Eu nunca havia lido nada sobre o rei de amarelo, sendo Carcosa: Contos do Rei de Amarelo minha primeira experiência. Mas, assim como os demais fãs de terror, já tinha ouvido uma coisa aqui e ali, como por exemplo na 1° temporada de True Detective que tem uma base nessa história. Não havia lido nada, mas a curiosidade sempre foi grande, pois eu adoro histórias que envolvam a loucura humana, a insanidade, a perda do equilíbrio mental.

Pra mim, tem algo de fascinante na proposta de alguém que não pode mais confiar em sua própria mente e em seus pensamentos, em alguém que perde o controle de si mesmo. Gosto disso, principalmente por ser tão crível, tão fácil de acontecer com qualquer um de nós.

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E se você ficasse louco ao ler um livro?

Porém, a curiosidade e o desejo são tão intensos que é impossível não se render ao fascínio das páginas d’O Rei de Amarelo, independente de quantos relatos de insanidade existam ou possam existir.

Escritos pelos autores clássicos e já conhecidos Edgar Allan Poe, Ambrose Bierce, Robert Chambers e H.P. Lovecraft, os 9 contos que temos nesta coletânea versam exatamente sobre esse mito da literatura e como o contato com tais páginas pode ser o fim para muitos. Aqui, as narrações intercalam entre curtas e longas, mas sempre com foco na paranoia, medo, aflição, curiosidade e, por mim, tragédia.

A coletânea tem sua abertura com A Máscara da Morte Vermelha, uma história que tem similaridades assustadoras com a pandemia, incluindo o aspecto da doença, o descuido das autoridades e as festas clandestinas. Seguimos por Um Habitante de Carcosa que é uma nova visão sobre a pós vida, porém de uma forma mais sombria, solitária e angustiante.

Em seguida, Haita, O Pastor parece um pouco confuso à primeira vista, mas é melancólico e traz uma reflexão sobre o que é felicidade. Logo depois, temos um pedaço do poema de O Rei de Amarelo, apenas um gostinho das páginas imaculadas. Seguindo por O Reparador de Reputações, um conto longo – e às vezes confuso -, mas que traz um desfecho que te faz duvidar sobre a veracidade daquele relato.

Os quatro últimos contos são: A Máscara, que aguça a curiosidade do leitor; No Adro do Dragão, que tem o propósito de deixar o leitor tão louco, paranoico e vulnerável quanto o personagem; O Signo Amarelo, com um final em aberto devastador; e Um Sussurro nas Trevas, mais uma obra prima do mestre do horror cósmico.

“O mundo externo que tomasse conta de si mesmo. (…) Pois lá fora estava a “Morte Vermelha”.”

Carcosa: Contos do Rei de Amarelo é uma leitura difícil, mas que vale a pena insistir

Nessa coletânea encontrei contos um pouco confusos, mas que pareciam ter essa proposta exatamente para nos deixar tão paranoicos e vulneráveis quanto os protagonistas. Também encontrei contos e trechos mais melancólicos que abordavam o sentido da felicidade, ou a angústia da pós vida. Encontrei, em suma, contos com visões assustadoras, mas também poéticas, principalmente quando havia questões sociais que tanto se aproximavam com a nossa realidade atual.

Porém, por serem autores clássicos e histórias criadas há muito, a escrita nem sempre flui bem. Muitas vezes tive dificuldade pra entender trechos completos porque a escrita difícil quebrava o meu fluxo de leitura e com isso a minha cabeça ia pra bem longe, perdendo o foco. Mas nem por isso pensei em desistir. Forcei a leitura e me sinto grata por isso, pois, de alguma forma, gostei e aproveitei todos os contos.

No fim, foi uma leitura que supriu as minhas expectativas e me deixou com ainda mais vontade de mergulhar no mundo do rei de amarelo. Desfrutei cada momento e me permiti enlouquecer em cada conto. Para os fãs do gênero, Carcosa: Contos do Rei de Amarelo é quase uma leitura obrigatória, perfeita para ser estudada, lida e sentida (e um pouco amaldiçoada também).

Mas me diz, você já conhecia a história do Rei de Amarelo? Ficou curiosa para perder um pouco da sua sanidade também? 💬

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