ela.
Talvez esse seja o conto que mais me deixou incomodada e sem ar, justamente por tratar do bem estar e da vida de uma garotinha. É cruel, desesperador e agoniante o que acontece com Ekaterina, o que me fez querer chorar em várias partes.

Horror no Bairro de Pedreira, de Igor Moraes:
Rafael é um colecionador do oculto. O quão grande foi sua surpresa – e desejo – ao conseguir incluir em sua coleção uma Máquina Enigma da época da Segunda Guerra Mundial, tendo como antigo dono um nazista. Através dessa nova aquisição ele descobrirá alguns segredos de experiências feitas durante a guerra.
O que eu mais gostei desse conto foi o elemento da surpresa, pois eu realmente não esperava nada parecido com o desfecho que me foi entregue. Eu adorei no que a história resultou e em como essa máquina transformou Rafael.

O Último Episódio, de Dennis Vinicius:
Um grupo de amigos tem contato com um CD-ROM que contém o último episódio de Caverna do Dragão, um desenho que aparentemente não foi finalizado – ou ao menos não teve seu último episódio transmitido na televisão. Porém, ao assistirem o vídeo os amigos irão despertar a presença de algo maligno e mortal.
Gosto muito de histórias que abordam episódios perdidos de desenhos famosos, inclusive já li muito sobre vários. Então é claro que esse logo me conquistou, principalmente pelo desfecho sanguinário e aberto.

Onde Está a Duda?, de Alane Brito:
Uma boneca da Duda era o brinquedo mais desejado pelas crianças dos anos 90. A nossa narradora-personagem, uma menininha muito carismática, era uma dessas crianças. Com grande surpresa e felicidade, ela ganha uma Duda de presente da mãe, que explica que é de segunda mão, mas muito bem conservada. Ela fica muito feliz com o presente, mas seu irmão, Alex, não gosta nada de ter uma Duda em casa, ainda mais depois das histórias que ouviu sobre a boneca ser amaldiçoada.
Essa é aquela típica história clichê sobre boneco amaldiçoado que nos deixa com o cabelo em pé. Eu senti o medo de Alex e temi pela segurança dele; quis jogar a Duda para bem longe em vários momentos e até mesmo queimá-la.

Y2K, de Raquel Pagno:
O conto que fecha a antologia focará no medo de Sara com o fim do mundo. Tudo que ela vê na televisão e nos jornais mostram que o mundo irá acabar naquela virada de ano e que uma explosão nuclear poderá atingir os filhos que tanto ama. Pensando nisso, Sara constrói um forte subterrâneo para salvá-los da morte iminente, mas, talvez, o desespero tome conte dela antes mesmo de o relógio bater meia noite.
Gente, que conto! Fiquei perplexa com os sentimentos e pensamentos de Sara, tendo vontade de entrar na história e sacudir os ombros dessa mulher – quem sabe, até dar um tapa na sua cara – e acordá-la para a vida. Mas o medo dela era tão real e tão contagiante, que muitas vezes me peguei pensando se realmente o fim do mundo fosse acabar será que ela não tomou as decisões corretas? A antologia finaliza com várias reflexões na nossa mente, nos colocando em meio a uma loucura geral e desesperadora.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Outras histórias, mais medos.

Assim como o primeiro volume, aqui também teremos vários contos sobre variadas situações inusitadas de terror ambientadas nos anos 90. Há histórias com demônios, maldições e seres inumanos. Há situações desconfortáveis que deixam até mesmo o leitor mais corajoso com os cabelos arrepiados. As lendas da internet estão vivas e aqui você descobrirá o que essa maravilha da nova tecnologia pode causar também como o Mal, com suas correntes demoníacas e lendas da Deep Web.

Não sei se por se tratar do mesmo assunto do que o primeiro volume, acabei achando alguns contos repetitivos, mas, no geral, como eu gosto bastante dessa temática, foi uma leitura que me agradou muito, me deixando com um certo receio e um pouco de medo do escuro em determinados momentos.

Cada escrita tem o seu diferencial e assim podemos ver o melhor – e a criatividade – de cada autor e autora. Há contos confusos, mirabolantes e muito criativos, mas que no final nos deixam com aquela pulga atrás da orelha. Alguns me fazendo até duvidar da veracidade e da ficção embasada na história, de tão real e crível que pareciam. Além, é claro, de se tratar de uma leitura relativamente rápida já que os contos são curtos e rápidos de se ler.

Por isso, Creepypastas é uma antologia que eu gosto muito e que me fará ler com alegria o próximo volume. Também por isso é uma antologia que sinto muito orgulho de fazer parte, dividindo essas situações bizarras com os outros autores e os leitores – sim, tem um conto meu nessa beleza de livro!

Para quem viveu nos anos 90 e presenciou certas semelhanças, irá ainda sentir o ar nostálgico da antologia. Mas para quem não viveu, não se preocupe, pois a ambientação de todos os contos conseguirá te deixar imerso e arrepiado, atiçando assim o seu pior medo.


“Mas é fato que, por uma curiosidade mórbida de um bando de roqueiros jogadores de RPG, uma seita haitiana de zumbis escravos deixou de entrar no Brasil nos anos 90.”


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