Literatura

Resenha: “Scientia Sanguinis” – J.C. Gray

Scientia Sanguinis traz um embate que sempre desejamos ver dentro da Literatura: nazistas contra vampiros. Essa ideia por si só já me chamaria a atenção, mas saber que é um livro da J.C. Gray fez com que as minhas expectativas aumentassem ainda mais.

Conheci a autora através de seu livro Inimigos Mortais, onde podemos presenciar um confronto entre vampiros e lobisomens, e adorei o que encontrei nele. Com uma protagonista forte e que não tem medo de sujar as mãos, Inimigos Mortais me conquistou do início ao fim, assim como também aconteceu com a leitura de Scientia Sanguinis.

Leia também: Inimigos Mortais, de J.C. Gray

Título: Scientia Sanguinis
Autora: J.C. Gray
Publicação Independente
Gênero:
 Ficção / Literatura Nacional / Fantasia
Ano: 2021
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Minha classificação: ★★★★ (4/5)

Nazistas vs Vampiros:
quem ganha esta guerra?

Um dos cirurgiões mais renomados da Alemanha, Sieger Strauss, está caminhando em direção ao futuro que sempre almejou. Agora, trabalhando dentro de Auschiwitz-Bikernau, Strauss se vê diante de uma grande oportunidade ao ser designado pessoalmente por Josef Mengele para a criação do projeto D-IX, que consiste em transformar e aumentar a força e resistência dos soldados.

Contrapondo aos ideais de nosso protagonista e da grande maioria das forças alemães, há o Dr. Normann Kiel. O psiquiatra também é levado para trabalhar no campo de Auschiwitz-Bikernau, mas, ao contrário de Strauss, Kiel abomina o tratamento e a maldade ao que os judeus são expostos, tendo assim um pensamento totalmente diferente de seu companheiro de quarto.

Ao entrar na mente desses dois opostos, a autora J.C Gray nos encaminha para um futuro incerto, delicado e sangrento, principalmente quando os vampiros começam a interferir diretamente nesta guerra, fazendo parte do lado da Resistência.

Assim, alguns questionamentos rondam nossa mente durante toda a leitura: qual lado irá ganhar essa guerra, nazistas ou vampiros? O projeto D-IX dará certo? E se der, quais serão as consequências para os soldados? E outra, será possível a criação de um vampiro em laboratório? Com muito sangue, cenas indigestas e momentos de dor e sofrimento, em Scientia Sanguinis cada pergunta é respondida na hora certa, deixando o leitor cada vez mais ávido pelas respostas – e também pela aparição dos vampiros.


“O estrago que isso poderia fazer no mundo… homens lutando dia e noite, sem descanso e sem consciência. Não seriam soldados. Seriam monstros.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

A narrativa de Scientia Sanguinis é feita para incomodar e informar, mas também para nos levar para uma realidade onde toda a fantasia é possível

Scientia Sanguinis foi uma leitura lenta, devagar. Isso porque a temática da obra, com toda a sua ambientação durante a 2° Guerra Mundial e dentro de campos de concentração, traz uma atmosfera mais pesada, densa, que automaticamente nos puxa para baixo e nos leva para um caminho tortuoso. A própria autora disse que escolheu mostrar a realidade daquela época em respeito as vítimas, e por isso não podemos negar que cada um desses momentos é chocante e desesperador.

Mesmo eu estando acostumada com esse tipo de leitura mais pesada, tive que respirar entre um capítulo e outro, principalmente porque o nosso protagonista está do lado dos vilões que tanto odiamos na vida real e que torna, muitas das vezes, a narrativa intragável. Seus pensamentos são detestáveis, sua conduta é nojenta, e isso faz com que não tenhamos nenhuma afinidade com Sieger Strauss ou qualquer resquício de carinho ou respeito.

Entretanto, exatamente por conta dessa mente mesquinha e asquerosa, Strauss torna-se um personagem que queremos e precisamos acompanhar. Queremos saber se o experimento dará certo; se o seu desejo por ascensão dará resultados; e, talvez o que mais me instigou, precisamos ver se a sua força intelectual resistirá ao descobrir a verdade sobre o mito do vampiro. Nós precisamos disso tudo e por isso não conseguimos largar a leitura, mesmo em momentos que aquilo que mais queremos é ficar longe desse personagem odioso.

Outra coisa, a sacada de termos um personagem como o Dr. Normann Kiel para nos trazer um pedaço de esperança na humanidade é genial, porque ao menos temos um personagem para criarmos um laço mais íntimo e carinhoso. Chega a ser impossível não sentir empatia por Kiel e querer abraçá-lo ou colocá-lo em um potinho. Com toda a certeza ele se tornou um dos meus personagens preferidos das obras da autora.

Com isso, é importante alertar que Scientia Sanguinis é um livro violento, chocante em muitas partes, mas, ao mesmo tempo, extremamente encantador. Para quem gosta de histórias que retratam a 2° Guerra Mundial e também para aqueles que adoram o mito da criatura da noite, este livro é mais do recomendado, eu diria que é basicamente obrigatório.


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