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Eu joguei: Life Is Strange 2

Life Is Strange 2 é um jogo de narrativa interativa, onde somos nós que escolhemos as ações do personagem principal e, consequentemente, definimos o seu destino. Nele, iremos conviver com Sean Diaz, um adolescente com descendência mexicana que é obrigado a fugir quando seu pai e um policial são mortos na sua frente.

Essa fuga se dá porque seu irmão mais novo, Daniel, é o culpado pela morte do policial, uma vez que poderes psíquicos se manifestaram na criança quando ela viu o policial atirar em seu pai. Com isso, os irmãos têm que encontrar o seu próprio caminho em um percurso cheio de descobertas, frustrações, medos e xenofobia.

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Reprodução: Google

Irmandade, sexualidade e xenofobia

Irmandade, sexualidade e xenofobia são temas bastante presentes no jogo, mesmo que não sejam os únicos. É visível que ter irmãos não é nada fácil. A irmandade é complicada, cheia de brigas e desentendimentos, mas também é muito bonita, pois tem muita união e amor. Isso é extremamente transparente na história e na relação entre Sean e Daniel, já que nem sempre é um mar de rosas, mas, ao mesmo tempo, também ensina e define cada um deles.

Indo além dessa irmandade, há a descoberta da sexualidade. Sean é apenas um adolescente quando começa a sua fuga, então é notável como as relações pessoais são construídas aos poucos, o quanto ele tem dificuldade em confiar em alguém e, bem ali, como ele vai descobrindo mais de si, tanto no aspecto social como também no mais íntimo, sexual. Ele tem experiências, se envolve com pessoas e se permite sentir certas sensações, mesmo que momentâneas.

No jogo você tem dois possíveis interesses amorosos: Finn ou Cassidy. Ou seja, você terá liberdade para escolher a sexualidade do personagem, o que pode criar um laço ainda mais forte de intimidade e cumplicidade entre você e Sean. Eu me apaixonei pela Cassidy desde o começo, então confesso que me aproximei mais dela.

Porém nem só de sentimentos bons se sustenta o jogo. Os irmãos Diaz são descendentes de mexicanos, o que causa momentos (alguns desesperadores e angustiantes) de xenofobia de americanos contra latinos. Tem duas cenas em particular que isso é feito de maneira brutal, mas infelizmente tão verdadeira, que cortou o meu coração (uma envolve uma surra e a outra um tiro).

Inclusive, eu desconfio que aquele policial lá do início, o que atirou nos pais dos meninos, era um profissional totalmente despreparado e possivelmente xenofóbico, mas essa questão é apenas uma opinião pessoal, nada é realmente explícito nessa cena.

Reprodução: Google

O peso de um adolescente ter as responsabilidades de um adulto

Sean Diaz deve ter, em média, dezesseis anos. Antes dessa loucura acontecer e de ser obrigado a viver como um andarilho com seu irmão, ele era apenas um adolescente vivendo uma vida habitual, indo a festas com sua melhor amiga, tentando conversar com a garota que gostava e adorando ouvir música e desenhar.

Porém não dá para ser apenas um adolescente quando você precisa cuidar de uma criança, zelar pela sua proteção e ainda procurar por comida, água e um lugar para dormir. Por conta disso, ele tem um peso muito grande nas costas, uma responsabilidade que não deveria ser dele e isso vai consumindo-o, tornando sua prioridade acima de tudo.

Confesso que no início foi difícil entender suas motivações, mas depois da metade do jogo eu comecei a entender o personagem e gostar dele, torcer por ele; eu me apeguei de um jeito tão intenso ao Sean. Em muitos momentos eu queria apenas protegê-lo, já que ele fazia isso pelo Daniel e esquecia de si.

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Reprodução: Google

Sobre não pertencer a nenhum lugar

Sean e Daniel estão sempre fugindo, esse é o destino deles durante todo o jogo. Nesse caminho, eles conhecem pessoas inspiradoras e que, de alguma forma, se tornam parte essencial da caminhada e da vida deles.

Mas, mesmo assim, ainda há o sentimento de não pertencimento, de não se encaixar em nenhum lugar, de não ter um lar. Os irmãos foram abandonados pela mãe quando eram pequenos, então o abandono materno também é algo bastante discutido e presente na vida dos dois, pois há esse vazio, essa sensação de não terem sido o suficiente para a mãe querer ficar.

E é contrapondo a essa sensação de abandono que um assunto surge entre os episódios do jogo: o fato de não conseguirmos aproveitar tempo suficiente com aqueles que amamos. Eles perderam a mãe, o pai, os avós, os amigos e até um cachorrinho. Por que não conseguimos desfrutar de momentos tão especiais por mais tempo? Por que as pessoas são tiradas de nós quando menos esperamos?


Reprodução: Google

Os irmãos Diaz são como lobos…

Life Is Strange 2 me travou um pouco no começo, pois não temos aqui nem a Max e nem a Chloe, duas preciosidades minhas. Mas confesso que ao terminar eu percebi que havia amado o jogo e ainda chorei com o meu final que me tocou muito e me fez refletir sobre toda a jornada dos irmãos (sério, eu chorei o meu desfecho inteiro depois da minha decisão final e foi de soluçar).

Isso muito se deve as minhas escolhas durante essa jornada. Então acredito que não teria nenhum final mais adequado daquele que aconteceu. O importante é que: eu senti que o Sean finalmente havia se libertado de toda as responsabilidades impostas a si mesmo e que, finalmente, o Daniel pode construir uma vida, mesmo que longe do irmão por um período.

Acredito que por isso também é importante citar que o Sean que eu escolhi ser foi o adolescente que escutava as pessoas, tentava entender suas ações. Com isso eu descobri a importância de escutar a versão das outras pessoas, seus motivos, suas histórias; descobri que o apoio vem de quem menos esperamos e que o nosso futuro está recheado de pessoas incríveis que ainda vamos conhecer pelo caminho.

Assim como a Max tinha relação com cervos e a Max com corvos, os irmãos Diaz têm com lobos. E acho que essa ligação pode ser facilmente explicada e entendida porque eles realmente eram irmãos lobos: cuidadosos, protetores e em busca de um lar que não fosse apenas temporário.

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Reprodução: Google

Life Is Strange 2:
emocionante, com debates precisos e importantes

Para finalizar, eu só gostaria de dizer que Life Is Strange 2 superou as minhas expectativas, e por isso estou com muita vontade de conhecer as personagens de Life Is Strange 3 e para saber como as histórias irão se conectar nesse novo – e até então último – jogo da franquia.

Em Life Is Strange 2 há uma menção a Chloe, mostrando assim que os dois jogos se passam no mesmo universo e em tempos próximos. Esse foi outro momento que eu chorei muito, pois a minha escolha final do primeiro game foi salvar Arcadia Bay, ou seja, aqui, seguindo as minhas decisões, há uma Chloe já morta e assassinada enquanto a cidade continua em plena prosperidade.

Outro ponto: eu citei aqui nessa resenha apenas alguns pontos que são debatidos no jogo, mas, com toda a certeza, você pode absorver outras coisas além do que falei. Por exemplo, há um episódio inteiro dedicado ao debate do que é o fanatismo religioso e como isso pode resultar em caos e insanidade, uma cegueira prejudicial.

Ademais, Life Is Strange 2 é emocionante, com debates precisos e importantes. O game consegue, mais uma vez, fazer com que nos conectemos com os personagens, que nos importemos com suas vidas e com que desejemos que encontrem a felicidade, um lar e, enfim, a paz.


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1 thought on “Eu joguei: Life Is Strange 2”

  1. Eu achei SENSACIONAL. E muita coisa que você relatou da vida do adolescente, eu também passei – como ter responsabilidades de adulto muito cedo. Por isso vivi uma adolescência tardia. Pelo que você escreveu, parece ter uma carga emocional muito forte. Eu nunca joguei, mas agora deu vontade 😅

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