Literatura

Resenha: “Dezessete Mortos” – Nikelen Witter

Esse ano, Dezessete Mortos venceu o Prêmio Açorianos de Literatura, na categoria Contos, o que foi mais do que merecido. Por conta disso, fiquei curiosa para saber o porquê de ter ganho o prêmio e se tais contos também iriam me agradar.

Confesso que a capa nunca me chamou muito a atenção e até pouco tempo eu nem suspeitava que o livro se trata-se de histórias de terror. Mas após ter ciência de seu gênero, fiquei ávida para conhecer mais uma autora nacional nesse meio – e spoiler da minha experiência: eu amei!

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Título: Dezessete Mortos
Autora: Nikelen Witter
Quantidade de páginas: 80
AVEC Editora
Gênero:
 Ficção / Fantasia / Horror
Ano: 2020
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Minha classificação: ★★★★ (4,5/5)

Uma coletânea de terror para revirar o estômago – e se apaixonar!

Contendo sete contos de terror, a coletânea Dezessete Mortos traz histórias com ambientação no Sul do Brasil, demonstrando costumes antigos e atuais e também descrevendo com beleza e precisão os locais. A coletânea versa em narrações mais sombrias e outras mais fantasiosas, mas sempre prezando pela surpresa e choque final dos desfechos.

Logo no início, com Dezessete Mortos – conto que dá título ao livro -, conhecemos a vida sofrida de Eulália e sua tristeza por ter perdido os filhos para a guerra. Ao contrário do que podem pensar, a mulher culpa o Coronel pela morte de seus meninos e em busca de vingança procura pelos trabalhos da velha negra Maria.

No segundo, Passando pelo Rincão dos Infernos em Direção ao Passo das Enforcadas, há dois amigos que, perdidos a noite na estrada, precisam de um lugar para descansar já que a gasolina do carro acabou. O final foge de tudo que o leitor possa imaginar e desperta aquele arrepio na espinha. Já em Embornal dos Olhos, a autora brinca com uma possível veracidade de uma lenda brasileira.

Em Excertos do Livro de Judite iremos conhecer a história da garota do título, uma menina pobre, mas muito bonita que através de sua beleza – e insistência de sua mãe – conseguiu ir ao baile dos ricos da cidade. Mas, claro, não sem trazer consequências para todos que estavam no evento. O próximo, O Terror dos teus Inimigos, terá o oficial Chico Pedro como protagonista e uma proposta quase irrecusável – e extremamente tentadora – para ele.

Os dois últimos são Ipifânio e Imagem Inversa. No primeiro será narrado a história triste de Ipifânio e a inutilidade da protagonista em meio a tragédias; já no segundo, temos a Marielena, uma policial que tem uma condição um pouco diferente: há momentos em sua vida em que ela sofre por conta da sua visão que enxerga tudo ao inverso. Entretanto, para o seu chefe essa condição poderá ser de grande ajuda no próximo caso de assassinato.

TW: Cuidado, pois há gatilhos de violência e abuso infantil! Caso esses tipos de descrições lhe façam mal de alguma forma, sugiro que não arrisque a leitura. Lembrando também que é um livro +18 com cenas sexuais.


“Não, não é na doença que se conhece um macho, é como se sai dela. Doença afrouxa qualquer um. Talvez, afrouxe ainda mais os machos porque é quando eles ficam sob o domínio total das mulheres.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Dezessete Mortos surpreende o leitor ao trazer um terror descritivo e assertivo em suas revelações

Caramba! Que coletânea boa! Sabemos que em livros de contos é comum que nem todos nos agradem, então quando encontro um que fico satisfeita com todas as histórias fico muito feliz.

Nesse caso, em alguns contos senti a narrativa mais arrastada, quase me perdendo, isso muito também por causa da escrita que era mais rebuscada por conta da época que a história se passava e também por conta da quantidade de detalhes, mas a parte final sempre me surpreendia. Não importava se o início e o meio foram arrastados, o desfecho sempre compensava e me deixava chocada, assustada e ansiosa por mais.

Logo no primeiro conto, que provavelmente é o meu preferido, eu fiquei instigada para continuar a ler a coletânea e agora me sinto muito feliz e realizada de ter dado uma chance para a autora. Sinto até que ela pode entrar facilmente entre minhas autoras nacionais preferidas, inclusive no gênero terror.

A autora sabe como brincar com a mente do leitor, sabe como aguçar nossa curiosidade ao máximo e, ainda, superar nossas expectativas com desfechos e frases finais que arrepiam e estão longe de serem adivinhadas/imaginadas. Devorei o livro e não me arrependo. Agora, me resta indicá-lo para todos que gostam do gênero e aproveitar para degustar as próximas obras da autora.


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