Literatura

Resenha: “Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror” – Robin R. Means Coleman

Horror Noire é um estudo detalhado e cuidadoso de Robin R. Means Coleman. Nele, observamos que a representatividade negra nem sempre se mostrou como algo positivo, já que muitas vezes – e, infelizmente, até hoje – o personagem interpretado por uma pessoa negra era repleto de estereótipo negativo e problemático.

Isso quando realmente havia uma pessoa negra interpretando um personagem negro, já que o artifício desrespeitoso do black face foi bastante utilizado em décadas passadas. Com isso, e através de fotos, temos o deslumbre de uma possível evolução na representatividade negra no meio do terror, mas também do seu estancamento e, às vezes, recuo.

Por isso, é sempre importante nos questionarmos: será que atualmente a representatividade negra no cinema de terror é mais respeitável e adequada? E, além disso, é mais presente?

Reprodução: Biblioteca Pessoal

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Título: Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror
Autora: Robin R. Means Coleman
Quantidade de páginas: 464
Editora DarkSide Books
Gênero: Não-Ficção / Cinema
Ano: 2019
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Minha classificação: ★★★★ (4,5/5)

A Representação Negra no Cinema de Terror

Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror é um livro de não-ficção que nos ambienta desde o fim do século XIX até os anos 2000 ao longo de uma narrativa que explora a representação negra, a falta dela e até mesmo a forma indevida de sua utilização nos filmes de terror.

Separado por décadas, o livro nos mostra os filmes mais impactantes e importantes para o gênero e seus subgêneros, de acordo com a época em que fizeram sucesso. Aqui temos uma escrita e pesquisa poderosas que nos transportam para dentro daquelas palavras de maneira forte e visceral, tanto para dentro da produção e história por trás de cada filme como também para dentro da própria década, de seus problemas e dificuldades e de como a sociedade se portava.

Com isso, Horror Noire escancara as problemáticas, os estereótipos e os preconceitos de filmes desconhecidos por alguns, mas também de famosos e queridinhos do público. Há a atenção pela falta de atores negros nos filmes, a inserção do problemático black face e como os movimentos raciais influenciaram os filmes negros de terror.


“Filmes de terror “com negros” lidam com a população negra e a negritude no contexto do terror, ainda que o filme de terror não seja completamente ou substancialmente focado em um ou outro. Contudo, esses filmes possuem um poder discursivo particular em seu tratamento da negritude. (…) Filmes negros de terror são constituídos por muitos dos mesmos indicadores dos filmes de terror, como a perturbação, monstruosidades e medo. Contudo, filmes negros de terror são filmes “raciais” na maioria das vezes. O que significa que possuem um foco narrativo adicional que chama a atenção para a identidade racial, nesse caso, a negritude – cultura negra, história, ideologias, experiências, políticas, linguagem, humor, estética, estilo, música e coisas do tipo.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Horror Noire é um livro repleto de aprendizado, conhecimento e informação

Digo isso, pois a grande maioria do que foi me dito aqui era desconhecida por mim. É claro que nós sempre percebemos as formas de discriminações mais escancaradas, mais claras, seja em filmes, livros, séries, ou qualquer outra mídia. Mas também cabe a nós tentarmos pegar as nuances, ficar de olho nos detalhes e até mesmo na falta deles, e posso dizer que, infelizmente, houve muitos momentos que deixei isso passar e sei que você também.

O livro é um belo trabalho de uma pesquisa excelente que nos enche os olhos d’água de tamanha informações e conteúdo. Eu fiquei cada vez mais ávida para saber mais, para conhecer mais filmes e para entender melhor cada problemática apresentada ali, seja por falta de representação ou pela representação problemática e indevida (que mais atrapalha do que ajuda).

Um grande exemplo disso é a questão do Blaxploitation que trouxe as ideologias do movimento Black Power e dominou o sistema cinematográfico feito por negros e para negros. Mas que também não ficou longe de questões problemáticas, já que a representação da mulher causava um estereótipo negativo nessas personagens (até mesmo mais idealizador de uma mulher). E eu admito que não sabia dessa dualidade nesse movimento cinematográfico, já que o conhecia apenas superficialmente.

Outra questão que também é retratada no livro e que me chamou bastante atenção foi a de como o Hip Hop repercutiu positivamente nos filmes de terror, inclusive por conta de rappers que produziam e atuavam em seus filmes, assim como também a chegada de personagens negros dos quadrinhos.


Reprodução: Biblioteca Pessoal

“(…) Mesmo sendo difícil, ele [Peele] estava ciente de que nós poderíamos ser mais e fazer mais em um gênero que havia esquecido a voz negra por tanto tempo.”

O único ponto que não me agradou (e me travou logo no início da leitura) foi a quantidade de introduções desnecessárias e cansativas. Ao meu ver, apenas uma ou duas já seria o suficiente, pois muito do que há nas introduções nós já encontramos no próprio enredo do livro. Isso fez com que eu deixasse o livro de lado por várias semanas, me travando.

Porém, depois que isso passou e eu comecei a adentrar em cada década, a leitura fluiu muito bem e me deixou ansiosa para sempre querer ir para o próximo capítulo. Eu desejava que a minha hora de leitura chegasse logo e, ao final do livro, eu li os três últimos capítulos de uma tacada só, de tão interessante que tudo aquilo estava.

Inclusive, não é necessário que você já tenha assistido aos filmes citados, pois eles têm seus enredos detalhados e isso faz com que você sinta que já os conhece intimamente. Mas isso é bom, pois ao final da leitura você estará, assim como eu, recheado de dicas de novos filmes, principalmente agora que você terá um novo olhar sobre cada um.

Horror Noire é um livro completo que nos abre os olhos para detalhes que devemos prestar atenção e que devemos lutar para mudar; é uma obra de cunho importantíssimo e essencial para todos os fãs de terror, principalmente para aqueles que, assim como eu, tem uma paixão pelo gênero que transcende as telas e as histórias, mas que também perpassa pela criação e seus criadores.

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