Literatura

Resenha: “Eu Vejo Kate 2” – Cláudia Lemes

Será que eu já falei hoje por aqui que a Cláudia Lemes é uma das minhas autoras contemporâneas preferidas? Se não, saibam que com a leitura de Eu Vejo Kate 2 eu tive ainda mais essa confirmação.

Independente de quantas vezes isso for dito, só afirma mais ainda o quanto eu gosto de suas obras. A escrita da Cláudia é crua, detalhista e sem pudor, não tendo dó do sofrimento que causará nos leitores; suas histórias são intensas, cheias de camadas e com personagens verdadeiros que erram, não aprendem e erram de novo.

Por isso a duologia Eu Vejo Kate é ideal para fãs de thriller, independente se você só começou a ler o gênero agora ou se já é formiguinha desses livros. Eu Vejo Kate irá te surpreender e te deixar órfão ao mesmo tempo.

⚠ Esse post contém spoilers do primeiro livro, Eu Vejo Kate. Leia-o por sua conta e risco. ⚠

Leia também: Eu Vejo Kate, de Cláudia Lemes

“(…) A verdade só assusta alguém que nunca olhou um serial killer nos olhos. A verdade não assusta mulheres como eu e você.”

Título: Eu Vejo Kate 2
A Lua do Assassino
Eu Vejo Kate #2

Autora: Cláudia Lemes
Quantidade de páginas: 280
Publicação Independente
Gênero:
 Ficção / Suspense e Mistério / Romance Policial / Crime
Ano: 2019
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Minha classificação: ★★★★★ (5/5)

O que resta depois do trauma?

5 anos se passaram após a tragédia de tortura e estupro vivida por Kate nas mãos de seu sobrinho Morris e cunhado Roman. Atualmente Kate e Ryan estão separados, mesmo que seus corações digam o contrário, agora estando ligados apenas pelo filho, o pequeno Jack.

Kate nunca superou o que viveu naquele dia, naquelas horas intermináveis de tortura e agonia, nas mãos de seus algozes. Ela tenta a todo custo proteger Jack, mesmo que isso faça dela uma mãe extremamente protetora e às vezes até mesmo paranoica. Porém essa pseudo segurança começa a ser abalada quando ela descobre da pior maneira possível que Morris foi solto do hospital psiquiátrico e que, independente do que fez emocionalmente e fisicamente com ela, ele ainda quer ter um contato com a tia que ama.

Como se proteger? O que fazer? Que diabos esse garoto pode querer de Kate e, o mais importante, como proteger a Jack? Será através desse jogo psicológico que a família Dwyer será destruída pela 2° vez, porém agora sendo de maneira ainda mais devastadora e doentia.

Trazendo agora a continuação e desfecho dos acontecimentos do primeiro livro, Cláudia Lemes se compromete a deixar a grande quantidade de cenas explícitas de assassinatos e estupros, aparecendo agora em menor medida, para aprofundar com intensidade no psicológico de Kate e na verdadeira definição do que é uma família.

Com isso podemos esperar um livro menos brutal visualmente, mas ainda mais intenso e apreensivo. Agora está na hora de sabermos o que acontece com a vítima após tais acontecimentos da tragédia e como ela consegue – ou não – retomar a uma vida. Uma história que nos deixa com um buraco no peito e um peso no estômago, difícil de ser digerida, mas necessária de ser lida e entendida.

TW: mesmo que o livro seja mais leve, na questão visual, do que o anterior, ainda há gatilhos de estupro e violência explícita. Tome cuidado ao lê-lo.


“Eu não quero ouvir vozes, não quero ter que responder perguntas, não quero ouvir palavras de conforto. Elas não existem. Palavras têm o poder de destruir, mas não de curar. Como escritora, pode parecer uma blasfêmia. Não dou a mínima.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Eu Vejo Kate 2 trabalha com o psicológico da protagonista – e do leitor – e nos destrói ainda mais por dentro ao trazer uma conclusão forte e sufocante.

Eu não estava preparada para o baque desse livro. Tendo amado o primeiro, esperava uma continuação – e conclusão – que também fosse me agradar, e não foi diferente. Eu gostei, eu amei, eu chorei. Eu surtei do início ao fim.

Dessa vez, diferente do primeiro que é pesado, intenso e bastante descritivo, as imagens fortes de assassinatos não ficam em primeiro plano, por mais que aconteçam. Ao meu ver, esse livro foca muito mais no psicológico da Kate, no seu amor pelo filho, na maternidade, nas dificuldades e no amor entre a família. É sobre o que sobrou da Kate após tudo aquilo que ela viveu; é sobre os seus traumas, as suas inseguranças, os seus medos; é sobre o passado que não a deixa viver, não a deixa respirar, não a deixa superar. É sobre culpa, solidão e, posteriormente, liberdade. É tudo sobre a Kate e sobre o que ela fará para superar os abusos e as agressões e se ainda há esperança para isso.

Confesso que no início eu esperei por algo ainda mais forte e chocante do que o primeiro, mas gostei que o livro não foi por esse caminho e se inovou ao trazer a parte de dentro da mente e das angústias de Kate. Gostei como terminou e se fechou esse ciclo para ela. Tanto é que me emocionei (e chorei!) logo no final, nas duas últimas páginas, com uma passagem em específica, muito bonita, que me tocou de um jeito inexplicável.

É incrível o que a Cláudia faz com as palavras e eu só tenho que admira-la. Mesmo que essa duologia não seja recomendada para todo mundo, são livros que devem ser lidos por todo mundo. Com um final agridoce, mas que traz o resultado de todo um ótimo desenvolvimento e suas respectivas consequências, Eu Vejo Kate 2, ao lado do primeiro, tem destaque entre os melhores thrillers que eu já li e com certeza também terá entre os seus favoritos.


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